Paixão de Cristo: fé e arte pelas ruas de Belém

Written by on 19 de março de 2024

Na noite do dia 29 de março, Sexta-feira Santa, às 18h30, o bairro de Canudos, em Belém, vai reviver uma tradição que teve início em 1983: a encenação da Paixão de Cristo da Igreja de Queluz. Com o tema “Paixão de Belém e Justiça Social”, a encenação completa 41 anos e está a todo vapor, com ensaio e toda equipe montada trabalhando para fazer o espetáculo acontecer mais um ano.

O tema busca dialogar com a Campanha da Fraternidade lançada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB este ano – Fraternidade e Amizade Social. Propõe cenas e reflexões sobre o papel das mulheres na busca pela amizade e justiça social. Pelo segundo ano, contará com tradução em Libras.

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“Este ano, como os outros, a gente está preparando todo o espetáculo, como toda a história, novamente para rua. O ano passado a gente retornou e já começamos os ensaios a partir de janeiro. Estamos agora com bastante intensidade, fazendo as cenas de rua, as cenas que acontecem dentro da quadra da paróquia. Nossos ensaios estão acontecendo em todas as terças, quintas e domingos. Já estamos com as equipes de produção, figurino, músico, narradores, o elenco todo fazendo, desde janeiro, as oficinas e agora fazendo a montagem do espetáculo, por meio dos ensaios”, falou Aluízio Freitas, diretor geral do espetáculo, realizado pelo grupo de teatro Aldeato.

Na Sexta-Feira Santa, acontece a apresentação principal. Com duração de cerca de 45 minutos, as primeiras cenas vão desde a entrada de Jesus em Jerusalém até a condenação por Pilatos, e acontecem na quadra coberta da Paróquia de São José de Queluz. Em seguida, a encenação vai para a rua, percorrendo cinco quarteirões, onde acontecem as cenas da Via Crucis, que duram cerca de uma hora e meia. Mais à frente, na rua Dr. Américo Santa Rosa, próximo ao barracão de ensaios, acontecem as cenas da morte e ressurreição, com os 45 minutos finais da apresentação.

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São cerca de 100 pessoas no elenco, mais setenta na equipe de apoio, que inclui produção e equipe técnica. Mas, como nos anos anteriores, a organização precisa de ajuda para realizar a encenação.

“Infelizmente a gente está com as mesmas dificuldades de todo ano. Este ano não tivemos ainda o apoio do poder público. Participamos do Edital Paulo Gustavo, nossa pontuação foi bem alta e não conseguimos entrar porque praticamente cem por cento do resultado do edital foi para cotistas, e a gente não foi contemplado”, disse Aluízio.

O grupo está realizando promoções e campanhas de arrecadação para pagar despesas básicas, mas o valor arrecadado junto à comunidade, por volta de R$ 7 mil, ainda é insuficiente para bancar o total de gastos com espetáculo, que gira em torno de R$ 20 mil. Por isso, a paróquia tem pedido contribuições de quem queira ajudar na realização do espetáculo.

Mesmo com as dificuldades, a expectativa dos encenadores é ver o público comparecer para manter a tradição do bairro com um lindo espetáculo. A estimativa dos realizadores é de que em torno de 5 a 10 mil pessoas assistam à Paixão em Canudos.

“O povo está esperando o nosso espetáculo, se envolvendo, com toda dificuldade, embaixo de sol e chuva, um elenco jovem, adolescente, temos também adultos, pessoas que realmente deixam suas famílias e se juntam a nós. Os moradores estão nos apoiando de novo, com promoções, com rifa, com bingo, vendendo lanche, vendendo tudo, na tentativa de arcar com o contrato de palco, luz, som, trio, a manutenção de figurinos, de adereços, estamos na luta”, contou Aluízio.

“É muito gratificante mesmo. Para mim, é como se me renovasse a cada ensaio, a cada apresentação. Acredito que esse sentimento seja também de muitos que assistem e acompanham o projeto da Paixão”, acrescentou o diretor.


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