Égua do som – É rebeldia musical em Belém
Written by Redação on 12 de junho de 2025
A Produtora Vozes apresenta o ÉGUA DO SOM no Café Com Arte (Trav. Rui Barbosa, 1437) em 14 de junho, a partir das 20h. O festival traz cinco bandas locais — THE RIT, Chorume, Meio Amargo, Má Distribuição e COUT — e três DJs de peso: Emerson Coe, DJ Franz e DJ Gabi Hans.
Bandas
THE RIT: Explosão pop-punk paraense com sotaque tropical.
Esse quarteto de Belém mistura riffs nervosos e batidas reggae em refrões contagiantes, entregando um rock dançante. No palco, espalham alto astral e atitude: cada música vira grito coletivo, timbrada por guitarras distorcidas que evocam simultaneamente os punks e uma ginga. Eles tocam com urgência juvenil, como se canalizassem o melhor do rock nacional numa festa de rua iluminada por fumaça e néon. É diversão e desabafo embalados num show de puro suor e guitarra empunhada no alto.
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Chorume: Poderoso massacre sonoro direto do Norte.
Formada em 2021, a banda já se lançou como referência de sonoridade densa e visceral. No palco, a entrega é crua e autêntica – eles transitam “entre o shoegaze, o punk e o rock alternativo”, numa mistura explosiva que atiça o caos. O álbum de estreia Direto do Esgoto (2024) exemplifica isso: camadas de distorção saturam os refrões, as letras ácidas provocam inquietação, e a estética sonora desafia qualquer “boa forma” pré-estabelecida. A crítica envolve o som como se fosse ácido correndo na pele; no palco, a energia intensa da Chorume cristaliza isso, fazendo cada show parecer um apocalipse dançante.
Meio Amargo: Contradição em forma de rock paraense.
Projeto de Lucas Padilha, o Meio Amargo abraça a dualidade como linguagem: “doses de alegria, nacos de tristeza”, canta ele em versos que apontam o humor ácido por trás do romantismo falho. As canções soam simples e pop, mas são punhais de emoção embalados em alt-country acústico. O lirismo literário passeia por influências de folk alternativo – Jeff Tweedy (Wilco) aparece nas harmonias acústicas de “Pra Nós Dois”, Mark Lanegan em duas faixas carregadas, e até Donovan em baladas melódicas. Tudo isso retocado com um sotaque protuberante do rock amazônico clássico (as levadas lembram Suzana Flag e Baudelaires). Ao vivo, Lucas e banda viram confessionário público: violões e guitarras afiados guiam um coro de celebração amarga, onde cada refrão é quase um mantra de autoironia e fuga emocional.
Má Distribuição: Guitarras afiadas carregadas de ironia urbana.
Sem papas na língua, essa banda de Belém atira riffs firmes e refrões venenosos contra o comodismo. O nome já denuncia a proposta: eles distribuem baixo teor de açúcar e alta voltagem nos shows. Entre altos arranjos de guitarra e bateria contundente, a Má Distribuição encaixa influências do rock clássico e do punk local, resultando num rock’n’roll energético e cortante. Ao vivo, o power trio corta o ar com solos precisos e letras críticas – um verdadeiro grito de inconformismo traduzido em acordes.
COUT: O derradeiro “duo de rock amazônico” em ação.
Formada em 2016, essa dupla origina do Pará traz na bagagem um tsunami de riffs pesados e grooves hipnóticos. A guitarra distorcida e a bateria turbinada convertem os ritmos tradicionais numa versão acelerada do manguebeat. Eles se intitulam “o último duo de rock amazônico do planeta”, e o palco comprova isso: Pouquíssimas notas são suficientes para virar a terra; cada solo é um convite ao delírio coletivo. A atitude é de quem acha que no rock vale tudo: enquanto o beat encaixado reforça a raiz regional, a produção soa global e suja, à prova de purismos. A dança é quase natural quando eles atacam – a chuva em Belém que se cuide.
Deejays
DJ Emerson Coe: Mestre dos sintetizadores e fogo de pista.
Convidado para substituir o DJ Ruy Oliveira, Emerson conhecido pela curadoria que mantém o DNA autoral, misturando techno pulsante e house orgânico em pilhas de vinil. No palco, joga o público numa viagem noturna: baixos pesados e batidas sincopadas escalam até hi-hats nervosos, criando tensão antes dos drops. A estética é soturna e futurista, como se o rock tivesse virado rave em galeria de arte. É quem faz a pista tremer.
DJ Franz: Veterano das pick-ups e alquimista do crossover.
Franz carrega décadas de grooves nos discos de vinil, e em cada set ele mescla clássicos nostálgicos com explosões modernas. Conhecido por remontar pistas underground, ele caminha entre trance melódico e techno tribal, com pitadas de rock eletrônico que surpreendem até os mais sisudos. Pensa num DJ que acorda nas madrugadas dos anos 80 e 90 e traz toda essa experiência para Belém: o resultado é um turbilhão de sons – batidas quebradas, efeitos químicos, e edição nervosa de samples. Cada transição é um recado rebelde, garantindo que ninguém fique parado quando as luzes de Franz se acendem.
DJ Gabi Hans: Energia feminina no comando.
Gabi chega com pressa de sacudir multidões. Ela mistura melodias arrojadas a batidas incandescentes, levando o público a um transe coletivo. Sua presença é quase um manifesto visual: look ousado, mixagens afiadas e muitos sintetizadores no 12. O set de Gabi Hans é narrativa: cada drop conta uma história de empoderamento e libertação, embalando a multidão em êxtase pós-moderno. A pista funciona como catedral, onde suas batidas reverberam solenes, lembrando que até no espaço eletrônico cabe uma pitada de atitude rock’n’roll.
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Além da música, o público aproveita barraquinhas de produtos esotéricos, vinis, camisetas e artigos geek. Pessoas com mais de 60 anos e PCD têm entrada gratuita (mediante documento) — basta solicitar no privado. Os demais ingressos estão à venda no Sympla.