Açaí estimula troca de experiências entre Pará e Colômbia
Written by on 5 de abril de 2024
Na segunda edição do Festival Açaí Pará – que será realizado no período de 14 a 16 de maio, no Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém -, será assinado um Termo de Cooperação Técnica entre o Governo do Estado do Pará e o Estado de Putumayo, na Colômbia, que vai possibilitar uma troca de experiências alusivas ao melhoramento na produção do fruto, o que incluiu uma visita de reconhecimento a uma estrutura de coleta de açaí por meio de cabeamento.
O Estado faz parte da região amazônica colombiana sendo uma das áreas de maior produção de açaí no país. Diferente do Pará, onde o fruto faz parte dos hábitos alimentares diários, no estado colombiano não há esse costume.
De 17 a 22 de março último, a missão paraense esteve em visita à Colômbia, para conhecer de perto o modo de produção e as tecnologias utilizadas para a melhoria da cultura extrativista local. A equipe conheceu as áreas de cultivos com variedades diferentes de açaizeiros e até de espécies que não existem no Pará no que se refere à produtividade.
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O grupo formado por três servidores da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), um especialista na cultura do açaí da Embrapa Amazônia Oriental, empresários e diretores de empresas também participou de uma reunião em Bogotá – capital da Colômbia – com representantes de um grupo exportador de açaí no país. O grupo também conheceu os municípios de Puerto Asis e Mocoa, a capital de Putumayo, no sul do país, que trabalha com comunidades extrativistas.
Um dos integrantes da missão paraense, o engenheiro agrônomo Geraldo Tavares, que é gerente de fruticultura da Sedap, informou que na reunião foi tratada a possibilidade de assinatura do acordo com o Governo do Estado, de cooperação técnica, para troca de experiências, o que incluiria, também, a participação das instituições de pesquisas, como as universidades locais. O termo, como explicou Tavares, abrangerá a troca de material entre ambos estados, capacitação e instalação de empresas do Pará na Colômbia.
“Também reunimos com o diretor de um fundo inglês que apoia e incentiva iniciativas para a agricultura sustentável e que poderá aportar recursos para projetos desta natureza”, detalhou o servidor da Sedap.
Diferente do que acontece no Pará, o açaí é produzido o ano inteiro e existe uma linha de estudo para a aquisição do fruto produzido na Colômbia para suprir a escassez do produto no período da entressafra paraense, conforme pontuou o engenheiro agrônomo.
“Eles produzem na nossa entressafra. Lá, eles têm quase o ano todo açaí porque chove durante o ano inteiro. São 4000 ml de pluviosidade anual, bem mais do que aqui. Até se especula que possa ser montada uma empresa nossa lá para abastecer o nosso mercado na entressafra”, comentou Tavares.
Apesar de ter muito açaí, Puerto Asis não é a maior produtora. A principal fica próxima ao oceano pacífico, que também é alvo de possibilidades, como revelou o engenheiro agrônomo.
O açaí e outras culturas são importantes na substituição do cultivo de coca, como afirmou Tavares, que tem reduzido seu preço de venda em função do surgimento de drogas sintéticas.
“Putumayo é o maior produtor de coca da Colômbia e necessita mudar este perfil para prática de cultivos legais”, observou.
Cabeamento
Segundo esclareceu o gerente de fruticultura, o modelo desenvolvido na Colômbia por meio de cabos não é utilizado em nenhum estado brasileiro. O Pará, então, como reiterou, será pioneiro na introdução desse tipo de transporte de produção. “Na Colômbia eles usam para fazer o transporte de flores e de cachos de dendê, aqui a gente está querendo fazer para o açaí objetivando tirar o fruto de dentro da mata, a estrutura é formada por carrinhos acoplados”, informou.
O diretor de Feiras e Mercados da Sedap, Manoel Rendeiro, junto com o coordenador do açaí da diretoria, Marivaldo Ferreira, integrou a comitiva e informou que durante o Festival do Açaí o público vai poder conhecer o protótipo da estrutura utilizada na Colômbia para fazer a coleta do açaí em áreas de difícil acesso. Atualmente, como explicou o diretor, o produtor do fruto enfrenta muitas dificuldades para conseguir apanhar o açaí em áreas de mata mais fechada. A possível utilização do equipamento facilitará o trabalho do apanhador do fruto.
“O objetivo maior é facilitar a coleta, a gente vê que o trabalhador – o apanhador de açaí – tem dificuldade imensa para trazer de dentro da mata aquele saco de 20 a 30 quilos, andar por mais 50 metros até a beira do igarapé, às vezes ainda fica muito açaí sem ser apanhado e esse equipamento vai melhorar o trabalho dele, essa será uma das novidades que a gente vai apresentar no festival do açaí”, anunciou Rendeiro.
Ainda sobre a programação no Hangar, o diretor explicou que a presença da delegação colombiana permitirá uma grande troca de experiências. “Na Colômbia, visitamos uma área de produção de açaí e, nessa troca de experiências, teremos a participação da comitiva colombiana para trazer o que eles têm de melhor no processo de produção do açaí”, esmiuçou.
Avoado
A exemplo do ano passado, o festival terá programação de encerramento na Feira do Açaí, no Complexo do Ver-o-Peso, onde será ofertado ao público o famoso “avoado” prato típico dos paraenses, feito com peixe frito de açaí.
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“Além da programação, nos dias 14 e 15, com a presença de expositores nos estandes que ficam no primeiro piso do Hangar, no dia 16, o festival será encerrado com um grande avoado que começa às quatro da manhã até terminar o açaí e o peixe”, garantiu Manoel Rendeiro.
A organização do evento será realizada pela Sedap, por meio de sua Diretoria de Feiras e Mercados, em colaboração com o Instituto Ver-o-Peso e o Instituto de Desenvolvimento e Tecnologia da Amazônia (Idtama).