Paraense se vira pra garantir alimentos
Written by on 7 de junho de 2024
O aumento contínuo dos preços da alimentação básica no Pará tem impactado consumidores. De acordo com o último balanço divulgado nesta quinta-feira (06) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese-PA), pelo quinto mês consecutivo, os paraenses enfrentam uma alta no custo da cesta básica. O valor total, que no mês de maio era de R$ 690,98, subiu 1,40% em comparação a abril, R$ R$ 681,45. Esse aumento reflete um reajuste acumulado de 7,06% nos cinco primeiros meses de 2024, superando mais do que o dobro da inflação estimada para o mesmo período, de 2%.
Em meio a esse cenário, consumidores buscam formas de manter a qualidade da alimentação dentro das limitações financeiras impostas pelo mercado e garantir que o essencial não falte em suas mesas. A aposentada Rosimeire da Silva, de 69 anos, relata a dificuldade em manter os produtos de sempre. “Tento substituir as marcas que eram mais caras por opções mais baratas. Se antes eu comprava leite A, agora opto pelo leite B. Para manter o orçamento, busco sempre promoções”, conta.
Rosimeire também revela que, como diabética, não pode abrir mão de uma alimentação saudável. Além disso, o arroz e feijão são alimentos que não podem deixar de ser garantidos.
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Para manter a alimentação de pelo menos cinco pessoas em casa, ela chega a gastar cerca de R$ 2 mil por mês com alimentos, mesmo fazendo compras toda semana para avaliar o que pode estar mais barato.
ESTRATÉGIA
A cuidadora de idosos, Edna Santos, 45, explica que na sua casa, composta por três pessoas, todos trabalham, mas ainda assim a junção de salários não é suficiente para manter uma alimentação adequada, visto que os alimentos são os itens que mais comprometem a renda familiar. “Opto pelo mais barato. Se o arroz está caro, troco por outra marca. Nossa compra mensal chega a R$ 1.200. Para fazer o dinheiro render, muitas vezes substituímos a carne por ovos ou compramos menos carne e complementamos com outros alimentos”, detalha.
Outra estratégia que Edna põe em prática é a de não consumir muitos alimentos durante a noite, o que faz a quantidade de produtos render mais um pouco.
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PESQUISA
Com uma família de três pessoas, o servidor público Fernando Batista, 48, diz que a alta nos preços o obriga a gastar um pouco mais em produtos que não podem faltar, já que precisa manter alguns alimentos tendo um filho adolescente em casa. No entanto, para aqueles que são possíveis, ele opta por substituir.
“Troco as carnes por frango ou peixe quando estão mais caras. Fazemos uma compra geral no início do mês e depois compramos o básico semanalmente. Gastamos cerca de R$ 1.000 por mês, mais R$ 100 a R$ 200 semanalmente para manter o essencial. Isso compromete bastante o nosso orçamento, especialmente o lazer”, detalha sobre ter que escolher entre manter uma alimentação selecionada privando gastos de diversão e entretenimento.
Tentando encontrar a solução mais viável diante dos preços elevados, Fernando e a esposa precisam percorrer alguns estabelecimentos em busca dos preços ideais. “Vamos de um supermercado para o outro, tentando encontrar os produtos mais baratos ou em promoção, é uma saída para tentar economizar”, finalizou.
PARA ENTENDER
A pesquisa do Dieese-PA revela que, em maio deste ano, mais da metade dos 12 produtos que compõem a cesta básica dos paraenses tiveram aumento de preço. Destacam-se o leite (7,03%), tomate (5,08%), arroz (2,16%), banana (1,56%), manteiga (0,97%), café (0,64%), farinha de mandioca (0,54%) e açúcar (0,16%). Alguns produtos apresentaram recuo, como feijão (4,95%), óleo de soja (2,36%) e carne bovina (0,27%).
No acumulado entre janeiro e maio, o custo da cesta básica subiu 7,06%, superando a inflação estimada em torno de 2%. Os aumentos mais expressivos foram registrados no arroz (22,69%), tomate (14,59%), banana (14,14%), café (11,70%) e leite (10,23%). A pesquisa também mostra um cenário nacional preocupante. Em maio, das 17 capitais pesquisadas, 11 apresentaram aumento no custo da cesta básica, com São Paulo registrando o maior valor (R$826,85), seguida de Porto Alegre (R$801,45) e Florianópolis (R$801,03). Já Aracaju carrega o menor (R$579,55), assim como Recife (R$618,47) e João Pessoa (R$620,67). Belém aparece com o 12º maior valor.