Sonia Braga é freira diabólica em “Primeira Profecia”. Veja!

Written by on 4 de abril de 2024

Demônios são figuras recorrentes no cinema, entrando e saindo de corpos com uma frequência que sugere sucesso comercial garantido. Mas no clássico “A Profecia”, o garotinho endemoniado que o protagoniza não está possuído –ele é a própria encarnação do mal.

Agora, 48 anos depois, “A Primeira Profecia” quer reviver a mitologia que cerca o filme enquanto surfa na popularidade do subgênero, mostrando as origens de Damien e como se deu o nascimento do filho do Diabo, um ato muito menos acidental do que pode parecer.

Assim, o filme que chega nesta semana aos cinemas emula o terror atmosférico dos anos 1960 e 1970, décadas de grandes como “O Bebê de Rosemary” e “O Exorcista”, ao mesmo tempo em que atualiza a história para um público mais ávido por sustos e sangue.

Prova disso é a refilmagem de uma das cenas mais icônicas de “A Profecia”, em que a babá de Damien interrompe uma festa ao se atirar do telhado da casa, com uma corda no pescoço, dizendo que aquele sacrifício era por ele. Em “A Primeira Profecia”, uma freira faz e diz as mesmas coisas, mas para aumentar a dose de violência, ela incendeia o próprio corpo antes.

“Quando você termina o primeiro filme, você fica com algumas perguntas, então existe espaço para ‘A Primeira Profecia’ existir. E é um filme com uma história por si só, ele poderia existir sem uma relação com ‘A Profecia’”, diz a atriz Nell Tiger Free, egressa de outra obra sem muitos pudores, “Game of Thrones”, em que viveu Myrcella Baratheon, filha da tirânica Cersei Lannister.

Sua protagonista é uma noviça que deixa os Estados Unidos para trabalhar num orfanato em Roma. Lá, vive sob a rígida disciplina de freiras que claramente guardam segredos, e não demora muito até ela descobrir quais são eles.

Em meio à queda de popularidade e ao encolhimento do número de fiéis, um grupo do alto escalão da Igreja Católica decide agir. Para eles, a única maneira de reaver a fé das pessoas é pelo medo. Elas precisam ter um motivo para recorrer a Deus, para acreditar que só o divino pode nos salvar de uma vida em danação.

Para isso, o grupo cria mulheres para gerarem o filho do Diabo, que uma vez entre nós, acredita, poderá ser manipulado em prol dos interesses escusos desse setor da Igreja. A tarefa se prova árdua, já que eles precisam de um filho homem e saudável, e que seja concebido num complicado ritual que evoca o próprio Tinhoso para possuir carnalmente a Virgem Maria às avessas.

É um terror que buscou se atualizar enquanto mantém o mesmo tom do original, embora “A Primeira Profecia” seja incomparável com “uma das joias da coroa dos filmes de terror”, diz Tiger Free.

Ela comemora ainda o fato de ter dividido boa parte de suas cenas com Sonia Braga, que está em destaque como uma das freiras que cuidam do orfanato. Mesmo assim, ela não embarcou na campanha de divulgação do filme, e não falou com a imprensa sobre o que é provavelmente um dos projetos mais comerciais da carreira.

O terror de “A Primeira Profecia”, porém, não fica confinado aos corredores assombrados do orfanato. Vemos a beleza monumental de uma Roma em ebulição política, os corpos suados da noite disco dos anos 1970 e as brincadeiras infantis das meninas criadas para serem noviças.

Há “jump scares”, isto é, momentos de susto, como se convencionou fazer de forma obsessiva no gênero nos últimos anos, mas o filme tenta ir além de um derivado falido, como aconteceu recentemente com os irmãos “O Exorcista: O Devoto” e “O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface”.

Tem influência o fato de a direção, aqui, estar nas mãos de uma mulher –é raro, em Hollywood, que elas assumam o comando de produções de terror. Arkasha Stevenson, ainda relativamente desconhecida, faz do filme um caminho para abordar temas bastante femininos, já que lida, de forma bastante direta, com sexualidade, consentimento e maternidade.

A PRIMEIRA PROFECIA

– Onde Nos cinemas

– Classificação 18 anos

– Elenco Nell Tiger Free, Sonia Braga e Bill Nigh

– Produção Estados Unidos, Itália, Reino Unido, 2024

– Direção Arkasha Stevenson


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