Covid-19: há cinco anos era confirmado o 1º caso no Pará
Written by Redação on 18 de março de 2025
“Eu nem sabia que ia começar a Covid, né? Aí fui fazer um exame de rotina e descobri que tinha um problema de saúde. Depois, viajei para a casa da minha mãe para passar um final de semana. Acabei ficando quatro meses lá, sem poder me tratar, sem poder sair para lugar nenhum”. Essa é a principal lembrança que a pedagoga Darliete Castro, 50 anos, tem de março de 2020.
Neste dia 18, completam-se cinco anos do início da pandemia de Covid-19 no Pará, quando foi confirmada a infecção do primeiro paciente pelo SARS-CoV-2, o novo coronavírus, que à época ainda era uma doença desconhecida.
Ninguém esperava, mas o vírus – detectado inicialmente em Wuhan, na China – deixou um rastro de milhões de infectados e só foi contido de fato com a chegada da vacina, desenvolvida em tempo recorde, cerca de um ano após o primeiro caso registrado. No Pará, o primeiro contaminado oficialmente identificado pelas autoridades de saúde tinha 37 anos e veio da cidade de São Paulo dias antes do início dos sintomas. Ele conseguiu se recuperar, mas até hoje muitas famílias sentem a dor da perda de entes queridos.
Foi o caso da irmã do promotor de eventos Juan Pimentel, 25, que foi um dos parentes dele que morreu da doença. “Foi uma coisa, sei lá, surreal. Uma sensação de não poder fazer nada, literalmente nada, só ficar trancado em casa. Depois de cinco anos, ainda é algo muito impactante. Para mim, principalmente, porque perdi pessoas bem próximas”, relata.
De março de 2020 até o último dia 6, 906.108 casos de Covid-19 tinham sido registrados no Pará, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sespa). “Depois de cinco anos, a Covid já não é mais uma ameaça epidêmica, mas continuará sendo endêmica. Novas variantes devem surgir, mas acredito na proteção proporcionada pela vacina. Quem se vacinou tende a ter uma forma mais branda da doença, diferente de quem não se imunizou. Então, é muito importante vacinar, porque já existe uma defesa contra variantes novas. Enfrentar um vírus sem nenhuma vacina é sempre um risco”, explica a médica infectologista Andrea Beltrão.
Alguns cuidados com a higiene pessoal, que antes da pandemia não recebiam tanta atenção, tornaram-se essenciais no combate à doença. Segundo Beltrão, esse é um hábito que não pode ser abandonado, mesmo após tanto tempo. “Tivemos que colocar em prática medidas preventivas, como o uso de álcool, a lavagem das mãos, o uso de máscaras, toda aquela prevenção máxima para evitar a transmissão do vírus entre as pessoas. Isso foi uma lição muito importante que não podemos deixar de manter”, reforça.
Ela destaca que a possibilidade de uma nova pandemia é inerente à natureza e que é fundamental estarmos preparados, tanto com cuidados individuais quanto com políticas públicas estruturadas para esse tipo de emergência.
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“Sempre haverá o risco de novas epidemias semelhantes à Covid. Já vivemos isso antes com a influenza e podemos enfrentar novamente no futuro. Pode não ser agora, pode levar décadas, mas precisamos estar preparados. Devemos aprender com o que vivemos e garantir que estaremos mais bem estruturados caso aconteça outra vez”, conclui Beltrão. Além de relembrar os fatos, esta reportagem também presta homenagem às 19.331 pessoas que perderam a vida para a Covid-19 no Pará nos últimos cinco anos.