Morre Hélio Delmiro, grande referência do jazz brasileiro, aos 78 anos
Written by Redação on 17 de junho de 2025
Algumas perdas são sentidas em silêncio, outras refletem em lamento coletivo, como se uma corda tivesse arrebentado no meio da canção. A morte de Hélio Delmiro, aos 78 anos, na última segunda-feira (16), em Brasília (DF), carrega as duas dimensões. Silenciosa como foi sua vida pessoal nos últimos tempos, mas profundamente ruidosa para a música instrumental brasileira, que se despede de um de seus maiores expoentes.
Nascido no Rio de Janeiro em 20 de maio de 1947, Delmiro foi muito mais que um guitarrista e violonista virtuoso, ele foi um artista de técnica invejável, sensibilidade rara e influência global. Tocou com os grandes da música brasileira, como Elis Regina, Milton Nascimento, Clara Nunes, Nana Caymmi e Djavan. Mas sua música foi além das fronteiras da MPB, alcançando o respeito da cena jazzística mundial ao lado de nomes como a norte-americana Sarah Vaughan e o pianista Clare Fischer.
Sua morte, provocada por uma infecção urinária somada a complicações decorrentes de diabetes e problemas renais, encerra uma trajetória de 64 anos dedicados à música. Desde junho de 2024, ele já estava afastado dos palcos por conta das mesmas condições de saúde.
Do baile ao mundo
Delmiro começou a carreira aos 14 anos, ainda adolescente, tocando nos bailes cariocas como integrante do conjunto de Moacyr Silva. Nos anos 1960, passou por grupos como Fórmula 7 e o Conjunto 3-D. A projeção nacional veio na década seguinte, quando participou do icônico álbum Elis & Tom (1974) e produziu Claridade (1975), disco essencial na consagração de Clara Nunes.
Quer ler mais notícias de Fama? Acesse o nosso canal no WhatsApp!
Na década de 1980, partiu para a carreira solo com o lançamento do álbum Emotiva (1980). No ano seguinte, assinou com César Camargo Mariano o aclamado Samambaia (1981), considerado uma das obras-primas da música instrumental brasileira. Vieram ainda Chama (1984), Romã (1991), Compassos (2004) e Violão Urbano (2022), entre outros trabalhos.
Seu último registro em vida, o álbum Certas Coisas, em parceria com o cantor Augusto Martins, foi lançado em 30 de maio de 2025. Sem saber, o músico se despedia com a mesma elegância com que conduziu cada acorde ao longo de sua carreira.
Um legado eterno
Hélio Delmiro era daqueles músicos que não apenas tocavam, eles transformavam. Sua guitarra tinha a capacidade de dizer o indizível, de traduzir sentimentos complexos com delicadeza e alma. Para quem entende de música instrumental, ele foi e continuará sendo uma referência.
Ouça alguns clássicos:
Hélio Delmiro – Ponteio
Waltzin’ – Hélio Delmiro – Emotiva (1980)