Entidades da Indústra criticam reativação do aterro do Aurá

Written by on 25 de novembro de 2023

A notícia sobre a possível reativação do aterro sanitário do Aurá provocou reações frente a decisão, entre elas as manifestações feitas pelos representantes da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa). A decisão para reativar o espaço foi apresentada pelo prefeito de Belém Edmilson Rodrigues (PSOL) durante coletiva de imprensa no final dessa semana.

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Com o título “Decepção Ambiental”, a nota assinada pelo presidente da Fiepa, Alex Carvalho, e pelo presidente do Centro das Indústrias do Pará (CIP), José Maria Mendonça, trata com indignação a decisão do gestor municipal e salienta que a gestão de resíduos sólidos urbanos na capital paraense “não é uma prioridade na região”.

“A falta de priorização dos serviços de saneamento básico em uma cidade demonstra falta de eficiência e inteligência, pois esta carência causa muitos efeitos indesejados na população e, ainda, não se deve desconsiderar que isso também representa um crime ambiental, uma vez que a política nacional em relação aos resíduos sólidos estabeleceu prazos para fechar lixões tão prejudiciais à sociedade e ao meio ambiente e nunca a possibilidade de reativar esses espaços”, diz trecho do comunicado.

Ao longo do comunicado, é reforçado o trabalho feito por demais estados brasileiros em encontrar formas de encerrar seus respectivos aterros, o que caracteriza a notícia da reabertura do Aurá como “inaceitável”. “É um revés para a política ambiental e um certificado de falência para a sociedade”.

REATIVAÇÃO

A reativação temporária do aterro do Aurá, em Ananindeua, foi apresentada pela Prefeitura de Belém frente ao encerramento das atividades do aterro de Marituba, motivado após uma ordem por parte do Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA). Saiba mais aqui.

Confira a seguir a nota na íntegra

“Decepção Ambiental

A notícia da reativação do Aterro do Aurá para receber resíduos sólidos urbanos provenientes da Região Metropolitana de Belém é uma mensagem inegável da nossa inabilidade de enfrentar e encontrar soluções para os problemas fundamentais de saúde e qualidade de vida da população. As conclusões levam à certeza mais abrangente de que a gestão de resíduos sólidos urbanos não é uma prioridade na região. Parece que no modelo de gestão compartilhada, a matriz de responsabilidades não foi respeitada.

Encontrar soluções para a gestão de resíduos sólidos significa deixar de destinar recursos à saúde das pessoas, criar oportunidades para cooperativas de catadores, promover a indústria da reciclagem e, sobretudo, devolver dignidade às pessoas que vivem em áreas contaminadas há décadas, utilizadas como locais de armazenamento de resíduos sem qualquer tratamento, como o Aurá e seu entorno.

A falta de priorização dos serviços de saneamento básico em uma cidade demonstra falta de eficiência e inteligência, pois esta carência causa muitos efeitos indesejados na população e, ainda, não se deve desconsiderar que isso também representa um crime ambiental, uma vez que a política nacional em relação aos resíduos sólidos estabeleceu prazos para fechar lixões tão prejudiciais à sociedade e ao meio ambiente e nunca a possibilidade de reativar esses espaços.

Enquanto os estados lutam para encontrar formas de encerrar os seus aterros, a notícia da reabertura do Aurá é inaceitável: é um revés para a política ambiental e um certificado de falência para a sociedade. Ao mesmo tempo que falamos em agenda climática, energia sustentável, cidades inteligentes, não podemos aceitar que a região metropolitana de Belém, importante capital brasileira, situada na porta de entrada do bioma Amazônia e escolhida para sediar a COP 30, não seja capaz de ter soluções eficientes para o tratamento e disposição final de seus resíduos urbanos.

Esperamos que este seja um prenúncio daquilo que não devemos e não podemos aceitar e que, com base nesta triste notícia, possamos mudar a nossa visão sobre os resíduos urbanos, tratando-os não como resíduos, mas como uma oportunidade para o desenvolvimento da sociedade.

Colocamos nossas inteligências e o amor por nossa capital à disposição de nossos dirigentes para encontrarmos uma solução mais palatável para este imbróglio.”


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