Ananindeua comemora 80 anos de história
Written by on 3 de janeiro de 2024
“Cada vez mais bela”. É assim que alguns moradores descrevem Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém, que, nesta quarta-feira, 3, completa 80 anos de história. E a cidade dos ananins não estará sozinha durante as comemorações, pois a festa será dividida com os mais de 500 mil habitantes que lá residem, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o professor de história Diego Maia, a região evoluiu significativamente desde a primeira colonização rural em 1710. “Desde então, a área evoluiu e atraiu novos olhares. Na primeira metade do século XIX, teve início o processo de colonização urbana a partir do atual bairro do Maguary. Desde então, não cessou seu crescimento, tornando-se o segundo município mais populoso do Pará.”
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Ao longo de oito décadas, as transformações foram testemunhadas por grande parte da população, que, sempre que possível, resgata da memória antigos restaurantes, lojas e locais de lazer, sem mencionar as histórias narradas por quem acompanhou de perto o desenvolvimento da região ao longo do tempo, sejam moradores atuais ou aqueles que já se mudaram dali.
Seu Freitas Bernardo, 75 anos, nascido no Maranhão, decidiu se mudar para Ananindeua em 1990 em busca de condições melhores. “Na época, havia muitas oportunidades de trabalho, tanto que os anúncios de emprego corriam por todo o Brasil”, conta. O aposentado revelou que chegou à região de ônibus e ao desembarcar ficou encantado com o que viria a ser “seu lar para toda a vida”.
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“Daqui não saio mais, pois amo onde vivo e tudo que este lugar proporcionou e proporciona para mim até hoje. Mesmo com apenas 34 anos morando aqui, posso afirmar que acompanhei várias mudanças e hoje somos grandiosos. Neste aniversário de Ananindeua, meu sentimento é de gratidão por tudo que esta cidade representa para todos que nasceram ou vieram morar aqui”, declarou Freitas.
CRESCIMENTO
Ananindeua é uma das cidades mais desenvolvidas do Pará e conquistou sua autonomia em 1943, por meio do Decreto-Lei nº 4.505, sendo oficialmente instalada em 3 de janeiro de 1944. Segundo dados do IBGE, nos últimos 20 anos, a população saltou de pouco mais de 410 mil habitantes em 2001 para 540 mil em 2022, representando um crescimento de 31%.O aumento populacional também se reflete em outros aspectos: em uma década, a frota de veículos no município aumentou de 70.295 (2010) para 153.983 (2020); as empresas, que eram 3.977 em 2009, empregando 56.500 funcionários, totalizaram 4.910 em 2019, com 75.508 trabalhadores; além do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o segundo maior do Pará, ficando atrás apenas de Belém.Ana Clara Reis é moradora do município desde o nascimento, e hoje, aos 19 anos, testemunhou um pouco dessa mudança. “As ruas, em sua maioria, estão asfaltadas. Hoje, temos vários espaços de lazer, escolas, shopping, entre outras coisas que antes só tinha em Belém”, lembra a estudante. Atualmente, Clara reside no bairro do 40 Horas e confessa que, apesar do progresso, muitos aspectos ainda precisam ser aprimorados. “Claro que nem tudo são flores e enfrentamos desafios como em qualquer outro lugar, principalmente com o transporte público”, explica a universitária. “Além disso, já foi muito perigoso – claro que ainda precisamos ter cuidado -, mas hoje considero um local tranquilo para viver, criar a família e se desenvolver como pessoa. Possuímos faculdades, por exemplo, além de grandes polos empresariais”, elogia Ana Clara.
PARA ENTENDER
Origem do nome
Ananindeua recebeu seu nome inspirado na árvore de Anani (Symphonia globulifera), de origem tupi. Há muitos anos, essa árvore, que produz a resina de cerol utilizada para lacrar as fendas das embarcações, era abundante, especialmente na região das ilhas.Devido ao processo de urbanização, é atualmente difícil encontrar árvores de ananin no centro da cidade.O sufixo “deua” tem significados de origem popular: alguns afirmam que vem de “abundância” e outros que significa “dar”, por exemplo, “deu Ananin”. A terceira versão, mais aceita entre os moradores, conta que, em vez de usar um ‘D’ na grafia da palavra, deveria ter sido utilizado um “T”, ficando “Ananinteua”.
Dúvida nos limites e espaços “escondidos”
Conurbada com a capital, grande parte da população não tem certeza de onde termina ou começa o território de Ananindeua. Muitos acreditam, por exemplo, que a cidade começa logo após o Pórtico de Belém, na saída da capital, adjacente ao Entroncamento. Outros pensam de maneira diferente e utilizam o elevado do Coqueiro como ponto de referência para o início do município.Para Alessandro Souza, 28, essa indecisão resulta na falta de políticas públicas e obras em alguns pontos da região. “Apesar do avanço, ainda é comum encontrar ruas em péssimas condições, pois cada um empurra a responsabilidade para o outro [Belém e Ananindeua]. Mas graças a Deus, o povo não desiste e busca por seus direitos, pois amamos este lugar”, afirma o mecânico.
SERINGAL
Próximo ao complexo da Cidade Nova 8, conhecido pelo famoso letreiro “Eu Amo Ananindeua”, existe um local conhecido por poucos. “É o Museu Parque Seringal”, revela a enfermeira Rosiane Campos, 52. “Quando dá eu sempre venho por aqui com o meu filho e fico maravilhada por um espaço desse. Ananindeua também tem suas surpresas e espaços pouco conhecidos ainda”, completa.Este museu, pertencente ao cadastro Nacional de Museus do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), do Ministério da Cultura, e também ao Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC) do Ministério do Meio Ambiente, oferece áreas para lazer com playground, lanchonetes, academia ao ar livre, além de proporcionar um contato direto com a natureza, explica Rosiane.“Sei que todos nós temos motivos para pontuar várias coisas negativas, mas não podemos tapar os olhos para a satisfação que é morar aqui. Ananindeua merece nossos parabéns, assim como todos os moradores. Que possamos abraçar a nossa cidade neste dia”, ressalta a enfermeira.
Estado investe na infraestrutura da cidade
Além das oito décadas de sua emancipação, Ananindeua tem motivos de sobra para festejar em 2024. A virada de chave no que diz respeito à garantia de recursos estaduais em infraestrutura, educação, habitação, cidadania, saúde e lazer são sentidas desde 2019, e em 2023 se materializou principalmente em projetos focados na área de infraestrutura, com o objetivo de garantir mais qualidade de vida para os seus moradores.O governador Helder Barbalho (MDB) comemora o bom momento da cidade. “São diversos os investimentos já concluídos e ainda em execução no município de Ananindeua. São obras de infraestrutura que vão garantir o desenvolvimento econômico, de mobilidade urbana, proporcionando melhorias e bem-estar para a população”, destacou.Um desses exemplos é a nova Avenida Ananin, que interliga os bairros mais populosos de Ananindeua diretamente à rodovia BR-316 e ao futuro terminal de integração de ônibus conectado ao sistema BRT Metropolitano. Foram cerca de 2 km de via duplicada, com ciclovia, calçadas, urbanização e arborização.A vice-governadora Hana Ghassan (MDB) enaltece entregas como o novo viaduto do Km 7 da rodovia BR-316, que já repercute na melhoria da mobilidade na área. “Será de grande importância para o acesso ao terminal de integração das linhas alimentadoras que circularão nos bairros em direção ao terminal. Além disso, já foram disponibilizadas à população 4 das 13 passarelas que serão implantadas nas obras do BRT, das quais 9 ficam no município de Ananindeua”, ressalta.O Governo do Estado garantiu ainda a nova estrada do Curuçambá, com mais de 3 km de vias asfaltadas e cerca de 800 metros de vias reconstruídas do Loteamento Belém. Os investimentos em urbanização seguiram na Rua SN-21 e na Travessa WE-75, contempladas por um convênio que ultrapassa R$ 32 milhões. Cerca de 3 km de pavimentação asfáltica foram realizadas na Avenida Amintas Pinheiro (antiga estrada do Icuí), além do início da reconstrução geral e sinalização viária da avenida Mário Covas.“Recebemos uma avenida toda asfaltada, duplicada e iluminada. A segurança também melhorou muito porque antes era uma rua muito escura, cheia de mato, sempre tinha assalto, agora com a nova iluminação melhorou muito”, relatou Caroline Evangelista, 29, moradora da localidade há 12 anos.