Atingidos por barragens terão participação ativa na Cúpula
Written by on 2 de agosto de 2023
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) está mobilizando atingidos e atingidas de sete estados da Amazônia para estarem em Belém no conjunto de atividades que precede a Cúpula da Amazônia, reunião oficial dos chefes de Estado da região, integrantes da OTCA – Organização do Tratado de Cooperação Amazônica.
As ações incluem debates sobre transição energética e mudanças climáticas, as violações de direitos pelos grandes projetos e desafios para a preservação da floresta com a melhoria de vida de sua população. Além disso, o MAB organiza uma barqueata para denunciar os crimes da mineração “De Mariana (MG) à Amazônia” e articula uma agenda cultural com a mostra “Arpilleras Amazônicas”, que apresenta telas bordadas por mulheres atingidas.
As ações integram a programação dos “Diálogos Amazônicos” e da Assembleia dos Povos da Terra pela Amazônia, atividades que antecedem a Cúpula da Amazônia, da qual participarão os chefes de Estado da região. As atividades ocorrerão de 4 a 9 de agosto, em Belém.
No domingo (6), o MAB, junto com parceiros, realizam o Seminário Nacional “Desafios da Transição Energética Popular na Amazônia”, construído pela Plataforma Operária e Camponesa da Água e Energia (POCAE). A atividade busca construir pontos de unidade rumo a um Projeto Energético Popular para o Brasil e contará com a presença de lideranças de diferentes organizações que atuam na Amazônia.
Na segunda-feira (7), às 9h, ocorre a barqueata “De Mariana a Amazônia, somos todos atingidos”, com a participação de um grupo de atingidos pelo crime da Vale e BHP Billiton na bacia do Rio Doce, em Minas Gerais e Espírito Santo.
Outras atividades que o MAB participará são a Assembleia e Marcha dos Povos da Terra pela Amazônia (07, 08 e 09 de agosto) e a Plenária Panamazônica da Via Campesina dia (07 de agosto).
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Larissa dos Santos Farias, atingida pela Hidrelétrica de Tucuruí, no município de Cametá, nordeste paraense, é uma das integrantes do MAB que vai participar dessa jornada. “Eu irei participar da Cúpula dos presidentes em agosto, porque é muito importante a presença de nós, atingidos, num evento que vai falar sobre a Amazônia, sobre o meio ambiente, a preservação, né? E também debater e marcar outras agendas para que possa haver mais diálogo e mais explicações sobre as mudanças climáticas, os impactos de grandes projetos como a Hidrovia Araguaia-Tocantins, que irá atingir diretamente o município”, alerta Larissa.
A Cúpula da Amazônia
Nos dias 8 e 9 de agosto, a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) realizará, em Belém, a Cúpula da Amazônia – IV Reunião de Presidentes dos Estados. O encontro reunirá os líderes dos países membros da organização (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela) para elaborar estratégias de cooperação e medidas de sustentabilidade e mitigação das mudanças climáticas.
A atividade está sendo considerada uma espécie de preparação para a COP-30, o evento mais importante do mundo sobre as mudanças climáticas, a ser realizada também em Belém, em 2025.
No último 25 de julho, Lula falou sobre a relevância da Cúpula no canal oficial da presidência. “Nós vamos fazer um grande encontro, o primeiro que vai reunir os oito chefes de estado da América do Sul que tem Floresta Amazônica, mais os dois Congos que tem grande floresta na África e mais o primeiro ministro da Indonésia, que é o país que tem mais floresta na região asiática. Então, nós vamos fazer esse encontro para começar a elaborar uma proposta para COP-28. Vai participar muita gente. Não é uma coisa só de governo, vai ter um encontro popular com mais de cinco mil pessoas. Tem movimento popular, tem intelectuais, pesquisadores, ambientalistas, ou seja, é todo mundo dando palpite. Para que depois a gente construa uma coisa que seja sólida para apresentar ao mundo. Nós vamos cuidar do nosso planeta”, finalizou
Por isso, o MAB terá uma participação ativa nesse período. “Tendo em vista o papel que a Amazônia tem para regulação do clima no planeta e serviços ecológicos que ela oferece, a Cúpula ganha uma dimensão tão grande quanto as COPs. A expectativa é que a Cúpula da Amazônia resulte em compromissos concretos e ações efetivas para a preservação do bioma”, de acordo com Francisco Kelvim, da coordenação nacional do MAB.
Quem é o MAB?
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) é uma organização popular formada por pessoas que têm em comum o fato de seu modo de vida ter sido modificado pela construção, operação, ameaça ou rompimento de barragens e pelas demais estruturas predatórias ligadas ao modelo energético adotado no Brasil.
Em seus mais de 30 anos de organização, o MAB se tornou um instrumento fundamental para a garantia de direitos, como reassentamentos, indenizações mais justas, apoio para produção e acesso a políticas públicas no campo, nas florestas e nas cidades, de norte a sul do país. Atualmente, o MAB está organizado em 20 estados do Brasil. Na Amazônia, o Movimento tem organização nos estados do Pará, Amapá, Amazonas, Rondônia, Maranhão, Mato Grosso e Tocantins.
Onde encontrar o MAB nos eventos da Cúpula da Amazônia
04
Todo dia – Chegada dos atingidos e atingidas da Amazônia
9h – 11h Hangar Centro de Convenções
Exposições “Arpilleras Amazônicas” e “Projeto Veredas Sol e Lares”
14h – 16h UFPA – Auditório Setorial Básico 2
Infraestrutura, Territórios e Direitos Socioambientais na Amazônia
05
Plenária A
14h – 18h Hangar Centro de Convenções
Fórum de Seres e Saberes da Amazônia
17h – 20h
Hangar Centro de Convenções
Plenária III – Como pensar a Amazônia para o futuro a partir da ciência, tecnologia, inovação e pesquisa acadêmica, transição energética, mineração e exploração de petróleo
06
Sala 07
08h – 10h Hangar Centro de Convenções
AMAZÔNIA LIVRE DE PETRÓLEO E GÁS – Conexão Povos e Territórios
09h – 12h Hangar Centro de Convenções
Plenária IV – Mudança do clima, agroecologia e as sociobioeconomias da Amazônia: manejo sustentável e os novos modelos de produção para o desenvolvimento regional
14h – 16h UFPA – Sala 308 Mirante do Rio
Mudanças Climáticas e os atingidos nas periferias
14h – 18h Hangar Centro de Convenções – Plenária B
Seminário “Desafios da Transição Energética Popular na Amazônia”
07
8h30 – 12h Aldeia Cabana
Plenária Panamazonica da Via Campesina Amazônia
9h – 10h Praça Princesa Isabel ao Ver-O-Peso
Barqueata “De Mariana a Amazônia, somos todos atingidos”
17h ás 20h – Aldeia Cabana
Assembleia dos Povos da Terra pela Amazônia
20h – 22h Aldeia Cabana
Cultural Assembleia dos Povos da Terra pela Amazônia
08
Tarde – 8h – 10h Marcha dos Povos da Terra pela Amazônia
Concentração: https://maps.app.goo.gl/8cJ6TcxLdHG1R6ya7?g_st=ic
Marcha Povos da Terra pela Amazônia
09
17h Aldeia Cabana
Coletiva de Imprensa Assembleia dos Povos da Terra pela Amazônia