Dois milhões de brasileiros estão dentro do espectro autista

Publicado em 1 de abril de 2023

“É necessário quebrar paradigmas, paradigmas de que autista não
é afetuoso, que não consegue demonstrar carinho…É importante que a atitude das
pessoas mude e que elas tenham mais empatia e respeito pelo outro”.

Esse é o relato de Vanessa Amado, mãe da Fernanda, de 7
anos, uma criança que como muitas outras adora brincar, correr, dançar e se
divertir. Sua única diferença é que ela tem Transtorno do Espectro Autista
(TEA).

As crianças dentro do (TEA) podem ter uma curva de
aprendizado diferente, mas nada impede que elas sejam inseridas em atividades
sociais e estimuladas com o acompanhamento de profissionais que vão auxiliar em
seu desenvolvimento.

O autismo pode ser caracterizado por um transtorno de
neurodesenvolvimento, que é acompanhado por déficits na comunicação, interação
social, cognição e até desenvolvimento motor. De acordo com um levantamento feito
pelo Center of Diseases Control and Prevention (Centro
de Controle Doenças e Prevenção) nos EUA estima-se que a prevalência de autismo
entre crianças de 8 anos é de 1 a cada 44. Se estes dados de 2018 forem extrapolados
para o Brasil, é possível dizer que aproximadamente 2 milhões de pessoas vivem
com TEA em nosso país.

Como o espectro é percebido logo na infância, uma gama de profissionais
vêm se especializando para dar acompanhamento à essas crianças, com o objetivo
de auxiliá-las em seu desenvolvimento.

É o caso de Gabriela Rocha, que é fisioterapeuta especializada
em desenvolvimento infantil. Atuando em Belém, ela explica ao
DOL como os pais podem identificar sinais do TEA nos filhos.

“Hoje os critérios diagnósticos já evoluíram muito e, talvez
por isso, existem muitos mais casos de pessoas ao nosso redor. Os pais podem
identificar sinais em seus filhos desde bebê, como por exemplo na dificuldade de
comunicação verbal e não verbal, na restrição de algumas atividades típicas na
infância, dificuldade na interação com outras crianças, movimentos repetitivos
(esteriotipias). Quanto maior o entendimento da família sobre esses sinais,
mais precocemente pode ser feito o diagnóstico”.

 











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Gabriela explica que não há uma “cura” para o autismo, mas
sim, acompanhamentos multidisciplinares essenciais ao desenvolvimento das
crianças. Em seu trabalho especializado na fisioterapia, ela auxilia os
pacientes em suas dificuldades motoras.

“A fisioterapia contribui muito para o ganho de
independência funcional, agindo na melhora da coordenação motora, equilíbrio,
autocontrole corporal e até controle dos movimentos atípicos, podendo assim
ajudar a inserir essas pessoas no contexto social. Por isso não se deve
negligenciar a questão motora no Autismo”, explica a profissional.

Com o aumento da procura por informações sobre o TEA, muitos
pais se perguntam sobre quais os principais sinais que uma criança pode
apresentar. Gabriela Rocha explica que muitos pais ficam hipervigilantes sobre
o comportamento dos filhos, e não estão errados, pois toda dúvida é válida e a família deve sempre ser ouvida pelos
profissionais.

“As principais dúvidas surgem no período de idade escolar
das crianças, quando elas iniciam a ida à escola e acontece de terem
dificuldade de interagir com os coleguinhas, seja por atraso na linguagem ou
por simplesmente não se sentirem à vontade no ambiente. E se tratando da fisioterapia,
o principal motivo de procura é o andar nas pontas dos pés e consequente
dificuldade no equilíbrio”, explica a fisioterapeuta.

Vanessa Amado conta que logo aos 1 ano e 8 meses de vida sua
filha, Fernanda, apresentou sinais de TEA, mas o diagnóstico só foi fechado
quando ela completou mais de 2 anos.

 “Eu já atuava com o
público TEA na época como professora e atualmente estou como musicoterapeuta,
então, já conhecia as características apresentadas por esse público. Com isso,
foi mais fácil de perceber que minha filha estava dentro do espectro”, conta
Fernanda.

Fernanda afirma que é necessário quebrar certos
preconceitos, principalmente de pessoas que não compreendem o TEA e acabam deixando
de ter empatia por crianças que são cheias de potenciais.

“Antes da Fernanda ser a criança com TEA, ela é a Fernanda.
Ela tem os seus gostos, suas particularidades, suas potencialidades, e a gente necessita
que as pessoas olhem o que é potencial e não só o que é a dificuldade de nossos
filhos. Entender que sim, o espectro traz muitas estereotipias, mas se formos olhar
para a gente, também temos. Um balançar de pernas, um bater de caneta, mas não
evidenciamos isso”, afirma a musicoterapeuta.

No dia 2 de abril é celebrado o dia mundial de
Conscientização do Autismo, uma data que coloca em evidência a necessidade de
apresentar informações sobre o TEA às pessoas, com o objetivo de reduzir a
discriminação e o preconceito. Em alusão a esta data, em Belém será realizada
uma caminhada de conscientização, na Praça Batista Campos, no horário de 10h30 às 12h, uma
iniciativa do Centro de Fisioterapia Reabilitar. 


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