Trabalhadoras contam como conciliam maternidade e comércio
Written by Redação on 11 de maio de 2025
Conciliar o trabalho, a vida familiar e o cuidado com os filhos é uma realidade de centenas de brasileiras. No centro comercial de Belém, é possível encontrar relatos dessas mães que precisam renunciar um tempo com os filhos para se dedicarem ao emprego. Às vésperas do Dia das Mães, a prova de amor dessas mulheres significa fazer uma jornada exaustiva, direcionada para garantir a escola, a roupa e as necessidades dos pequenos.
Nalda Lima, 44 anos, é uma dessas mulheres. Ela trabalha como caixa em uma loja do comércio e tem duas filhas, uma de 27 e outra de 29 anos. “Quando comecei, eu tinha horário para entrar, mas não tinha hora para sair. Quando eu chegava em casa, elas já estavam dormindo. Tive ajuda dos meus pais e primos, mas foi bem difícil. Ou eu tinha que trabalhar, ou cuidar delas”, relata. A carga horária de trabalho fez com que ela deixasse de participar de momentos importantes, como os eventos na escola. Mas o esforço não passou despercebido. “Minhas filhas terminaram os estudos e, pelo que elas falam de mim, dizem que sou um espelho e têm muito orgulho de mim, inclusive já sou avó”.
Leia mais:
- A maternidade atípica: conheça histórias de amor e superação
- O inesquecível momento do primeiro contato entre mãe e bebê
História semelhante tem Thamiris Carvalho, 37, mãe de dois meninos. Ela sai de casa às 7h30 e só retorna às 19h15, quando consegue abraçar os pequenos de 6 e 8 anos. “Um deles brinca e fala: mãe, a senhora vai morar no trabalho? Trabalhar no comércio não é fácil, a gente abre mão de muitas coisas, mas é preciso trabalhar para sustentar a família”, pontua. Aos domingos, dia em que a loja não funciona, é o momento que ela e os filhos têm juntos. “Para mim é sagrado, domingo é um privilégio. Vamos ao culto na igreja, passeamos e tiramos esse dia para ter os nossos momentos juntos. Agradeço a Deus pelo privilégio de ser mãe. É um amor incomparável, mudou totalmente a minha vida”.
Já Eliane Batista, 41, tem a oportunidade de trabalhar com a filha Sterfany Miranda, 21, na mesma loja. O dia a dia mistura a maternidade e o compromisso em garantir o bom andamento das vendas. “Um dia desses, umas das meninas da loja teve um desentendimento com minha filha. Olhei sério, fiquei incomodada e disse para não mexer com meu bebê”, brincou a vendedora. “Tenho sempre a companhia dela para ir, voltar e conversar. No dia das mães, eu e ela vamos nos presentear e já estamos escolhendo os presentes aqui na loja”, diz Sterfany, que também é mãe de um menino de 1 ano.
Quer ler mais notícias do Pará? Acesse o nosso canal no WhatsApp!
Eliane conta sobre um detalhe importante no dia a dia de muitas famílias e dá um puxão de orelha: “o homem quando chega em casa quer jantar e ver a casa limpa, mas as mães, não. Temos que arrumar o uniforme, limpar e ainda fazer a janta”. Essa realidade é expressa em números. Segundo o Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística, as mulheres que trabalham fora de casa dedicam quase 80% a mais do seu tempo do que os homens com afazeres domésticos.
Porém, a gratificação por esforço vem de forma simples. “A minha filha de 4 anos sempre me beija e diz que ama. Isso é ótimo, saber que tem alguém que te ama. Existe ex-marido, mas não existe ex-filho, não importa o que aconteça. Não tem idade para ser mãe, basta ter responsabilidade”, disse, emocionada.
Receber o cuidado e o amor de mãe não têm idade. A vendedora Kelly Leão, 42, por exemplo, é mãe de uma menina de 21 anos. Nos primeiros anos de criação, o suporte da família, especialmente da avó, foi fundamental. “Minha mãe é uma guerreira que me ajudou muito. Quando ela fala, eu me calo, respeito e acolho o que ela diz. Até hoje ela zela e cuida da minha filha”.
O laço de amor eterno entre mãe e filhos não reconhece quantidade ou dificuldade. Simone de Nazaré, 52, é mãe de 7 filhos, com idades entre 37 e 18 anos. Há mais de 35 anos, ela tem uma barraca de vendas de roupas no centro comercial de Belém, de onde tirou o sustento para cuidar de todos os filhos. “Uns trabalham aqui no comércio, outros moram longe, como a minha filha, que está se formando em Educação Física e dá aula em Parauapebas. Foi assim: eu me dividia até em três, mas sempre levava eles para praticar algum esporte”, brincou a autônoma.
“Já morei de aluguel, tive casa própria, enfrentei um incêndio onde perdi tudo, mas continuei firme. Hoje tenho um terreno onde vou reconstruir minha casa e sigo determinada”, conta a vendedora. Para o Dia das Mães, Simone deixa uma mensagem encorajadora: “o importante é não desistir. Às vezes é difícil, mas é preciso continuar a caminhar e confiar em Deus”, finalizou.