Inédito: endoscopia na coluna é realizada no Aberlado Santos

Written by on 16 de agosto de 2024

Quem hoje vê Mariléa Martins, 54 anos, chegando ao Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS), em Belém, caminhando sozinha e sorridente, não imagina que, há um mês, ela não conseguia andar e sofria com dores nas costas e perna. Com um corte milimétrico, ela foi submetida a uma cirurgia endoscópica na coluna, procedimento inédito na unidade de saúde do Governo do Pará, que possibilitou a alta médica precoce e trouxe qualidade de vida à paciente.

“Confesso que nunca tinha ouvido falar nesse procedimento. Para mim, endoscopia era feita apenas no estômago”, conta Mariléa Martins. “Meu problema começou com dores na lombar, que comprimiram o nervo da minha perna, e eu parei de andar. Depois do procedimento, fui para casa no dia seguinte, e posso dizer que estou muito bem e feliz. Agora, é focar na fisioterapia”, complementa a paciente.



O tratamento que ela recebeu é uma técnica pouco conhecida no Brasil, que substitui o uso de bisturis e pinças por tecnologia com câmera e instrumentos de tamanho reduzido. Segundo especialistas do HRAS, a técnica é positiva para o Sistema Único de Saúde (SUS), sobretudo por ser menos invasiva que a cirurgia convencional.

Mariléa garante que não teve problemas durante e após a cirurgia. “Um dos meus maiores medos foi justamente o pós-operatório, e fiquei surpresa ao saber que teria alta já no outro dia. Não senti dor, e o furinho que fizeram nas minhas costas já está sequinho. Fico muito feliz por ter sido a primeira pessoa a passar pelo procedimento aqui no ‘Abelardo Santos’, e posso dizer que foi um sucesso”, afirma.

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Rapidez e eficiência

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a hérnia de disco atinge cerca de 5,4 milhões de brasileiros. Em 2023, a doença gerou mais de 2,5 milhões de afastamentos de trabalhadores, conforme o Ministério da Previdência Social (MPS), que a definiu como a enfermidade que mais gerou benefícios por incapacidade temporária no Brasil naquele ano.

Marcus Torres, neurocirurgião que atendeu Mariléa, explica como funciona o método tradicional. “Primeiro, é feita a anestesia geral. Dependendo da doença, o corte na coluna costuma ser maior que 4 centímetros. Depois que o procedimento principal é realizado, e o problema solucionado, a próxima etapa demanda reposicionar a musculatura que foi desinserida dos ossos, o que gera dor no pós-operatório”, informa.

Já a endoscopia, segundo Marcus Torres, pode ser realizada com anestesia geral ou local, o que permite a colaboração do paciente com respostas imediatas sobre os sintomas. “É minimamente invasiva, utilizando um endoscópio – um tubo fino equipado com uma câmera e luz na ponta, e realizando uma incisão de 1 centímetro – para visualizar e tratar problemas na coluna vertebral”, acrescenta o especialista.

“Através de pequenas incisões, o cirurgião pode acessar a área afetada, visualizá-la em tempo real em um monitor e realizar as intervenções necessárias, com precisão milimétrica. Desta forma, nos últimos anos a endoscopia na coluna tem se destacado como uma técnica inovadora e menos invasiva para o tratamento de diversas condições que afetam a coluna vertebral”, reitera o neurocirurgião.



O médico Adriano Morais, também neurocirurgião, participou da cirurgia de Mariléa e destacou uma das principais vantagens do procedimento: a redução do trauma cirúrgico. “Diferente das cirurgias tradicionais, que exigem grandes incisões e, consequentemente, maior agressão aos tecidos, a endoscopia permite intervenções menos invasivas. Isso resulta em diversas vantagens para os pacientes”, ressalta Adriano Morais.

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Outras vantagens da endoscopia:

Menor tempo de recuperação: com menos danos aos músculos e tecidos circundantes, o tempo de recuperação é significativamente reduzido;Menos dor pós-operatória: a dor pode ocorrer, mas é consideravelmente menor, o que diminui a necessidade de analgésicos e proporciona maior conforto ao paciente;Menor risco de complicações: por ser menos invasivo, o procedimento reduz o risco de complicações, como infecções e sangramentos, tornando a endoscopia uma opção mais segura para muitos pacientes;Cicatrizes menores: as pequenas incisões resultam em cicatrizes mínimas, o que é um fator estético importante para muitos pacientes.

Compromisso

Conforme a diretora-geral Aline Oliveira, o Hospital Regional Abelardo Santos, ao adotar novos procedimentos, reafirma seu compromisso com a qualidade e a inovação. “O HRAS continua dedicado a proporcionar o melhor cuidado, utilizando tecnologias e práticas inovadoras. A endoscopia na coluna é apenas um exemplo dos diversos recursos que aplicamos para garantir a excelência no atendimento e a melhoria contínua da saúde dos usuários”, garante a gestora.

“A endoscopia na coluna representa um avanço significativo para o sistema de saúde público no Pará, trazendo benefícios claros, como menor tempo de recuperação e menos dor para os pacientes. No Hospital Regional Dr. Abelardo Santos estamos comprometidos em implementar técnicas inovadoras, que melhorem a qualidade de vida de nossos usuários, garantindo um atendimento de excelência e humanizado”, afirma a secretária de Estado de Saúde Pública, Ivete Vaz.

O Hospital Regional Dr. Abelardo Santos, localizado no distrito de Icoaraci, é a maior unidade pública do Governo do Pará. A instituição é administrada pelo Instituto Social Mais Saúde (ISMS), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). Conta com um serviço de pediatria de urgência e emergência, além de leitos clínicos.

A unidade é referência no atendimento à mulher e à criança, em quatro frentes pediátricas: pronto-socorro, cirurgia, internação clínica e Unidade de Terapia Intensiva (UTI), além do acolhimento nas Unidades de Cuidados Intermediários (UCIn). A pediatria do HRAS está estruturada com 10 leitos de UTI, 25 leitos de clínica pediátrica e um pronto-socorro infantil, com atendimento 24 horas.


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