TBT lembra trotes, ligações e namoro pelos “orelhões”

Publicado em 15 de fevereiro de 2024

Quem nasceu a partir dos anos 2000 não deve lembrar muito bem, mas os orelhões já fizeram parte da vida da maioria das famílias. Quem não lembra, quando criança de passar algum trote? ou ficar testando por horas e horas um cartão que nem tinha mais crédito? os meios de comunicação evoluíram, mas sempre fica aquela lembrança gostosa de precisar se deslocar para falar com alguém. 

As ruas de Belém começaram a receber os primeiros telefones públicos, popularmente conhecidos como orelhões, ainda na década de 1970. Duas décadas depois de muitas ligações completadas com fichas, foi lançado o cartão telefônico. A invenção do engenheiro brasileiro Nelson Guilherme Bardini utilizava a tecnologia de indução e a leitura dos créditos disponíveis era feita por meio de eletricidade.

 
  

Os cartões eram encontrados em pontos de recarga, farmácias, banca de revistas e em vários outros lugares. Eles contavam também com séries especiais, seja de filmes famosos, novelas da época ou times de futebol. Tudo servia como oportunidade de negócios e publicidade. Teve gente que colecionava e até era trocado como figurinhas.

 
  

A professora Andreza Luana, de 23 anos, lembra muito bem de usar o orelhão em brincadeiras e acompanhar sua mãe, Luciana Rodrigues, 42,  para fazer recargas ou comprar os cartões telefônicos em bares para falar com familiares no Conjunto Maguari, em Belém. Andreza revelou que a mãe fazia até “gambiarras” para ligar “de graça”.

“Antigamente ela usava as fichas que eram compradas em um local que lembro que era um bar. Depois que veio o cartão, ela comprava e já recarregava. Ela ligava pro meu pai que tinha telefone fixo em casa. Ela estava contanto aqui que depois descobriu como ligava de graça, fazia uma gambiarra”, disse aos risos. 

 

 
Trotes geravam tretas e já eram um perigo

Além das ligações, os orelhões eram conhecidos pelos famosos “trotes”, geralmente praticados por crianças e adolescentes que tinham um telefone próximo de casa. Sobre isso, a estudante de medicina veterinária Paola Gabrielly, de 24 anos, contou que costumava brincar com os primos e amigos na rua Osvaldo de Caldas Brito, no bairro do Jurunas. Justamente em frente à sua residência e na esquina com a rua travessa Carlos de Carvalho, haviam dois telefones públicos.

“Passar trote! (risos). Quando ligavam para querer falar com a gente, no da frente (da casa) e nós não atendíamos, eles ligavam lá para o da esquina, e o dono do bar (em frente ao telefone) vinha nos chamar em casa”, conta.

 
  

Orelhões ajudaram a perpetuar a espécie humana

Não é nenhum exagero afirmar que o telefone público ajudou a perpetuar a espécie humana, uma vez que o mesmo aproximava as pessoas. Namorar ou dar início a um relacionamento era muito comum com a ajuda dos orelhões. Ter uma ficha ou cartão podia garantir aquele “esquema” para o fim de semana. 
“2,3,4 cinco, meia, sete, oito” já dizia Gabriel, O Pensador:

Lei do uso e desuso para as orelhas, ops! os orelhões

Entre os anos de 2010 e 2012, os telefones públicos foram caindo em desuso. Hoje em dia, tornaram-se raridades e frequentemente são utilizados como objetos de decoração em ambientes, como forma de manter viva a lembrança de uma época única na vida de muitas famílias e no desenvolvimento das telecomunicações no país. Segundo a Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil), a receita líquida mensal por orelhão, que se estagnara desde 2005, sofreu uma queda de 80%, passando de R$ 44,60 para R$ 8,90 em apenas dois anos, entre 2010 e 2012.

Nesse período, o número de aparelhos celulares ultrapassava os 270 milhões em todo o Brasil. Um estudo do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGVcia) revela que são 1,2 smartphones por habitante, totalizando 249 milhões de celulares inteligentes em uso no Brasil, ou seja, mais de dois dispositivos por pessoa.

Por: Lucas Contente.

“Muanense de sangue marajoara e alma paraense! Contente é formado em Comunicação Social – Jornalismo pela Faculdade Estácio Fap e Repórter do DOL desde 2021. Apaixonado por esportes, do skate ao futebol, não dispensa de jeito algum um açaí com peixe frito e um belo banho de rio.”

Edição: Kleberson Santos


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