Estado apresenta em Brasília ações contra Sarampo no Pará
Written by on 21 de maio de 2023
Ao intensificar a imunização, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), em conjunto com gestões municipais, conseguiu controlar o avanço do sarampo no Pará. O último caso da doença foi registrado em janeiro de 2022, no município de Afuá, no Arquipélago do Marajó.
O resultado desse trabalho foi um dos 13 relatos apresentados na Mostra da Gestão Estadual do SUS: experiências exitosas para a recuperação das coberturas vacinais, realizada na última quinta-feira (19), durante reunião conjunta das Câmaras Técnicas de Epidemiologia e de Comunicação em Saúde, na sede do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), em Brasília (DF).
O objetivo do evento foi propiciar a troca de experiências entre as Secretarias Estaduais de Saúde e contribuir com o esforço para aumentar as coberturas vacinais no Brasil, considerando o complexo desafio de reconstruir o Programa Nacional de Imunização (PNI), alcançar as históricas coberturas vacinais, combater a desinformação e promover a saúde pública.
Vacinação contra gripe e covid-19 permanece disponível
A Sespa esteve representada pela coordenadora estadual de Imunizações, Jaíra Ataíde, e pela técnica da Coordenação Estadual de Imunizações, Michelly de Souza, responsável pela apresentação da experiência paraense.
Segundo Jaíra Ataíde, as ações de combate ao sarampo começaram, em 2018, no Oeste do Pará, onde foram registrados os primeiros casos da doença, até então erradicada no Brasil. Em função desse novo cenário, o País acabou perdendo a certificação internacional de eliminação do sarampo, concedida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Jaíra Ataíde ressaltou que a volta do sarampo foi resultado da baixa cobertura da vacina tríplice viral, que protege também contra caxumba e rubéola. “Na rotina de vacinação nos postos de saúde a meta é vacinar 95% das crianças de 12 meses de idade, com reforço aos 15 meses com a vacina tetraviral”, enfatizou.
Casos – Só de casos confirmados laboratorialmente, o Pará registrou 139, em 2018, e 371, em 2019. Com a pandemia de Covid-19, em 2020, o número de casos pulou para 1.871. No entanto, graças ao trabalho permanente da Sespa e da rede de parceiros, em 2021 o número de casos caiu para 111. Finalmente, em 2022, o Pará teve apenas um caso confirmado de sarampo no município de Afuá. “Portanto, para o fim da circulação do vírus, sem dúvida foram fundamentais as ações de busca ativa de faltosos, bloqueio com vacinação de contatos de casos confirmados, campanha seletiva e vigilância nas fronteiras”, informou Jaíra Ataíde.
Todo o trabalho foi desenvolvido de forma integrada pelas áreas técnicas de Atenção Primária, Imunização e Vigilância Epidemiológica da Sespa, os13 Centros Regionais de Saúde e o Laboratório Central do Estado (Lacen-PA), em conjunto com os 144 municípios paraenses, e apoio do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).
Ações – Foram necessárias ações estratégicas para conter o avanço do sarampo, uma vez que o Pará possui áreas de difícil acesso, tanto pelas diversidades geográficas e meteorológicas, quanto pelos vários modais de transporte, que são desafios para as equipes de saúde alcançarem populações mais distantes.
As principais ações realizadas nesses cinco anos foram o bloqueio vacinal (vacinação de contatos de casos confirmados e suspeitos até 72 horas); intensificação com vacinação seletiva em todos os locais por onde pacientes passaram no período de transmissibilidade da doença; varredura (ida de casa em casa para vacinar os não vacinados); campanhas seletivas; visitas técnicas periódicas e capacitações on-line e presenciais aos CRSs e municípios sobre aspectos relacionados à vacina, além da barreira sanitária em portos e aeroportos onde houve confirmação de casos, entre outras atividades.
Vacinação – Em 2020, só nas ações de varredura com apoio da Opas foram aplicadas 55.959 doses de vacina contra o sarampo na população de seis meses a 59 anos, nos dez municípios prioritários, e durante todo o período de combate ao vírus foram aplicadas 79.286 doses em ações de bloqueio e 239.131 doses em ações de intensificação.
Para manter o sarampo sob controle, Jaíra Ataíde ressaltou, ainda, que são fundamentais como ações permanentes: fortalecer a vacinação de rotina; fazer a dose zero em crianças de 06 a 11 meses; manter a vigilância das coberturas vacinais; fazer busca ativa dos faltosos; fazer a vacinação de bloqueio em até 72 horas da notificação do caso suspeito de sarampo, e documentar todas as ações para elaboração de relatório estadual para apresentar ao PNI (Programa Nacional de Imunização) e Opas.
Michelly de Souza disse que ficou emocionada ao apresentar o trabalho, pois é o resultado de muito esforço dos profissionais de saúde e também da população paraense. “Vamos continuar vigilantes, e logo o Brasil vai ser novamente reconhecido pela OMS como território livre do sarampo”, afirmou.
A Mostra da Gestão Estadual do SUS: experiências exitosas para a recuperação das coberturas vacinais contou com a presença do secretário executivo do Conass, Jurandi Frutuoso; do diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Eder Gatti; da representante da Opas/OMS, Lely Gusman; do representante do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde; do representante do Conasems, Alessandro Chagas, e dos assessores técnicos do Conass, Marcus Carvalho e Nereu Henrique Mansano, coordenadores das Câmaras Técnicas de Comunicação em Saúde e de Epidemiologia, respectivamente.
Combate à baixa cobertura – “Essa mostra é uma prova cabal de que muita coisa boa está sendo realizada no Brasil para solucionar este problema das baixas coberturas vacinais. Estar aqui hoje, com o Ministério da Saúde, Conasems e a Opas/OMS, é fundamental para encontrarmos soluções que possam ser levadas aos gestores de saúde”, disse Jurandi Frutuoso.
Além das 13 exposições, a programação contou com palestra on-line da diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SbIm), Isabela Ballalai, abordando o tema “Hesitação Vacinal: como superar?”.
No dia seguinte (20), Jaíra Ataíde e Michelly de Souza também representaram a Sespa na reunião da Câmara Técnica de Epidemiologia do Conass.