A missão histórica de ensinar; Dia dos professores
Written by on 16 de outubro de 2022
A instituição de um dia em comemoração aos professores está ligada à atuação daquela que é apontada como a primeira mulher negra a ser eleita no país, a professora e filha de ex-escravizados, Antonieta de Barros. Deputada estadual por Santa Catarina, Antonieta foi autora do projeto de lei estadual que resultou em uma das primeiras leis sancionadas no Brasil a estabelecer o dia 15 de outubro como o Dia do Professor, ainda em 1948. Mais de uma década depois, em 1963, a data passou a fazer parte do calendário nacional através de um decreto publicado pelo então presidente do Brasil João Goulart e, hoje, o dia 15 de outubro pode ser celebrado por todos os professores, em todo o país.
A professora e pesquisadora catarinense, autora de uma biografia sobre Antonieta de Barros, Jeruse Romão, lembra um pouco da trajetória da deputada estadual. “Antonieta é uma mulher negra, nascida em Santa Catarina, cuja mãe era uma mulher negra escravizada e que em 1889 passou a residir em Florianópolis, onde teve seus três filhos, entre eles Antonieta”, apresenta.
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“Antonieta ingressa na Escola Normal Catarinense em 1918, ela tinha 17 anos. Foi presidenta do Grêmio das Normalistas, o que já indicava o início do seu ativismo político, e editora de uma revista estudantil. Formou-se em 1921 e fundou uma escola em 1922, o Curso Particular Antonieta de Barros. Ela diz em uma entrevista que funda essa escola porque não havia concurso público naquela época e as pessoas eram indicadas por ‘pistolão’, a expressão que ela usa”.
Ao lado da irmã mais nova, que também se formou na Escola Normal, Antonieta passa a lecionar na escola particular fundada por elas e, em 1923, também passa a escrever crônicas para os jornais de Santa Catarina, mantendo uma carreira conjunta no magistério e no jornalismo. “Na década de 30 ela ingressa no serviço público como professora, 12 anos depois de formada, e em 1934 o nome dela aparece como uma indicação do seu partido para a constituinte catarinense. Ela é a única candidata mulher naquela eleição”, aponta Jeruse Romão.
“Ela vive em um momento em que as mulheres pouco participavam da política e dos movimentos sociais em posição de direção. E Antonieta, junto com outras mulheres da sua geração, vai rompendo um pouco essas barreiras”.
Eleita, Antonieta toma posse do seu primeiro mandato, porém, retorna ao magistério quando a Assembleia Legislativa é extinta, em 1937, pela ditadura de Getúlio Vargas. O retorno às Eleições se dá apenas em 1947, quando ela concorre novamente.
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“Nessa época ela já não era a única mulher a concorrer, mas foi a única com votação suficiente para assumir uma suplência; ela não atingiu a titularidade como atingiu no primeiro mandato. Ela assume em 1948 a suplência e apresenta um conjunto de projetos, dentre eles o Dia do Professor”, explica a pesquisadora.
“Mas é importante lembrar que o Dia do Professor é um projeto que começa a ser discutido em São Paulo. O movimento de professores de São Paulo dispara telegramas para as Assembleias Legislativas brasileiras convidando os parlamentares estaduais a se somar ao movimento pela lei do Dia do Professor e Santa Catarina aderiu ao movimento muito rápido”.