Salvaterra recebe Festival de Boi-Bumbá de Mestre Damasceno

Written by on 12 de junho de 2025

A Ilha do Marajó, no Pará, será palco de uma das mais importantes manifestações culturais do estado nesta sexta-feira (13).

O 2º Festival de Boi-Bumbá de Mestre Damasceno deve reunir cerca de mil pessoas em Salvaterra e combina tradição centenária com inovação social e acessibilidade. Diferentemente de outros eventos similares, o festival não terá caráter competitivo, pois os grupos se apresentarão em clima de confraternização, com prioridade para a celebração coletiva da cultura popular e a troca de experiências entre artistas de diferentes municípios.

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Mestre Damasceno: 50 anos de resistência cultural

Aos 71 anos, Mestre Damasceno é uma figura emblemática da cultura popular paraense. Deficiente visual desde os 19 anos, ele coloca bois-bumbás nas ruas desde 1973, quando estreou o “Estrela de Ouro”.

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Sua trajetória é marcada pela resistência e inovação, e mantém viva uma tradição que aprendeu com seu avô e pai no Quilombo do Salvá.

“As crianças ficam ao meu redor, brincam, felizes. Isso me dá felicidade no coração, porque eu vejo que tem gente que vai querer continuar a fazer a brincadeira do boi”, revela o mestre, que demonstra sua paixão pela transmissão cultural.

Búfalo-Bumbá: a inovação marajoara

Uma das principais contribuições de Mestre Damasceno para a cultura popular foi a criação do conceito de búfalo-bumbá, adaptação do tradicional boi-bumbá que representa melhor a fauna local da ilha do Marajó.

Esta inovação conecta a manifestação cultural com a identidade regional amazônica.

Baby búfalo sensibilidade: símbolo de inclusão

O festival de 2025 apresenta uma novidade especial: o Baby Búfalo-Bumbá Sensibilidade, personagem criado por Mestre Damasceno para seu neto Davi Guilherme.

Este afigurado junino nasceu com deficiências físicas propositais – sem pernas, com apenas uma orelha, chifre quebrado e cego de um lado.

“O Búfalo-Bumbá veio para dar um recado: nós, afigurados e pessoas com deficiência, temos o direito de estar onde quisermos e seguir o nosso próprio caminho”, explica Damasceno, que transforma sua arte em instrumento de conscientização social.

Inclusão e acessibilidade como prioridade

O festival se destaca pelo compromisso com a inclusão social. Um espaço especial com 30 cadeiras reservadas, sinalização adequada e apoio de monitoras especializadas (Juba e Thalita Neves) atenderá pessoas com deficiência, mobilidade reduzida, idosos e gestantes.

A Associação de Deficientes, Pais e Amigos de Salvaterra (ADPAS) participará com a apresentação de mini búfalos-bumbás construídos com material reciclado. As peças foram feitas durante oficinas realizadas nos dias 3 a 5 de junho, sob a orientação da professora Dayane Sales.

Turismo cultural no Marajó

O festival representa uma importante oportunidade de turismo cultural na ilha do Marajó e atrai visitantes interessados em conhecer as tradições amazônicas autênticas. A expectativa é que turistas de Belém e outras regiões do Pará participem da celebração e fortaleçam a economia local.

Preservação cultural amazônica

“Eu gosto do que faço, que é tentar fazer que o arraial vire tradição. O que eu mais gosto é trazer gente na minha cidade para ver o meu búfalo-bumbá”, finaliza Mestre Damasceno, que resume sua missão de vida: preservar e difundir a cultura popular amazônica.

Programação completa do Festival

Cortejo cultural

  • Data: 13 de junho (sexta-feira);
  • Horário: Concentração às 17h, saída às 18h;
  • Local: Frente do Mercado Municipal (Centro) até Casa de Mestre Damasceno (Bairro do Caju);
  • Participantes: 30 atrações entre bois, búfalos, quadrilhas e grupos de carimbó.

Festival no terreiro

  • Horário: 19h;
  • Local: Primeira Rua, esquina com 11ª Travessa, Bairro Caju.

Grupos Participantes Confirmados

Bois e Búfalos-Bumbás:
  • Boi Ramalhete (Joanes);
  • Boi Primavera (Barro Alto);
  • Boi Brilhante (ADPAS);
  • Búfalo Segredo das Meninas (Bairro do Caju);
  • Meu Boizinho (Soure)
Mestres da Cultura Popular:
  • Mestra Jesus (Salvaterra);
  • Mestre Catarino (Belém);
  • Mestre Derli (Curuçá);
  • Mestra Amélia (Soure).
Grupos de Carimbó:
  • As Curuçauaras (Curuçá);
  • Tambores do Pacoval (Soure);
  • Nativos Marajoara (Salvaterra).

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