Semana do consumidor: dicas para se proteger de golpes financeiros

Written by on 16 de março de 2025

O cidadão brasileiro hoje em dia precisa fazer malabarismos para escapar de golpes financeiros, que tornaram-se onipresentes – estão nas ligações de telemarketing que se repetem várias vezes ao dia, em boletos avulsos enviados por e-mail, SMS, WhatsApp e até mesmo gerados juntos às instituições financeiras. A realidade é de uma parcela de 24% da população tendo sido vítima de fraudes online entre outubro de 2023 e agosto de 2024 (Instituto Datasenado).

Apesar de esta ser uma semana muito esperada, já que hoje é considerada a Black Friday do primeiro semestre, em função das muitas promoções realizadas em todos os setores do varejo, é também momento de reforçar que o consumidor tem para onde correr tanto no sentido de se manter informado para não cair em armadilhas como também para pedir ajuda depois de se descobrir vítima de alguma armação do tipo.

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Yuri Villanova, titular da Delegacia do Consumidor, vinculada à Polícia Civil do Estado do Pará (PCPA), reforça que o consumidor, a vítima, pode contar com uma rede de proteção, que envolve a Diretoria de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), a Defensoria Pública do Estado do Pará, o Ministério Público do Estado do Pará, e outros órgãos de fiscalização.

“Mas nos casos de golpes, de crimes, o ideal é que a vítima busque a Delegacia do Consumidor para que seja registrada a ocorrência e para que o crime seja apurado, até para confirmar se foi mesmo golpe ou não”, orienta a autoridade policial.

Sem citar números ou percentuais, o delegado confirma que a PCPA tem tido bons resultados na apuração da autoria do cometimento desses tipos de crimes, identificando o golpista, às vezes até mesmo em outros estados da federação, conseguindo prisões, busca e apreensão.

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Na sexta-feira, 14 de março, a Polícia Civil do Pará deflagrou a operação “Fraudes Digitais” para cumprir mandados de prisão temporária e de busca e apreensão contra investigados pela realização de operações financeiras fraudulentas. Os criminosos envolvidos causaram mais de R$ 600 mil em prejuízos às vítimas ao realizar empréstimos, saques e transferências bancárias de forma fraudulenta.

Porém, mesmo com a identificação e até prisão do(s) suspeito(s) segue sendo praticamente impossível a recuperação do dinheiro perdido.

“A grande dificuldade é mesmo de reaver valores, pela forma como é cometido o crime. O dinheiro que o golpista consegue retirar da vítima passa por várias contas, vários bancos, às vezes em outros estados é feito o saque”, justifica Yuri.

“Em nossas apurações e investigações, com todo esse protocolo, muitas vezes já sacaram o dinheiro, já deram destinação sem que a gente consiga apreender e devolver para a vítima”, explica.

O titular da Delegacia do Consumidor ressalta que, se o consumidor tem contato direto com o banco do qual é correntista, conhece bem as funcionalidades do aplicativo de internet banking da instituição financeira e busca ter um contato direto com o gerente de sua conta, sabe como funciona os protocolos, são mais chances de, no caso de um golpe aplicado, conseguir minimizar os danos.

“Um exemplo: os bancos possuem o Mecanismo Especial de Devolução (MED) para apuração de fraudes, que muitas das vezes evita que o golpista consiga sacar o dinheiro. Se a pessoa percebeu que caiu em um golpe e comunica imediatamente, a instituição financeira tem que congelar aquele dinheiro e fazer a apuração do indicativo de golpe/fraude”, informa.

“É muito eficaz, mas acontece muito de a pessoa só saber da existência disso depois que o golpe já foi aplicado. Por isso que o ideal é se informar antes para poder usar esse serviço a tempo”, recomenda o delegado.

No fim das contas, a melhor forma de evitar golpe é ter o máximo de atenção ao realizar transações financeiras, garante Vilanova. Quando houver necessidade de fazer um pagamento, o ideal é ficar atento a todos os detalhes.

“Por mais que haja complexidade e inventividade dos golpistas, é possível identificar falhas no momento do pagamento. Minha sugestão é: nas plataformas digitais, evitar pagar por boletos ou links ou documentos enviados de maneira avulsa. Se você recebeu uma conta, vá ao site da empresa e cheque se esse valor é real, se é devido mesmo, ao que se refere”, conclui a autoridade policial.

Entre em contato com seu banco, o mais rapidamente possível, para informar sobre o ocorrido e solicitar a devolução dos valores através do Mecanismo Especial de Devolução (MED). O MED é um mecanismo exclusivo do Pix criado para facilitar as devoluções em caso de fraudes, aumentando as possibilidades de a vítima reaver os recursos.

Se necessário, registre uma reclamação informando todos os dados, comprovantes e documentos, inclusive o Boletim de Ocorrência (B.O).

Com o seu relato, o banco deve registrar uma notificação de infração no sistema do Banco Central, o banco do suposto golpista irá bloquear os valores e ambas as instituições terão um tempo para avaliar detalhadamente o caso. Após sete dias, se for comprovado o golpe ou a fraude, o seu dinheiro será devolvido em até 96 horas. Caso não haja saldo suficiente para efetuar a devolução total dos valores, até o prazo máximo de 90 dias da transação original, a instituição de relacionamento do recebedor deve monitorar a conta e, surgindo recursos na conta, deve efetuar devoluções parciais.

Se sua situação não for resolvida, procure o Procon de seu estado ou o Poder Judiciário, ou registre uma reclamação no BC.

Somente em 2023, os golpes online tiveram um aumento de 35% em relação ao ano anterior, segundo dados da Associação de Dados Pessoais e Consumidor. Por isso, confira quais são os principais tipos e saiba como se proteger das tentativas de fraudes.

1Phishing

O phishing é um dos golpes da internet mais comuns. Para aplicá-lo, os criminosos enviam e-mails ou mensagens de texto se passando por empresas reais. Nessas mensagens, eles podem pedir para que a pessoa faça o download de um arquivo ou acesse um determinado link. Quando o usuário faz isso, os criminosos passam a ter acesso ao dispositivo da vítima e podem roubar dados sensíveis, como números de documentos e do cartão de crédito. Outra forma de aplicar o phishing é enviando uma mensagem para o indivíduo, como se fosse uma empresa idônea, solicitando que ele informe alguns dados pessoais e bancários.

Como se proteger

  • Sempre checar os remetentes dos e-mails que você recebe para se certificar de que se trata do endereço oficial de uma determinada pessoa ou empresa;
  • Não clicar em links ou baixar arquivos enviados por indivíduos que você não conhece;
  • Mesmo que o link ou arquivo venha de uma pessoa que você conhece, principalmente em grupos de WhatsApp, certifique-se de que foi ela mesma que enviou e entenda qual é a origem desse link;
  • Desconfie de ofertas que prometem grandes ganhos ou que tragam promoções com valores muito abaixo dos praticados no mercado. Geralmente essas condições são iscas para atrair as pessoas a clicarem no link;
  • Não informe seus dados pessoais e bancários por e-mail ou fora de ambientes como o internet banking oficial do seu banco.

2Pharming

O pharming é a combinação dos termos phishing e farming. Os criminosos que aplicam esse golpe redirecionam os usuários para sites fraudulentos com o objetivo de roubar os dados dessas pessoas.

Muitos desses sites se passam por páginas de empresas reais. Para fazê-los, os criminosos alteram os registros DNS do site falso ou instalam um malware no dispositivo da vítima que redireciona automaticamente para essas páginas.

Como se proteger

Todos os cuidados que listamos acima sobre o phishing devem ser observados também para o pharming. Além disso, ao fazer uma compra online, certifique-se de que você realmente está no site oficial da loja – principalmente se tiver recebido algum link com uma oferta por e-mail, WhatsApp ou SMS. Preste atenção no endereço que está no link e em outros pontos como a identidade visual e logo da marca, para ver se são oficiais. Erros de português também indicam que você pode estar em uma página falsa.

3Vishing

O vishing é um golpe que utiliza a voz para enganar a pessoa. Nesse caso, o bandido entra em contato com a vítima, ou induz ela a ligar para ele por meio de mensagens fraudulentas, para obter dados sensíveis dessa pessoa. Geralmente, o golpista se passa por um representante de uma empresa idônea.

Como se proteger

  • Não informe seus dados pessoais e bancários por telefone;
  • Entre em contato com empresas apenas pelos canais de atendimento que constam nos seus sites oficiais. Se você receber um número por algum outro canal, sempre verifique no site se está correto.

4Smishing

Também conhecido como phishing por SMS, o smishing é um golpe financeiro aplicado por meio de mensagens de textos enviadas para dispositivos móveis. Nesse caso, o golpista se passa por uma pessoa ou uma empresa legítima para aplicar a fraude.

Assim como ocorre no phishing, no smishing os criminosos solicitam que a vítima acesse um determinado link. Ao fazer isso, o usuário possibilita que o golpista tenha acesso ao seu dispositivo e consiga coletar os seus dados.

Em posse dessas informações, o golpista pode vazar dados sensíveis, cometer fraudes de identidade e até roubar diretamente da conta bancária da vítima.

Como se proteger

  • Tome os mesmos cuidados listados no phishing e no pharming.

5 Golpes em redes sociais

Há vários tipos de golpes que podem ser aplicados nas redes sociais. Um dos mais conhecidos é quando o criminoso consegue o acesso à conta de uma pessoa e começa a pedir dinheiro para os seguidores dela ou a vender produtos inexistentes.

Outro golpe comum acontece quando uma pessoa afirma que consegue multiplicar o dinheiro da vítima e pede para que ela envie uma determinada quantia para que ele possa fazer isso. Quando recebe a transferência, o criminoso desaparece.

Entre os principais golpes da internet aplicados nas redes sociais também estão as vendas falsas, phishing e pharming.

Como se proteger

  • Não clique em links enviados por pessoas que você não conhece. Mesmo se vier de um conhecido, verifique se foi ele mesmo que mandou e se ele sabe o origem do link;
  • Desconfie quando ver alguém vendendo algum produto em um perfil pessoal nas redes sociais. Entre em contato com a pessoa por outro canal para verificar se a conta não pode ter sido invadida;
  • Desconfie de propostas que ofereçam muitos ganhos de dinheiro a partir de um primeiro depósito ou de promoções que ofereçam descontos muito grandes;
  • Mantenha seus aplicativos sempre atualizados e habilite a verificação em duas etapas sempre que possível.

6Golpes do Pix

Entre os golpes financeiros mais comuns no Brasil está o golpe do Pix, que pode ser feito de diferentes maneiras. Uma das mais comuns é quando o golpista falsifica o comprovante do Pix feito pela pessoa, colocando um número inferior ao combinado, e pede para ela enviar o valor correto.

Outro golpe muito praticado é o da venda falsa de produtos por pagamento via Pix. Nesse caso, a cobrança é emitida antes do recebimento de um produto. Porém, a mercadoria não existe, e após a compensação o criminoso desaparece.

Há também golpistas que se passam por atendentes bancários e entram em contato com a vítima para, supostamente, auxiliá-la a criar uma chave Pix. Mas, na verdade, o processo é feito para roubar os dados dessa pessoa.

Também é possível aplicar esse tipo de fraude usando um QR Code falso. Por exemplo, o criminoso pode fazer download de um vídeo de empresas idôneas ou instituições de caridade que pedem doações, colocar um novo QR Code e divulgar o material para receber o dinheiro que deveria ir para outras pessoas.

Um golpe do Pix muito disseminado nas redes sociais acontece por meio da divulgação de informações falsas sobre uma suposta falha no Pix. A mensagem diz que, se as pessoas transferirem um valor específico para uma determinada chave, elas receberão mais dinheiro de volta. Na prática, o que acontece é que o golpista fica com o dinheiro e desaparece.

Como se proteger

  • Sempre verifique no aplicativo ou internet banking oficial do seu banco as informações sobre os Pix enviados;
  • Cheque os dados dos destinatários dos seus Pix, para conferir se quem vai receber realmente é a pessoa/instituição para quem você está mandando o dinheiro;
  • Faça compras somente de lojas virtuais oficiais e idôneas;
  • Não aceite suporte nem peça atendimento fora dos canais oficiais do seu banco.

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