Paraenses integram Prêmio Multishow

Written by on 17 de setembro de 2023

Especial, a edição deste ano do Prêmio Multishow completa 30 anos de criação. Em tom de celebração, alguns artistas e produtores paraenses integram, pela primeira vez, a “Academia”, o júri do prêmio. Os cantores Jeff Moraes e Joelma Kláudia, a rapper Nic Dias, os produtores culturais Jeft Dias e Gerson Júnior, do Festival Psica, Maurício Viana, da Meachuta, e Marcel Arede, da Ampli Criativa, estão no grupo que vai definir os indicados e vencedores da próxima edição. Comandada pelo trio, Ludmilla, Tatá Werneck e Tadeu Schmidt, a festa deste ano ocorrerá no dia 07 de novembro e contará com transmissão simultânea no Globoplay, aberta para não assinantes.

Considerada a maior premiação de música brasileira, com espaço destinado para a exaltação de novos talentos, esta edição traz o conceito “A música mexe com o Brasil”, que vai destacar a influência transformadora na cultura brasileira.

A cantora Joelma Kláudia é uma das paraenses escolhidas para compor o júri. Ela conta que não esperava pelo convite. “Foi uma grande surpresa porque é um acontecimento na minha vida ser convidada pelo Prêmio Multishow representando o Norte, mas com a bandeira do Xingu nesse recorte”, diz ela, que é de Altamira e idealizadora e coordenadora geral do Festival Canção da Transamazônica (Fecant) – cuja próxima edição ocorre logo depois, nos dias 9, 10 e 11 de novembro, em Altamira.

“Senti que as pessoas estão entendendo que não se pode falar sobre a música brasileira sem nós (Norte). A cada ano o Pará está protagonizando movimentos culturais e artistas solos importantíssimos, a exemplo de Fafá de Belém, Dona Onete, Luê, Viviane Batidão, Raidol, Aqno, Jeff Moraes, entre outros. Somos potência musical, por isso é fundamental que os nossos artistas sejam indicados e, também, premiados e, por isso, com certeza, a nossa participação no Prêmio Multishow vai entrar para a história. Pessoalmente, estou honrada em fazer parte da Academia Prêmio Multishow. Estou de olho no trabalho das mulheres e das pessoas LGBTQIA+, mas não só”, afirma a artista.

REPRESENTATIVIDADE

O sentimento é de reconhecimento, acredita Jeff Moraes. “Eu fiquei muito feliz com esse convite, depois de incrédulo. Estou colhendo um pouco do fruto do meu trabalho, são mais de 13 anos fazendo arte na Amazônia, difundindo e falando sobre música preta, amazônica e cultura popular. E eu tenho certeza que isso pesou na escolha do meu nome para ser um dos jurados. É muito gratificante e também sinto o peso de uma grande responsabilidade. A gente tem aí o dever de indicar artistas da Amazônia para estarem presentes nesse prêmio, que é um dos maiores prêmios de música do Brasil, são 30 anos”, pontua.

É uma questão também de representatividade, complementa o artista. “É importante que a gente esteja presente nesse lugar de cabeças pensantes escolhendo os nomes de artistas porque a gente consegue também mostrar um pouco mais da Amazônia. Porque os artistas que já estiveram presentes estiveram porque já estavam com a carreira mais visibilizada. O que a gente precisa agora é oportunizar novos artistas, porque somos uma cidade tão rica de arte, onde tem muita gente fazendo muita coisa maravilhosa. A gente precisa que as pessoas nos enxerguem, que o Brasil perceba a gente”, diz Jeff Moraes, lembrando que outros paraenses já se apresentaram no evento ou receberam a premiação, mas nunca estiveram nessa posição de jurados.

Esta é uma abertura maior para artistas, completa Jeff Moraes. “Sem dúvida, acho que daqui para frente, a gente vai estar muito mais presente dentro dessa premiação. Acredito que agora artistas do Norte vão ter outras possibilidades e também acabam incentivando a nossa produção, que nunca parou. Mas se formos mais visualizados em outro mercado, acredito que quando tiver um júri do Norte presente no prêmio dessa categoria, o Norte começa a perceber que vai estar presente também. É uma possibilidade maior de estar presente, então isso também incentiva a própria produção local”, considera o cantor, que está ainda mais antenado com a produção nortista.

“Gostaria de dizer que eu não parei. Pelo contrário, esse convite veio como uma forma de dar mais gás ao trabalho que estou desenvolvendo. No mês que vem, tem um ensaio aberto do meu bloco ‘Minha boca treme’, que está com tudo e a gente está fazendo uma vez ao mês os ensaios abertos. Estou produzindo música nova e logo estará disponível para o mundo. Dando alguns spoilers, vai ter um feat vindo com artistas locais e até com artistas de fora. Estou muito feliz com esse momento da minha carreira, de ascensão”, conta ele, que esteve na abertura do carnaval de Salvador ao lado de Iza e na Virada Cultural de São Paulo.

POLÊMICA

A entrada dos paraenses na Academia do Prêmio Multishow ocorre depois de a premiação ser alvo de críticas de diversos artistas por falta de representatividade. Em 2021, Gaby Amarantos desabafou dizendo que sentia que os artistas do Norte eram invisíveis para a premiação. “Vontade de gritar que nós existimos, [exigir] que nos respeitem!”, escreveu ela em suas redes.

No mesmo ano, Ludmilla também fez uma série de posts criticando o Prêmio Multishow por ignorá-la num ano em que bombou nas plataformas de música e ficou meses na lista das mais tocadas com “Rainha da Favela”. Também o rapper Filipe Ret, que disse que a premiação não contemplava rappers e trappers. A organização do prêmio respondeu às polêmicas com uma nota. “Sabemos o desafio que é alcançar a representatividade ideal de todos os gêneros e continuaremos trabalhando no que for necessário para isso”, dizia um trecho do comunicado oficial, que parece ter ecoado nos convites aos paraenses.

A reportagem procurou a assessoria do Prêmio Multishow para saber mais sobre os critérios de composição do júri deste ano e se alcançar maior representatividade nacional era um objetivo. Mas não houve resposta até o fechamento desta edição.


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