Ophir Loyola realiza cirurgia inédita pelo SUS no Brasil

Written by on 19 de agosto de 2023

A primeira quimioterapia aerossolizada, procedimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, foi realizada no último sábado (12) no Hospital Ophir Loyola (HOL), em Belém. Diagnosticado com câncer gástrico, com evolução para carcinomatose peritoneal, o paciente, de 53 anos submetido à técnica inovadora já recebeu alta hospitalar e passa bem. Comandada pelo cirurgião oncológico Rafael Maia, a equipe médica celebrou o sucesso do procedimento, que durou cerca de duas horas, sem intercorrências.

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A Pipac (sigla em inglês para Quimioterapia Aerossolizada Intraperitoneal Pressurizada) é uma cirurgia minimamente invasiva, com liberação direta do medicamento na cavidade abdominal, expondo os nódulos metastáticos às ações dos agentes presentes no fármaco. O método de administração de quimioterápicos foi adotado para atender o quadro clínico do paciente oncológico.

“O paciente é portador de câncer gástrico, que evoluiu com carcinomatose peritoneal e ascite, mesmo realizando quimioterapia endovenosa. Logo, o Pipac se tornou uma excelente alternativa de tratamento, contudo, o paciente retornará para outras sessões, respeitando um intervalo de quatro semanas. O HOL é o primeiro hospital do Brasil a utilizar essa técnica por meio do SUS, e o novo recurso beneficia pacientes com tumores malignos avançados que evoluíram com carcinomatose peritoneal e que estão em vigência de quimioterapia”, explicou Rafael Maia.

A carcinomatose peritoneal é a disseminação do câncer no peritônio, membrana que envolve os órgãos do abdome. Tratam-se, geralmente, de tumores secundários, como no caso do paciente submetido ao primeiro Pipac do HOL, no qual a neoplasia surgiu no estômago antes de avançar para a membrana.

Benefícios – O novo tratamento é uma alternativa à quimioterapia endovenosa, que encontra dificuldade para chegar ao peritônio devido à baixa vascularização da película. Essa característica dificulta a ação dos medicamentos na região, mas com a ação do Pipac os quimioterápicos não dependem de veias para chegar aos tumores.

A quimioterapia aerossolizada potencializa a efetividade do medicamento e garante uma recuperação mais rápida do paciente, pois permite a penetração de fármacos de forma direta, homogênea e mais profunda nos tecidos acometidos pelos tumores malignos. O que, de acordo com o médico, contribui para a regressão da doença.

Além da baixa taxa de complicação, a técnica representa mais qualidade de vida aos pacientes. A utilização do nebulizador oferece outra vantagem. Por funcionar como uma barreira natural, o peritônio dificulta a chegada dos medicamentos vaporizados na corrente sanguínea, diminuindo efeitos colaterais, como náuseas e enjoos, recorrentes em quimioterapias sistêmicas.

Como funciona? – O procedimento inicia com uma laparoscopia, abordagem cirúrgica amplamente utilizada para tratar doenças na região abdominal. Por meio da videocirurgia, o cirurgião aspira e mede o líquido ascítico – fluido acumulado no abdome do paciente. Em seguida, a equipe inicia a fixação dos instrumentos responsáveis pela pulverização dos quimioterápicos.

Algumas precauções são necessárias para o procedimento. Além do cuidado com o fármaco fotossensível, o manuseio da bomba injetora sinoAngio-1200 pede cautela. Antes da aplicação, a equipe médica precisa deixar a sala de cirurgia para evitar a inalação do medicamento.

A mesa cirúrgica e as portas da sala são seladas com plástico antes da segunda etapa do procedimento. O botão da máquina injetora é acionado e, atento às telas do monitoramento anestésico e da injetora, o cirurgião oncológico observa a videocirurgia a distância, e acompanha o andamento da sessão.

Passados cinco minutos de vaporização da medicação, a equipe inicia a contagem regressiva dos 30 minutos necessários para que as portas da sala de cirurgia sejam abertas. Devidamente equipados com máscaras e protetores oculares, os especialistas retornam  à sala de cirurgia para realizar a sutura dos pontos e encaminhar o paciente para a enfermaria. O paciente do HOL recebeu alta hospitalar no dia seguinte.

Apoio – O primeiro Pipác no Brasil foi realizado em um hospital da rede privada no Rio Grande do Sul, em dezembro de 2017. No ano seguinte, a equipe médica do HOL deu início à busca para tornar o procedimento acessível aos usuários do SUS. Mas, segundo Rafael Maia, foi com o apoio da atual diretoria e de profissionais da instituição que o procedimento virou realidade na rede pública de saúde do Pará.

“A atual direção do HOL analisou a importância do Pipac para o tratamento dos pacientes, e recebemos todo o apoio necessário. A diretora-geral Ivete Vaz, a superintendente do Instituto de Oncologia, Ana Paula Borges, o diretor clínico João de Deus, e o chefe do Departamento de Cirurgia Abdominopélvica do HOL, Paulo Soares, aprovaram o projeto e viabilizaram a sua implementação”, ressaltou o especialista.

Para o médico, o principal desafio em oferecer o serviço pelo SUS foi o valor do procedimento. “O custo do Pipac na rede privada varia entre R$ 80 mil e R$ 100 mil. Isso porque há investimento com o dispositivo, honorários médicos, despesa hospitalar e a quimioterapia a ser aplicada. Mas, aqui no Hospital Ophir Loyola o procedimento é totalmente gratuito”, reiterou.

Mais recursos – A diretora-geral do HOL, Ivete Vaz, destacou a importância do sucesso do procedimento e a busca incansável da instituição pela viabilização de novos recursos para o tratamento oncológico. “Mais uma inovação oferecida gratuitamente aos usuários do Sistema Único de Saúde. O empenho em viabilizar essa técnica, comprovadamente eficiente e minimamente invasiva, mostra a importância do Hospital Ophir Loyola como centro de referência no tratamento oncológico no Brasil. Aqui há profissionais comprometidos em levar procedimentos complexos e com recursos de ponta ao alcance de todos”, afirmou a diretora.

“O HOL é o primeiro hospital público do Brasil a oferecer o Pipac aos usuários do SUS, e é uma alegria imensa poder acompanhar mais esse avanço da nossa instituição na missão de salvar vidas. Parabenizo a nossa diretora-geral, dra. Ivete Vaz, e a todos os envolvidos nesse projeto tão importante para os pacientes oncológicos”, completou o diretor Clínico João de Deus, que acompanhou o procedimento no centro cirúrgico.

Equipe – Além de Rafael Maia, integraram a equipe responsável pelo procedimento inédito pelo SUS a anestesiologista Midiã Justo; a residente de cirurgia oncológica Liziane Santa Brígida; as enfermeiras Gracilene Móia, Iranete Ribeiro e Elizabete Pereira, e os técnicos em enfermagem Waldileia Rodrigues, Wilton da Silva e Elizabete Batista.

A realização do procedimento foi coordenada pela enfermeira-chefe do Bloco Cirúrgico, Gracilene Móia, e a parte burocrática do projeto foi acompanhada pela secretária do bloco, Renata Souza. O procedimento contou ainda com o apoio de servidores da Divisão de Diagnóstico por Imagem e da Divisão de Quimioterapia do HOL.


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