CMB deve investigar compra dos ônibus elétricos

Written by on 15 de agosto de 2024

O projeto de mobilidade urbana Bus Rapid Transit (BRT) Belém, que começou a ser implementado há 12 anos na capital paraense e teve investimentos de R$430 milhões – ainda na gestão do então prefeito Duciomar Costa – prometia aliviar o tráfego, melhorar o transporte público e facilitar o deslocamento de usuários do distrito de Icoaraci até o centro da cidade.

No entanto, a realidade é diferente, apesar da maioria das estações funcionar com o embarque e desembarque de passageiros. A falta de estrutura, o abandono nos espaços e o número insuficiente de ônibus articulados para suprir a demanda da população estão entre as principais reclamações dos usuários.

A reportagem do DIÁRIO percorreu as estações do BRT desde o bairro de São Brás até o Terminal Maracacuera, no distrito de Icoaraci, e registrou o mau estado de conservação e abandono de algumas delas.

A Estação São Brás, que fica ao lado da praça da Leitura e do terminal de integração, virou abrigo para pessoas em situação de rua que dividem o espaço com todos os tipos de lixo. Já a Estação Bosque, que conta com quatro terminais de embarque e desembarque, duas estão em desuso. Embora funcionem, as Estações Tuna Luso e Tavares Bastos apresentam problemas no sensor das portas, fazendo com que fiquem abertas o tempo inteiro.

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A pedagoga Nelma Nunes, 48 anos, conta que costumava usar mais o BRT quando ia para a faculdade, mas hoje prefere usar aplicativos de transporte individual de passageiros. “Quando uso o BRT, venho aqui para o Terminal Maracacuera e sempre os ônibus saem lotados, são poucos para suprir a necessidade do povo, principalmente pela manhã, quando as pessoas saem para trabalhar. Tem que aumentar a frota, principalmente nos fins de semana”, diz.

Em pé de Icoaraci até a Estação do Parque Shopping, no bairro do Parque Verde. Essa é a experiência diária do estudante Joab Melo, 19 anos, ao usar BRT. Ele conta que não consegue ir sentado nem na ida, tão pouco na volta para casa. “A superlotação é uma das maiores dificuldades para quem precisa usar. Mesmo com o ar-condicionado continua quente, porque é muita gente”.

As catracas do Terminal Maracacuera que não estão funcionando, a falta de limpeza e o mau estado de conservação de alguns ônibus articulados do projeto também são as principais reclamações do garçom Flávio Oliveira, 31. “Eu vou de Icoaraci e desço na estação do Bosque todos os dias, pois trabalho para lá e é muito quente. Fora os ônibus, as estações também deveriam ser climatizadas”.

O autônomo Rafael Jefferson, 30, comenta que evita pegar o ônibus articulado por conta da superlotação. “Usei mais para ir até São Brás, mas todos saem muito lotados, é horrível, aí você fica esperando sair outro e demora muito, acaba gastando o mesmo tempo se estivesse em um ônibus normal no trânsito”.

RESPOSTA

Em nota, a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) informa que está com um processo de contratação, em andamento, da empresa de manutenção dos prédios das estações e terminais do sistema BRT.

A frota do sistema é composta por 15 ônibus articulados e 25 troncais e a limpeza é de responsabilidade da empresa e deve ser feita na garagem, diz. “A Semob mantém fiscalização rotineira nas garagens e mediante a constatação de falhas na prestação do serviço, como o descumprimento das Ordens de Serviço, as empresas são autuadas”. A autarquia destaca, ainda, a aquisição de novos ônibus. Ainda segundo a nota, a Semob disponibiliza seus canais de atendimento para registro de denúncias ocorridas em Belém, com o objetivo de serem averiguadas e providências sejam tomadas. Denúncias podem ser formalizadas pelo site da Semob (belem.pa.gov.br), e-mail (ouvidoria.semob @cinbesa.com.br) ou WhatsApp (91) 98415-4587.

Semob

Ontem, representantes da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob) compareceram a uma audiência no TCMPA para dar informações sobre o contrato e o processo licitatório. Os conselheiros ressaltaram que a medida cautelar determina a suspensão somente do pagamento dos ônibus e não a circulação dos veículos pelas ruas de Belém, sendo esta uma decisão da Prefeitura.

A determinação do Tribunal de Contas com a medida cautelar destaca que a Semob deve responder aos questionamentos em relação à compra dos veículos elétricos com indícios de sobrepreço e comprovar técnica e documentalmente o atendimento das demais questões relativas à operacionalização da frota.

A Prefeitura, por sua vez, informa que “todas as questões levantadas pelo TCMPA já estão sendo respondidas. Até o dia 21 de agosto, a Prefeitura de Belém, por meio da Semob, irá apresentar detalhamento das informações operacionais do serviço a ser prestado pelos ônibus elétricos, requeridas pelo órgão fiscalizador”, disse, em posicionamento publicado no site Agência Belém após a audiência.


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