Descubra as propriedades cicatrizante da própolis de Abelhas

Written by on 12 de julho de 2025

A própolis produzida por abelhas sem ferrão nativas da Amazônia tem propriedades cicatrizantes e anti-inflamatórias que podem acelerar o processo de cicatrização de feridas. Essas propriedades foram identificadas por um novo estudo conduzido por cientistas da Embrapa Amazônia Oriental e da Universidade Federal do Pará (UFPA) e que resultou no desenvolvimento de um creme formulado com própolis produzida pela espécie conhecida como abelha-canudo (Scaptotrigona aff. postica), que já apresentava uma grande contribuição para a cadeia produtiva do açaí.

O produto testado em laboratório apresentou desempenho ainda melhor do que o de pomada cicatrizante disponível no mercado. O creme à base de própolis se destacou ao apresentar menor resposta inflamatória e uma melhor qualidade de regeneração dos tecidos, em comparação à pomada comercial.

O engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa, Daniel Santiago, explica que a abelha-canudo já vem sendo estudada pela instituição devido a sua contribuição para a polinização do açaizeiro. Mas a boa produção de própolis pela espécie acabou levando ao desdobramento da pesquisa.

“É aí que entra a questão da continuidade das pesquisas. Se a gente já sabe quais são as abelhas, se já se coleta o pólen e o néctar, que outros produtos teriam dentro da colmeia? Foi aí que a gente passou a tentar avaliar, nessa segunda etapa do projeto que é contínuo, a própolis das abelhas”, explica. “Então, dentro das áreas de açaizeiros começamos a coletar a própolis e por ser um volume pequeno, tentamos avaliar de uma forma que a gente condicionasse um produto que facilite a interpretação por parte do mercado e do produtor, e se pense em como potencializar isso em um negócio. Foi aí que surgiu a ideia da pomada”.

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Daniel explica que, quando transformada em pomada, a própolis tem um rendimento maior. Se uma colmeia produz, por exemplo, de 80 a 300 gramas de própolis por ano, com a pomada se obtém 2 a 5 gramas do produto própolis diluído naquela solução. “Quando nós fizemos o comparativo, nós identificamos que frente aos produtos comerciais comparados no trabalho, a própolis de abelha-canudo teve um efeito igual ou até melhor por conta do potencial anti-inflamatório avaliado”, aponta. “A pomada comercial tem um potencial cicatrizante e a pomada de própolis tem um potencial cicatrizante igual, mas que reduziu a inflamação muito mais do que o outro produto porque não tinha a capacidade anti-inflamatória”.

O professor da Universidade Federal do Pará (UFPA) e pesquisador do Centro de Valorização de Compostos Bioativos da Amazônia (CVACBA), residente no Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (PCT-Guamá), Nilton Akio Muto, que também atua na pesquisa, lembra que a própolis tem sido utilizada há milênios, desde os povos indígenas, para o tratamento de feridas, para cicatrização. Então, diante desse histórico, a pesquisa buscou para verificar se, realmente, ela teria essa atividade cicatrizante para a aplicação não somente em extrato, mas em um creme à base de formulação farmacológica, semelhante ao que se faz em uma farmácia de manipulação.

“Nós fizemos testes em animais e utilizamos a formulação base sem nenhum princípio ativo; a formulação com a própolis e, como um controle positivo, uma pomada utilizada comercialmente”, explica. “Microscopicamente, nós observamos que na pomada a base de própolis, o processo de cicatrização se deu em melhor fase porque ele formava mais fibras colágenas e tinha uma anti-inflamação melhor, o que, a longo prazo, poderia resultar em mais velocidade”.

Além disso, o pesquisador explica que o tecido queratinoso foi muito mais desenvolvido com o uso da pomada de própolis, do que com a convencional. “Isso porque a própolis já cria esse cascão, esse elemento de proteção na superfície da pele para favorecer uma cicatrização mais higiênica, já que a própolis também é antimicrobiana”.

Diante de todas essas características, se constatou o forte potencial para o desenvolvimento de medicamento por esse insumo que é de origem amazônica. “Depois desse primeiro passo, o passo seguinte foi a questão da elaboração de uma patente e, agora, o próximo passo seria de uma empresa, uma indústria ou uma startup se interessar em produzir maciçamente essa pomada com o intuito terapêutico, de cicatrização”, pontua. “Eu vejo essa necessidade especialmente para pessoas que tenham alergia a esses medicamentos químicos e que precisam de um fator de auxílio em um processo de cicatrização. A própolis é uma das ferramentas que temos à disposição”.

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Os resultados da pesquisa foram divulgados no artigo Healing Activity of Propolis of Stingless Bee (Scaptotrigona aff. postica), Reared in Monoculture of Açaí (Euterpe oleracea), publicado na revista científica Molecules. Além de Muto e Santiago, assinam o artigo: Sara R. L. Ferreira, Suzanne A. Teixeira, Gabriella O. Lima, Jhennifer N. R. S. de Castro, Luís E. O. Teixeira, Carlos A. R. Barros, Moisés Hamoy e Veronica R. L. O. Bahia.

PARA ENTENDER

POTENCIALIZAÇÃO

A partir dos estudos desenvolvidos de forma contínua por pesquisadores da Embrapa e da UFPA, e que observaram a eficiência da abelha-canudo na polinização do açaizeiro, a cadeia produtiva do açaizeiro começou a potencializar a meliponicultura (produção de abelhas sem ferrão), o que possibilitou a obtenção de outros produtores dentro da área de polinização dirigida no ambiente de cultivo, como é o caso do uso da própolis da abelha-canudo para a formulação de um creme cicatrizante.




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