Escolas de samba de Belém estão preparadas para brilhar

Written by on 25 de fevereiro de 2024

A Aldeia Cabana de Cultura Amazônica David Miguel receberá, nos dias 1º e 02 de março, o desfile das escolas de samba do 1º Grupo do carnaval paraense. Será a primeira vez que as agremiações, organizadas na ESA-Escolas de Samba Associadas, atuam como correalizadoras do desfile, ao lado da prefeitura de Belém, e nestes últimos dias que antecedem a festa, estão trabalhando a todo vapor para levar à avenida uma apresentação bonita e que contagie o público.

“O Boêmios está em pleno processo de construção do carnaval. Tudo está dentro de nosso cronograma, sem atrasos ou correria. Com toda certeza, o público terá uma boa surpresa com nosso desfile”, falou Eduardo Wagner, carnavalesco da Escola de Samba “Boêmios da Vila Famosa”, que abre o desfile oficial no dia 1º de março, às 21h.

“A expectativa gira em torno de abrir os desfiles com surpresa! Geralmente, a primeira escola é a que subiu do grupo de acesso e se espera pouco dessa escola. Porém, o desfile do Boêmios está preparado para ser diferente disso”, acrescentou Eduardo.

A escola apresenta um enredo que é uma homenagem poética ao Padre Bruno Sechi e ao Movimento República de Emaús, que vai ressaltar o legado deixado pelo sacerdote, seus afetos e seus ensinamentos. “Para isso, criamos uma narrativa lúdica, fundindo o personagem Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, com nosso padre. Por isso, o título do enredo: ‘Dom Bruno, o Cavaleiro de Emaús, e a República da Caridade’”, contou o carnavalesco da escola.

A “Boêmios da Vila Famosa” levará para o desfile 2024 três carros e um tripé, além de sete alas de enredo, baianas, bateria e passistas, totalizando mil brincantes na avenida do samba. “A escola vai apresentar um desfile colorido e alegre. Mesmo as questões mais ‘pesadas’ foram transformadas pela linguagem lúdica do enredo. As alegorias são os pontos mais interessantes, visualmente, pensadas no sentido de impacto visual, porém de modo mais limpo, com menos detalhamento e mais efeito plástico”, adiantou o carnavalesco, destacando ainda que no enredo não há um recorte cronológico, histórico ou biográfico-realista.

“Trata-se de uma narrativa que começa com a chegada do padre a Belém, trazido em barco popopô. Nessa chegada, ele tem um sonho e vê Nossa Senhora de Nazaré, que lhe dá a missão de salvar as crianças que vivem nas ruas, e funda a República da Caridade. Toda a história é imaginada e usa pontos importantes da história de sua vida, porém transformados em situações da narrativa do enredo. Por isso, é uma homenagem poética e não realística”, pontuou o carnavalesco.

A escola está em fase de finalização para levar essa homenagem ao padre Bruno e em busca de permanecer no grupo principal do Carnaval paraense. “As expectativas são as melhores, torcendo para que nada dê errado no transporte das alegorias para a Aldeia, principalmente”, disse ele.

AMAZÔNIA FANTÁSTICA

Com o enredo “Juriê – A fantástica energia da Amazônia Paraoara”, uma entidade curumim que habita as matas do município do Moju e nasce para despertar as lendas, na defesa da Amazônia, a Associação Carnavalesca Bole-Bole, do bairro do Guamá, vai buscar o bicampeonato com desfile no dia 2 de março, sábado, às 22h20.

“Trata de um encantado criança, cuja missão é manter viva a história de seu povo. O povo de Juriê são os habitantes encantados dessa floresta: botos, curupiras, matintas, jacarés, onças, tartarugas. Seres que fazem parte da nossa natureza e do nosso imaginário amazônico. Neste caso, a ambientação destes mitos é o município do Moju, por ser o local de origem da maioria dos fundadores da Bole-Bole”, disse a carnavalesca Cláudia Palheta.

COM AS BÊNÇÃOS DOS DEUSES DO
CARNAVAL

Fundada em 1984, a Associação Carnavalesca Bole-Bole surgiu a partir de um grupo de jovens artistas do bairro do Guamá. Em 2023, foi a campeã do carnaval de Belém com o enredo “Ronaldo Silva, universo cantador na folia do carnaval”. “Eu particularmente acho mais difícil um bicampeonato do que um campeonato. O que faremos é honrar o campeonato que temos. E levaremos para a avenida um desfile em condições de competir para o bi. Mas, sabemos que as demais escolas também estão se preparando e isso é bom, para que tenhamos um ótimo Carnaval. Quem errar menos, ganha”, acrescentou Cláudia.

A associação carnavalesca do Guamá vai levar para a avenida três alegorias, 1.200 brincantes, e vai celebrar 40 anos de muito samba. “A escola faz 40 anos e quer comemorar valorizando aquilo que, para ela, tem sido essencial em seus desfiles: o nosso lugar e a nossa cultura amazônica paraense”, disse a carnavalesca, que destacou ainda que o enredo deste ano veio até a comunidade carnavalesca do Bole-Bole.

“Foi uma demanda da encantaria de Moju para que os encantados sejam sempre lembrados e respeitados. Muita alegria em cantar as nossas coisas. A comunidade absorveu Juriê de uma maneira extraordinária e isso é fundamental para que tenhamos um lindo desfile com muita cor e beleza. Para nós, os nossos mitos são de pura beleza”, acrescentou a carnavalesca, que junto com o pessoal da escola está num ritmo frenético para finalizar tudo e mostrar o enredo na Aldeia Cabana.

“Estamos numa correria louca. Sempre achamos que não vai dar tempo de terminar, mas no final dá. Acreditamos que a energia de Juriê vai nos ajudar”, finalizou ela.

 

 

EPAMINONDAS

Fundada em 1979, a Escola de Samba da Matinha já foi campeã quatro vezes no Carnaval de Belém e este ano leva para a avenida, no dia 1º, às 00h30, o enredo “Epaminondas Gustavo: Chama o Pessuá, o Caboclo d’Odivelas Vai Passá”.

“Em seu desfile de 2024, a Escola de Samba da Matinha promete mexer com as emoções, especialmente com a de milhares de fãs de Epaminondas Gustavo, que por três anos sentem a falta desse juiz-humorista que muitas dores curou, e muita alegria espalhou, com seu humor e irreverência”, falou a juíza Vanilza Malcher, que junto com Kleber Amorim, faz parte da Comissão de Carnaval da escola e coordena uma equipe de trabalho formada por artesãos, costureiras e voluntários. Além disso, os dois assinam as fantasias da escola.

“O carnaval da Matinha está sendo construído com muito amor, por uma comissão e uma grande equipe. Um atelier foi contratado para fazer o traje dos quesitos, e profissionais de Juriti estão produzindo os carros alegóricos. Ao todo, são mais de 100 pessoas trabalhando nessa preparação”, contou Vanilza, que acredita que será um grande, animado e inesquecível Carnaval. “Levaremos à avenida 1.500 pessoas, que estarão fazendo um passeio pela vida e arte de Epaminondas Gustavo, a partir de sua terra natal até sua arte, passando pelo lado profissional de Claudio Rendeiro, criador do personagem humorista, e culminando com uma grande homenagem prestada, na avenida, por profissionais do sistema de Justiça e artistas que tiveram a oportunidade de dividir o palco e a vida com nosso homenageado”, acrescentou ela, que durante a entrevista usou as palavras de Claudio Rendeiro, em uma de suas poesias, almejando que no dia 1⁰ de março, quando a Escola de Samba da Matinha entrar na avenida, tudo possa ser “barracas e saltimbancos”. “Que todos possam sentir-se palhaços; que o desfile da Matinha possa ser um grande espetáculo, provocando em todos sentimentos de leveza e riso e, se possível, ‘de beleza e espanto’. E quem lhe assistir, ou viver o momento, que brinque, porque o ‘caboclo d’Odivelas vai passá!’”, destacou ela.

 

 

HISTÓRIA CELEBRADA

O Rancho Não Posso Me Amofiná, a primeira escola de samba do Pará, fundada em 1934, levará para a avenida no dia 2 de março, sábado, na Aldeia Cabana David Miguel, às 00h40, o enredo “Isso é que é Amor! Onde o Rancho For, Eu Vou! 90 Anos de Paixão Sem Ponto Final”, que celebrará na avenida os 90 anos da escola, que já contabiliza 35 títulos do Carnaval em Belém.

“O enredo trata de um encontro do passado com o presente. Então, a gente vai ver muitos elementos que fazem parte de um Carnaval antigo, clássico, e também nós vamos ver designers contemporâneos demonstrando o encontro dessas gerações. Esperamos passar essa mensagem dessa data importante da escola e que a gente possa brindar o público com um grande desfile. Acima de tudo, aos apaixonados por Carnaval que acompanham a pioneira esse tempo todo”, falou Paulo Anete, carnavalesco da escola, justificando a escolha.

“Noventa anos, não é a qualquer hora que se vê uma escola comemorando. Ao falar de 90 anos do Rancho, se fala da história, se fala de cultura paraense, e a gente precisa vangloriar os nossos aspectos culturais, o máximo possível. Viva o Carnaval”, disse Anete.

A escola jurunense entrará na avenida com três carros: um abre-alas, um carro do meio e um carro que finaliza o desfile da agremiação, distribuído em catorze alas, com 1.800 brincantes que contarão a história desses 90 anos do Rancho.

“Os preparativos estão ocorrendo de forma menos aguerrida do que nós gostaríamos que fosse, diante das dificuldades que as escolas estão passando. Mas o corpo de artesãos e de artistas que trabalha no Rancho, é de profissionais bastante competentes e que garantem o trabalho. Então, apesar de algum atraso, estamos trabalhando com muito afinco para que a gente possa concluir o nosso projeto de Carnaval de 2024”, contou o carnavalesco, que declarou ainda ter uma expectativa um pouco confusa para este Carnaval, por ser uma folia que está sendo executada numa época diferente.

“É um Carnaval atípico. Quando você faz um desfile de Carnaval uma semana antes, a atmosfera do Carnaval e todas as suas implicações, de todas as suas questões, ainda estão em franco processo de andamento. Já é diferente quando você tem alguma coisa que é depois, tem a Quaresma, tem uma série de coisas. A escola, em relação à sua comunidade, está procurando trabalhar para que tenha os melhores resultados possíveis, que na verdade a gente faz Carnaval para o público, a gente não faz para a gente. Faz para a população da cidade de Belém que gosta do Carnaval, da poesia plástica, das músicas que estão envolvidas nesse tipo de espetáculo. São essas pessoas que não deixam o Carnaval morrer. Queremos que mesmo numa data atípica, muito diferente, a gente possa ter esse público”, finalizou o carnavalesco.

SUPORTE

Este ano, as agremiações ligadas à ESA, assim como as escolas e blocos vinculados à Liga Paraense das Agremiações Carnaval- LIPAC, que representa as escolas de samba do 2º e 3º grupo de Belém, e a Liga de Blocos e Escolas de Samba de Icoaraci (Libesi), receberam, no total, R$ 1 milhão do Governo do Estado, via Secretaria de Estado de Cultura, para suporte aos desfiles do carnaval da capital paraense. O repasse dos recursos foi oficializado no último dia 15 de fevereiro, pelo governador Helder Barbalho.

Carnaval 2024

Desfiles do 1º Grupo – Especial

Onde: Aldeia Cabana de Cultura Amazônica Davi Miguel (Av. Pedro Miranda, próximo a Lomas Valentinas – Pedreira)Quanto: R$ 240 (mesas); R$ 600 (frisas/1 dia) e R$ 1 mil (frisas/2 dias). As arquibancadas são grátis, com retirada de 2 ingressos por pessoa para cada dia. A retirada de ingressos e a venda de camarotes é feita na loja da ESA (Shopping Pátio Belém – Acesso Alameda São Pedro – Batista Campos)Informações: (91) 982174792

ACOMPANHE

Dia 1º de março, sexta-feira

l 21h – Escola de Samba “Boêmios da Vila Famosa”l 22h10 – Grêmio Recreativo Carnavalesco “Os Colibris”l 23h20 – Grêmio Recreativo e Carnavalesco “Deixa Falar”l 00h30 – Escola de Samba da “Matinha”l 01h40 – Associação Carnavalesca Sociedade “Embaixada de Samba do Império Pedreirense”

Dia 2 de março, sábado

l 19h – Grêmio Recreativo Escola de Samba “Piratas da Batucada”l 20h – Associação Cultural Recreativo Carnavalesco “Império de Samba Quem São Eles”l 21h10 – Associação Cultural Reacreativa Carnavalesca “Império de Samba Quem São Eles”l 22h20 – Associação Carnavalesca “Bole Bole”l 23h30 – Grêmio Recreativo Escola de Samba “Acadêmicos da Pedreira”l 00h40 – Grêmio Recreativo Esportivo Beneficente Jurunense “Rancho Não Posso Me Amofiná”l 01h30 – Escola de Samba “Xodó da Nega”


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