Ananindeua tem lixo acumulado e demora na realização de consulta
Written by Redação on 14 de março de 2025
No município de Ananindeua, é possível observar diferentes pontos de descarte irregular de lixo, o que deixa a impressão de abandono e falta de cuidado na cidade. O DIÁRIO percorreu ontem (13) algumas ruas para verificar a situação do lixo por lá e observou o mesmo problema em locais diferentes, o que resultou em um episódio lamentável de ataque à equipe de reportagem.
Durante uma apuração na Cidade Nova 2, na passagem sem nome que dá acesso à Escola Estadual Agostinho Monteiro, entre as travessas WE 16 e WE 13-B, a reportagem verificou a presença de vários sacos de lixo doméstico no local. O acúmulo ocupa parte da pista e fica ao lado do muro lateral da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), prejudicando quem precisa transitar de carro pela via.
No momento em que a reportagem registrava o lixo amontoado na área, por volta das 16h45, o condutor de um veículo Fiat Argo, cor prata, abordou primeiramente o motorista da equipe, proferindo intimidações como “bando de f***dos” de dentro do próprio carro. A tentativa era claramente impedir o trabalho do DIÁRIO em mostrar os problemas no local. Após as agressões verbais, o homem dirigiu até o final da passagem na travessa WE 13-B e retornou até o ponto onde estava o restante da equipe do DIÁRIO.
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Após descer do carro, o indivíduo, que pelo ato mostrou-se ser apoiador do prefeito de Ananindeua, Daniel Santos, falou alterado em meio a gritos mais palavrões e dizeres impublicáveis, ordenando em tom ameaçador que não era para a equipe mostrar aquilo. Desta vez, a hostilidade verbal foi direcionada a todos os integrantes da equipe de reportagem. Logo após, o homem entrou no carro que dirigia e seguiu para a travessa WE 16. A equipe não deixou de fazer o trabalho, mesmo sob intimidações.
Além do lixo encontrado na Cidade Nova 2, na avenida Três Corações, entre a alameda São Jorge e a avenida Mário Covas, no bairro Coqueiro, a reportagem observou outro ponto de acúmulo com várias sacolas de lixo doméstico, ocupando parte da calçada destinada ao tráfego de pedestres.
Situação semelhante também foi observada na estrada do Icuí-Guajará, esquina com rua B, bairro Icuí. No local, o lixo tem se acumulado há dias, o que é um incômodo para quem mora ou precisa passar pela área. “Se limpam esse lixo, logo jogam mais e ele fica acumulado aí. Não demora muito e rápido já fica cheio”, afirma o técnico de refrigeração João Farias, 53.
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Ainda no bairro Icuí, também na estrada do Icuí-Guajará, em frente à antiga Granja do Governador, um lixão a céu aberto está formado. No local, o descarte de lixo incomoda quem passa por lá devido ao forte mau cheiro, o que atrai moscas e outros animais. Além das inúmeras sacolas de lixo, o ponto ainda é usado para abandono de animais, como três filhotes vivos de gato encontrados pela reportagem. “Como vocês podem ver, até animais vivos jogam aqui. Além disso, é um lixo acumulado que fica fedendo muito “, diz o borracheiro Paulo Silva, 55.
Na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Icuí, usuários reclamam da demora no atendimento nas consultas. O casal Jesus Fonseca, 49, e Josinete Fonseca, 49, chegou às 13h no local para atendimento de urgência ontem (13). O objetivo era uma consulta para as fortes dores nas costas de Josinete.
Porém, o casal desistiu quando deu 16h e ainda não havia recebido atendimento. “Só tinham dois médicos para atender todo mundo. Demorou muito e agora vamos embora”, disse Josinete. A Prefeitura de Ananindeua foi procurada, mas não se manifestou até o fechamento desta edição.
Intervenção
O Procurador Geral de Justiça (PGJ), César Bechara Mattar Junior, ajuizou pedido para que o Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA) determine “imediata intervenção” do Governo do Estado no sistema de saúde pública do município de Ananindeua, até a normalização dos serviços. Segundo César Mattar, Ananindeua passa por uma crise de saúde pública “sem precedentes”, com prejuízos à população local e, também, a outros municípios da Região Metropolitana, em clara violação do direito constitucional à saúde. Tudo em decorrência do fechamento e ameaça de fechamento de vários hospitais do município, o que obriga ao deslocamento de pacientes para outras cidades, sobrecarregando os sistemas de saúde delas.
O motivo do problema é a falta de pagamento desses hospitais pela Prefeitura de Ananindeua, em benefício do Hospital Santa Maria, que pertenceu ao prefeito da cidade, Daniel Barbosa Santos. O pedido do MPPA é uma “Representação Interventiva” e foi ajuizado no último 18 de fevereiro, com pedido de “liminar” (uma medida judicial urgente e provisória). Ele decorre de um Inquérito Civil aberto pelo MPPA após o fechamento do Hospital Anita Gerosa, no último 26 de janeiro.
O Anita Gerosa era a única maternidade de Ananindeua com funcionamento 24 horas e atendimento à gravidez de alto risco. A maternidade, que era filantrópica (sem fins lucrativos) e possuía mais de 60 anos, teve de fechar as portas devido a um calote milionário da Prefeitura, que chegaria a quase R$ 3,7 milhões. A Representação Interventiva se encontra nas mãos do presidente do TJPA, o desembargador Roberto Gonçalves de Moura.
Se for aceita, o governador do Estado, Helder Barbalho, terá de assinar o decreto de intervenção, abrangendo a Sesau, a secretaria municipal de Saúde; o Fundo Municipal de Saúde (FMS); e “serviços de saúde executados pela Administração Direta, Indireta e Terceiro Setor e sua fiscalização”, que se encontram na esfera da Sefin, a secretaria municipal de Finanças. Com isso, a administração da Saúde de Ananindeua passará às mãos do Governo Estadual, para medidas emergenciais que normalizem os serviços.