Azzy: a rapper que vai estar na nova novela da Rede Globo

Written by on 30 de novembro de 2022

Isabela Oliveira, mais conhecida como Azzy, de 21 anos, é uma das cantoras de maior sucesso da nova geração’ de rappers no Brasil. Com letras autobiográficas, a artista revela que a música foi a sua salvação, em meio a um passado conturbado. Aos 12 anos, ela fugiu de casa depois de sofrer abusos sexuais de um homem da família. Sem apoio, a pré-adolescente, sonhadora e que gostava de escrever poemas, acabou entrando para o mundo do crime, até ter sua arte reconhecida e explodir com o projeto Poesia Acústica, em 2019.

A cantora de São Gonçalo está cada vez mais chegando em um patamar fantástico. Ela já está entre as artistas de maior sucesso da nova geração de música urbana do Brasil. Agora ela está escalada para atuar na próxima novela das 19h da Globo, que vai se chamar “Vai Na Fé”.

 











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“Sai de casa aos 12 anos de idade porque sofria abuso sexual de uma pessoa que era parente mesmo. E acabou acontecendo aquela coisa da mãe e a família não acreditarem e ficar aquele clima muito ruim. Foram idas ao conselho tutelar, delegacia, exame de corpo de delito e, por eu já entender um pouco de música, esse foi o meu estopim para sair de casa e ir atrás do meu sonho, para eu me desprender disso que aconteceu. Sempre amei muito música. Desde a época da escola, era muito envolvida com arte”, declara.

Azzy escreveu uma de suas primeiras composições inspirada em seu drama pessoal. “Tem uma música minha chamada Fedendo a Ódio, que foi um dos meus primeiros trabalhos com a Pineapple, na qual eu falo sobre a minha história e o que aconteceu. Muitas mulheres se identificaram comigo. Não sai de casa falando: ‘Ah, quero ter minha independência com 12 anos de idade’. Sai de casa porque não suportava mais viver aquilo. Eu não suportava mais estar em um ambiente onde as pessoas não respeitavam a minha integridade física e mental. Eles não conseguiam olhar para mim e enxergar a criança que eu era, o que eu estava passando e não me abraçavam”, lamenta.

Sem ter para onde ir, a cantora encontrou oportunidade no tráfico de drogas. “Para mim, foi muito díficil sair de casa naquela idade. Foi uma missão. E acabei me envolvendo com o tráfico de drogas. Passei dois anos e meio traficando. Quem me conhece aqui de Niterói está ligado nessa história. Na rua, eu só tinha essas opções, ou eu me prostituia, virava mulher de bandido ou morria. E, por eu ter sofrido abuso sexual, sempre tive muito medo de homens, da rua e eu preferi ir para o caminho que eu achava que iria me proteger, que foi o tráfico de drogas. Eu marquei plantão, fiz de tudo”, assume.  

Na mesma época, Azzy começou a estreitar seus laços com a música. “Comecei a me envolver com o rap na batalha de rimas, no Rio D’ouro (bairro de Niterói), onde Oroshi, Xamã foram descobertos. Sempre gostei muito do hip-hop. Quando era mais nova, minha mãe tinha um CD da Mariah Carey, que eu gostava. Akon, Usher, enfim toda essa galera mais das antigas, eu escutava muito. Comecei ouvindo rap internacional. As batalhas me fizeram descobrir o rap nacional. Sou compositora desde que me entendo por gente. Mas não comecei escrevendo rap. Eu fazia poesia. As batalhas me fizeram apaixonar pelo movimento do rap”, conta.

Ao se envolver no rap, a artista teve a chance que mudou sua vida. “Foi uma história bem louca. Aos 15 anos de idade, conheci o meu produtor, que estou com ele até hoje. Ele me acolheu, me levou para dentro da casa dele e abriu várias portas para mim. Nunca, de forma alguma, ele me desrespeitou. Chamo ele de paizão. Ele me criou praticamente. Posso dizer que ainda bem que encontrei ele, porque eu poderia ter passado por muito mais coisas ruins, além das que eu já passei. Isso me deu mais força, mais vontade ainda de correr atrás do meu sonho, de ser a mulher que sou hoje, a mãe que me tornei. Para mim, isso é muito importante”, define.

Mãe da pequena Lua, de 2 anos e 9 meses, e Dominic (da sua atual união com o cantor Ryan Realcria), de 1 mês, Azzy ressalta a importância de novas vozes femininas no universo ainda muito masculino do rap. “Por ser mulher, em um movimento que ainda é muito machista, é uma luta muito grande. Bater na porta e entrar de cabeça nisso e ser representatividade para outras mulheres é muito foda. É muito bom ser uma das representantes desse movimento. Estou aí vivendo de música, uma coisa que eu nunca imaginava que poderia acontecer”, comemora.

Para a cantora, sua arte funciona como terapia para ajudar a lidar com os fantasmas do passado. “São coisas que eu ainda tenho que superar, que não tem como esquecer, porque é a minha história. O que eu senti e aconteceu comigo me deram motivação para chegar aonde estou hoje. A música Fedendo a Ódio escrevi quando estava vivendo essa situação em casa. Era uma forma de me escutar, me entender e foi aonde eu encontrei força. Só não imaginava que fosse ajudar tantas outras pessoas a conseguirem lutar, por meio da minha arte, minha música”, celebra.

Atualmente, Azzy está no elenco de Nada Mudou – Poesia Acústica #11, single mais recente do projeto que a deu projeção nacional e já soma mais de 16 milhões de visualizações. A rapper niteroiense também prepara novidades e, para a alegria de seus fãs, músicas inéditas serão lançadas em breve.

“O Poesia Acústica foi uma porta aberta para o rap no Brasil inteiro e até no mundo, porque a gente foi indicado ao Grammy, fomos trilha sonora de novela, ganhamos o prêmio MTV Miau. É o rap acontecendo. As pessoas falam: ‘Ah, mas Poesia Acústica não é rap’. Mas as maiores estrelas do rap atual passaram pelo projeto. Para mim, especificamente, tive um reconhecimento enorme na minha carreira e experiência de palco com eles, porque rodei o Brasil inteiro em turnê com eles. Foi muito bom isso, porque quando eu comecei minha carreira solo, já tinha uma noção maior”, conclui.


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