Bairros de Belém se preparam para a Malhação de Judas
Written by Redação on 18 de abril de 2025
No bairro da Cremação, em Belém, os dias que antecedem o Sábado de Aleluia ganham cores, sons e memórias de uma tradição que atravessa gerações: a Malhação de Judas. Muito além de um simples ritual simbólico, o evento é uma verdadeira celebração popular, que envolve moradores, decorações temáticas, gincanas, música e, claro, os irreverentes bonecos de Judas, que são preparados com dias de antecedência.
À frente da Associação de Malhadores de Judas da Rua Conceição com 14 de Março (AMJUC14M), o aposentado Alberto Jesus Cantanhede, de 76 anos, carrega nas costas e no coração 56 anos de dedicação à tradição. Ele mesmo coordena a montagem dos bonecos, feitos de garrafa reciclada e jornal, e a decoração da rua, com ajuda de amigos e familiares.
A programação da Associação começa na véspera, nesta sexta-feira (18), com a pintura e decoração da rua Engenheiro Fernando Guilhon, entre a avenida Generalíssimo Deodoro e a travessa 14 de março, bem em frente a casa do seu Alberto – de número 2077. Este ano, um dos temas que deve inspirar a festa é a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), abordando a sustentabilidade de forma lúdica e criativa, mas sem deixar de lado o toque cultural e popular que é a marca registrada do evento.
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O grupo responsável pelos preparativos é pequeno: cerca de dez pessoas que se revezam entre subir escadas, decorar a rua, montar as estruturas, cada um faz uma parte. “É alegria! É uma manhã alegre. Quando a rua já está toda decorada, o povo vem brincar, participar das gincanas. É bonito de ver”, diz.
AJC
Ainda na Fernando Guilhon, outro grupo também se movimenta para manter a tradição. Na esquina com a Alcindo Cacela, a Associação Judas da Cremação (AJC), composta por um grupo de cerca de 20 pessoas, já está com os trabalhos em ritmo acelerado. Ana Paula Holles, de 48 anos, participa da associação há 16 anos. “Nossa história começou há mais de 70 anos, com o seu Francisco Raimundo, conhecido como Quincas. Isso aqui é meu orgulho e gratidão ao seu Quincas que começou essa festa”, lembra.
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Ela conta que a organização começou ainda em setembro do ano passado. Os preparativos começam com “bem antes com as rifas, os preparativos dos bonecos, tudo com muito cuidado. Esse ano o tema vai puxar para a COP 30 e também um pouco para marcar o combate a temas importantes como a própria COP 30, assim como feminicidio e pedofilia”, continuou Holles.