Jogos de tabuleiro fazem sucesso em Belém

Publicado em 22 de setembro de 2024

Quem adentra o espaço dedicado aos jogos de tabuleiro instalado em um imóvel no início da avenida Visconde de Souza Franco dificilmente encontrará uma reunião de crianças. Ao contrário, os maiores frequentadores do local idealizado para receber pessoas em busca de entretenimento analógico são adultos acima de 30 anos, entre eles aficionados por Board Games ou aqueles que simplesmente querem reunir amigos e familiares.

Idealizador e proprietário da Ludoteca SideQuest, Fernando Cardoso explica que o espaço é dedicado a jogos de tabuleiro como entretenimento. As pessoas vão para reunir amigos, tomar um café, beber uma cerveja ou lanchar enquanto aproveitam os mais de 400 jogos de tabuleiro que ficam ao alcance das mãos.

“O nosso público, majoritariamente, é o adulto acima de 30 anos. Apesar de vir a galera mais jovem, universitários também, o público maior mesmo é de pessoas acima de 30 anos que querem reunir os amigos. A gente não permite crianças menores de 18 anos desacompanhado porque, como a gente vende bebida alcoólica, não é recomendado que eles fiquem aqui sem o acompanhamento do responsável ou da família”, conta.

“Normalmente, as pessoas têm pouco entretenimento na cidade, ou vão para o shopping ou para o cinema. Não tem um espaço para compartilhar e passar um tempo junto. Então, o pessoal vem para cá e interage muito com os amigos, com a família. A gente tem relatos, por exemplo, de amigos que se viam uma vez por ano e que com a ludoteca passaram a se ver quase toda semana. Fora novos amigos que foram surgindo por aqui também”.



Clássicos conhecidos de quem já teve contato com algum jogo de tabuleiro, os jogos War e Banco Imobiliário estão à disposição na estante, mas quase nunca são os mais buscados por quem frequenta a ludoteca. Por demandarem uma dedicação de tempo maior, os usuários do espaço que optam por jogá-los acabam não aproveitando tanto o tempo que é contado por turnos, com ingressos individuais.

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Para que possam jogar uma variedade maior de games por turno, Fernando conta que os clientes acabam optando por outros jogos mais novos e dinâmicos. “A gente tem muito jogo de blefe e de dedução social. Por exemplo, tem alguém na mesa que é um espião e então a pessoa tem que tentar descobrir entre as perguntas e respostas quem na mesa está mentindo, ou quem é o espião”, exemplifica Fernando.

“Tem muito desse público que procura jogo de estratégia média para um pouco mais denso, que é um pouco mais demorado. Temos um jogo do Senhor dos Anéis, que é como se fosse um RPG, que tem 10 missões e cada missão leva em média três horas, então, não dá para jogar só de uma vez. Então, o pessoal vai jogando ao longo do tempo”.



Em dois anos de loja física, Fernando conta que o local conta com uma movimentação intensa, principalmente nas noites de sexta-feira e sábado. Alguns dos clientes que frequentam a Ludoteca desde o início se conheceram na loja.

Costumavam jogar em mesas diferentes e, depois, começaram a jogar juntos, até que fizeram um pacote mensal. Fernando comenta que esse grupo frequenta pelo menos duas vezes por semana.

“A gente tem esse público que é recorrente. As pessoas sentem muito essa nostalgia de lembrar como eles se reuniam com os amigos na infância. A gente vive em um mundo muito digital, a gente conversa direto pela internet, e aqui a pessoa vai estar com o amigo pessoalmente, vai poder interagir com eles, zoar com ele na cara dele porque ele perdeu uma partida”.

Interação

A percepção de que essa interação presencial entre amigos encontraria um bom incentivo nos jogos de tabuleiro surgiu quando Fernando trabalhava em uma loja que vendia os produtos. Apesar de ser da área de Tecnologia da Informação, do mundo da informática, ele teve um olhar diferente para os jogos analógicos.

“Eu nunca tinha parado para reparar que tinham novos jogos no mercado, eu só conhecia o War e Banco Imobiliário. Então, eu vi isso como um negócio, comecei a pesquisar sobre isso, conversei com alguns lojistas e eu pensei que a gente não tinha nada parecido com esse espaço aqui em Belém”, lembra, ao contar que o trabalho iniciou com o aluguel de jogos.

“Em 2020 eu aluguei um ponto para iniciar o empreendimento, mas veio a pandemia. A gente parou tudo, devolveu o ponto e como eu já tinha alguns jogos e as pessoas estavam todas em casa, eu decidi alugar. Em 2023, quando já tinha vacina e estava tudo tranquilo, a gente abriu o espaço físico e de lá para cá não para, tem gente durante a semana toda”.


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