Pequenos negócios geram  50 mil empregos no Pará

Written by on 5 de fevereiro de 2023

Camila Pires é professora especialista em abordagem textual e mentora MBA Kids e Teens. A formação on-line foi concluída na época da fase mais aguda da pandemia, em março de 2021. “Durante a pandemia, a educação foi uma das áreas mais afetadas”, lembra. “Já estava fazendo a especialização na UFPA e foi suspensa. Conseguir emprego foi bem difícil dentro da minha área, tive que me manter com vendas on-line de acessórios femininos nesse período. Somente em 2022 consegui uma oportunidade dentro da minha área, para a vaga que hoje ocupo”.

O emprego conquistado em novembro do ano passado foi em uma escola de empreendedorismo para crianças, a franquia Mister Wiz, em Belém. “Tive facilidade pois minha experiência e qualificação, além da paixão pelo ensino, foram responsáveis pela garantia da vaga”, destaca Camila. A professora conta que chegou a tentar a inserção no mercado de trabalho em empresas maiores, mas não obteve êxito. “No período, ninguém estava contratando”, lembra.

A jornada da educadora que conseguiu um emprego formal em um estabelecimento considerado pequeno negócio ilustra bem os dados de um estudo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), baseado em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia.

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O levantamento aponta que os pequenos negócios geraram um saldo de 51.713 empregos no Pará de janeiro a novembro de 2022. O saldo por 1.000 empregados no Estado é de 149,05, o que deixa o Pará em quarto lugar no ranking nacional. Roraima, com 213,29, lidera entre as unidades da federação. O Rio Grande do Sul, com 66,94, ocupa a 27ª posição, na lanterna do ranking.

Rubens Magno, diretor-superintendente do Sebrae no Pará, faz uma análise da situação. “Percebemos que os pequenos negócios têm encabeçado a geração de empregos no Brasil e no Pará há algum tempo. Isso, nós constatamos no período da pandemia, quando as Micro e Pequenas Empresas (MPE) foram bem impactadas negativamente, mas que tiveram uma retomada mais rápida e puxaram as contratações”, pontua.

“Em 2022, dados do Caged, referentes ao período de janeiro a novembro, colocam o nosso Estado em quarto lugar no ranking nacional da geração de emprego, o que comprova o papel fundamental desse segmento para a geração de emprego e, consequentemente, para o desenvolvimento econômico do Pará”.

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EMPREGADOR

A vaga da Camila foi criada pelo pequeno empresário Phellipp Coimbra, que abriu em Belém uma franquia da Mister Wiz e conta hoje com cinco funcionários. “É uma escola de empreendedorismo para criança e adolescente com método europeu visto em cinco países. Estou trazendo para Belém justamente para estimular crianças a serem grandes empresários. Ajuda a desenvolver de uma maneira lúdica e prática”, faz propaganda.

“A gente acredita que esse é o momento, é o futuro, ter diploma não é sinônimo de emprego, quando abri tinha currículo de gente com doutorado”, destaca, sobre a situação das pequenas empresas como fonte de vagas.

“O empreendedorismo hoje é uma válvula de escape que dá uma possibilidade de outros ganhos, eu mesmo fui funcionário público e hoje em dia sou empreendedor, estou faturando bem mais do que quando eu era funcionário público”, revela, ao fazer um contraponto com a função de empregador/empreendedor.

“Eu abri a primeira unidade e já estou em processo de abertura da segunda, em Ananindeua. A procura tem sido boa naquela região. O Pará é grande e precisamos alcançar essas crianças para alcançarem seus próprios sonhos”, planeja.

Já o técnico em refrigeração e climatização Nazareno Martins é dono de uma pequena empresa que está no mercado há nove anos, em Belém e alguns interiores do Pará. “A gente tem dois colaboradores junto com a gente, um auxiliar de técnico em refrigeração e outro eletricista”, informa. “Para empreender tem as dificuldades, como a parte financeira, que atingiu toda a nossa região e mesmo assim temos que usar nosso jogo de cintura para atender os clientes e seguir em frente”, analisa.

“Antes de ser técnico em refrigeração eu era motorista de ônibus, fazia o serviço de climatização pela manhã e à tarde era motorista, mas o lado da refrigeração sobrecarregou e optei por deixar a profissão de motorista para ser técnico em refrigeração”, explica sobre a transição para se tornar gerador de empregos.

“Meus planos são expandir uma nova função, paralelo à climatização, na área da metalúrgica, construção civil, colocar mais colaboradores para nos ajudar, mas em tempo indeterminado”, diz com cautela. “O sucesso do empreendedorismo é você ser uma pessoa correta, pontual, para ser bem indicada, bem falada, fazendo o serviço direito pro cliente”.


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