COP27: Pará e outros Estados da Amazônia terão destaque
Written by on 7 de novembro de 2022
Pela primeira vez, nos últimos 27 anos, a Amazônia vai ter um espaço próprio no Pavilhão Azul, reservado aos países que participam da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2022 (COP-27), entre os dias 6 e 18 de novembro, no Egito. Por iniciativa do Consórcio Interestadual da Amazônia Legal, a região brasileira será o único ente subnacional a ter um pavilhão na Zona Azul, onde normalmente ficam os estandes representando os países.
Esse mesmo espaço, chamado de “hub”, vai receber também o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e sua comitiva, que deve contar com a participação da ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), e com a senadora e ex-candidata à presidência da República, Simone Tebet (MDB).
Quem coordena a comitiva de governadores da Amazônia Legal é o paraense Helder Barbalho. Em entrevista ontem (6) ao Jornal da emissora Globo News, ele defendeu a manutenção da floresta em pé, ação que combate o desmatamento, ao ser remunerada por países poluidores como compensação pela emissão de gás carbônico.
Helder comenta a participação de governadores na COP 27
O governador do Pará defende que o programa “Floresta em Pé” seja a nova commodity. “É fundamental que os grandes operadores financeiros globais possam compreender que a floresta em pé precisa ter um valor, ao transformá-la em uma nova commodity global”, defendeu.
Segundo ele, a floresta amazônica poderia render um bilhão de dólares aos estados que abrigam o bioma. “É preciso ter a Amazônia em pé como um ativo econômico”, defendeu; lembrando que a ação significa emprego e desenvolvimento econômico e social. “É possível fazer a monetização da floresta, mantendo o equilíbrio necessário e preservando também as comunidades tradicionais”, explicou o governador.
“A Amazônia deve ser enxergada como uma nova alternativa para a geração do chamado “emprego verde” e pode contribuir para a melhoria de vida de mais de 25 milhões de pessoas”, ressalta o governador paraense. “É preciso sair do viés do desmatamento para um novo modelo de desenvolvimento pensado e aplicado à região, de maneira a construir um equilíbrio climático”, defende.
Helder Barbalho disse que a presença dos estados amazônicos consorciados representados na COP 27 dá a oportunidade para que sejam adotados planos conjuntos. “É a oportunidade de discutirmos uma agenda própria e única”. Os governadores viajam para o Egito com a intenção de apresentar uma meta regional de combate ao desmatamento.
“O Brasil precisa voltar a ser um protagonista nas discussões sobre a Amazônia. Precisamos sair do estágio de desconfiança dos investidores e governos internacionais para ter credibilidade perante o planeta, ao colocarmos em prática os compromissos da agenda ambiental”, defendeu o governador.
OPORTUNIDADE
Helder disse também que enxerga a primeira agenda internacional do presidente eleito como “uma oportunidade de convocar o mundo para debater a Amazônia, a partir da autonomia e da liderança do Brasil, para que seja possível, de forma drástica, reduzir crimes ambientais, desmatamento e emissões de gases de efeito estufa”.
Pelo quarto ano seguido, o Brasil aumentou a emissão de gás carbônico. Foi 1,99 bilhão de toneladas em 2018; 2,15 em 2019; 2,16 em 2020; e 2,42 em 2021. Manter a floresta em pé é essencial para deixar o carbono seguramente armazenado na vegetação e não se tornar CO2 na atmosfera, o que aumentaria o aquecimento global. A Amazônia armazena entre 150 e 200 bilhões de toneladas de carbono. Se não for protegida, a floresta pode deixar de ser um sumidouro para virar um grande emissor de gases de efeito estufa.
O carbono é o principal elemento químico da madeira (com aproximadamente 50% de carbono). Uma fração importante deste carbono é armazenada na biomassa em decomposição na superfície do solo (cascas, folhas e ramos caídos), nas camadas orgânicas e nas frações minerais do solo.
A compensação de carbono monetizada é uma prática do mercado de carbono, um sistema que promove o intercâmbio entre quem gera créditos de carbono por reduzir emissões – mantendo a floresta em pé, por exemplo – e quem precisa compensar suas emissões residuais, como os países mais industrializados e com pouca ou quase nenhuma floresta.