Carimbolando no Maranhão: grupos participam de intercâmbio cultural
Written by Redação on 15 de julho de 2025
Quem disse que já acabou o São João? Ao menos no Maranhão, o período marcado pelas festas e empolgação juninas ainda lateja pelos quatros cantos do estado neste mês de julho. E dessa vez, um convidado muito especial esteve presente na terra da encantaria. O carimbó paraense se fez representar, com apresentações de grupos na capital São Luís e no município de Alto Alegre do Pindaré, onde viveu um verdadeiro intercâmbio com duas tradições locais: a dança Cacuriá e o bumba-meu-boi.
A primeira apresentação ocorreu na última sexta-feira (11), no Espaço Cultural Mestre Coxinho, no centro histórico de São Luís, quando músicos e dançarinos do Pará conheceram de perto a tradicional manifestação maranhense, marcada pela sonoridade e dança sensual que há décadas encanta quem participa das apresentações. Imbira Reis Brito, dançarina e produtora do grupo Balaio das Rosas, explicou os fundamentos do Cacuriá.
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“O Cacuriá é um ritmo que nasceu na década de 1970, com Seu Lauro, e esse Cacuriá foi fundado pelo Grupo Laboriais, com a Dona Teté. Vai fazer quarenta anos que a gente faz esse trabalho, essa brincadeira sensual e de duplo sentido, também cultural e alegre”, disse ela, que conhece o carimbó de perto, em visitas já realizadas ao Pará.
PÚBLICO ANIMADO
Após a apresentação da dança Cacuriá, que dura em torno de 40 minutos, foi a vez do Grupo Parafolclórico Flor da Amazônia, tradicional em Belém há mais de 30 anos, se apresentar e levar ao público maranhense vários ritmos já conhecidos nacionalmente na voz de artistas como Dona Onete e Joelma, ali interpretados por Alexandre Miranda.
No momento da apresentação, foi difícil alguém ficar parado. A interação com o público chamou atenção e todos eram convidados para entrar na roda com os dançarinos do ritmo que é patrimônio cultural imaterial do Brasil.
A professora Ana Lima, que é de Belém e estava de férias no Maranhão, comemorou o momento afirmando que a empolgação pela mistura cultural está no sangue. “Eu achei maravilhoso, os dois grupos dançaram maravilhosamente bem e o carimbó, assim é no Pará, e o cacuriá, aqui em São Luís, estão no sangue de todo mundo também. Eu me apaixonei pelo cacuriá assim como me apaixonei pelo carimbó”, apontou.
MISTURA BOA
Em um segundo momento, o carimbó se apresentou em outro município maranhense, Alto Alegre do Pindaré. O município presenteou o público presente com o espetáculo do Boi Mocidade, no último domingo (13). A desenvoltura dos quase 70 bailarinos e bailarinas, todos devidamente caracterizados com o traje típico, chamou a atenção pelas cores e figurino alinhados conduzidos pelo boi, personagem principal da festa.
Amanda Barbosa, dançarina do Boi Mocidade, lembrou a função social do grupo, que existe há cinco anos na cidade. “A gente sempre tenta buscar convidar adolescentes, crianças para poder trazer para o nosso boi ao invés de fazer outras coisas. Muito bom ver eles aqui com a gente, aprendendo a bordar as própria indumentárias. Estamos no nosso quinto ano só melhorando a cada dia”, contou Amanda.
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Projeto resgata tradições entre Pará e Maranhão
Alexandre Miranda é um dos fundadores do grupo Flor Amazônia e saiu do estado do Pará pela primeira vez desde que o grupo onde canta foi fundado. Para ele, a mistura dos ritmos do carimbó e do boi-bumbá no intercâmbio Maranhão/Pará era algo que sabia que ia dar certo.
“Eu sempre ouvi falar, acompanho o balanço, o ritmo do cacuriá, até porque nós somos um grupo parafolclórico e isso nos permite usar ritmos de outras regiões. Então o cacuriá tem uma semelhança com o nosso lundu, sendo que eles são um pouco mais rápidos. Mas o requebrado, o gingado, a sensualidade é a mesma e tem uma direção, uma batida para o carimbó. Segundo os historiadores, o cacuriá é um carimbó”, explicou.
CARIMBÓ NA ORLA
A participação do grupo Flor da Amazônia em solo maranhense foi mais uma etapa do Projeto “Carimbó na Orla – Ritmo e Cores da Cultura Amazônica”, voltado para transformar as orlas dos estados do Pará e Maranhão em palcos vivos de uma das manifestações mais autênticas da Amazônia.
A iniciativa, realizada pela Intera Produções e Eventos, Ministério da Cultura e Governo Federal, conta com patrocínio do Instituto Cultural Vale, via Lei de Incentivo à Cultura, e já é um marco no cenário cultural da região. “Ao levar apresentações do grupo Flor da Amazônia, que tem mais de 30 anos de trajetória, para as orlas de municípios paraenses e maranhenses, o projeto mantém viva a tradição, ensinando às novas gerações os passos, os toques e as histórias por trás desse ritmo ancestral. As oficinas de dança e percussão, assim como os bate-papos com mestres, aprofundam o conhecimento prático e teórico, criando uma ponte entre o passado e o futuro”, explicou Cristiano Aguiar, coordenador geral do projeto.