Explore Santarém como um ribeirinho mocorongo
Written by on 6 de julho de 2024
O Na Estrada te convida a pegar um voo de Belém até Santarém, no Oeste do Pará, e conhecer as belezas naturais do município que está, cada vez mais, em alta no turismo nacional e até internacional. E não é pra menos que isso aconteça! Alter do Chão, com suas belas praias eleitas entre as mais bonitas do mundo e às margens do Rio Tapajós, atrai cada vez mais o interesse de turistas de todos os cantos, estimulados pelos cenários instagramáveis postados por blogueiros e celebridades nas redes sociais.
Contudo, há que se ressaltar que a Pérola do Tapajós, como a cidade é conhecida, tem muito mais a oferecer como, por exemplo, o turismo de base comunitária, que aproxima o visitante da população local, com seus costumes e cultura que enchem qualquer mala de boas recordações e conhecimento sobre o que é viver na Amazônia. Nossa guia nessa jornada é a Elisa Amorim, da cooperativa de Turismo e Artesanato da Amazônia (Turiarte Amazônia), que monta roteiros pelas comunidades tradicionais santarenas desde 2015.
“A gente vem desenvolvendo atividades voltadas para o turismo de base comunitária e artesanato das fibras do tucumã, em aldeias e comunidades ribeirinhas localizadas dentro da Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns e no Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) Lago Grande”, explica. “Temos algumas comunidades que estão preparadas para receber esse cliente por vários dias. São comunidades ou aldeias também. Elas têm redário, o visitante faz sua alimentação no local”, descreve.
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Uma das riquezas desse passeio é conhecer o artesanato local. “A técnica de transformar as palhas em cestos, mandalas, bolsas, colares, vasos, com desenhos geométricos, coloridos, sustentáveis e completamente naturais, vem sendo um legado que se passa de geração a geração, tendo como base, enquanto negócio, o melhoramento e fortalecimento da autoestima das artesãs, empoderando-as a se tornarem mais participativas nas articulações políticas de suas respectivas comunidades”, conta Elisa. “Isso tudo de forma coletiva, embora elas estejam divididas em diferentes regiões, comunidades ou aldeias.
Para dar cor e vida às peças, as fibras da palha passam por um processo de pigmentação natural a partir de flores, raízes, cascas, frutos e folhas”, pontua.
Elisa conta que as comunidades e aldeias que desenvolvem essa atividade contribuem bastante com a movimentação turística no território. “A cooperativa apresenta o cotidiano ribeirinho, levando o visitante a conhecer as atividades desenvolvidas nesses locais, como por exemplo, na comunidade de Anã, onde se apresenta o projeto da piscicultura e meliponicultura, agricultura familiar, tem pernoite no redário comunitário e acesso às alimentações regionais”.
A Anã é a primeira comunidade da reserva do Arapiuns e encanta os visitantes. “Já teve cliente que ficou meses lá”, garante Elisa. “São quatro horas de viagem saindo de Santarém no barco da linha. O cliente fica o tempo que quiser”.
Além de Anã, é possível fazer visitas à comunidade do Urucureá, que tem inclusive oficina de artesanato. “Saindo de Santarém para Urucureá também são quatro horas, três horas e meia, de viagem”.
Um outro local também bastante visitado é a aldeia Atodi. “Lá eles apresentam a trilha de 11 quilômetros, que é uma das melhores trilhas que nós temos”. Eles, no caso, a comunidade da aldeia. “Também apresentam a oficina dos remédios caseiros, que são trabalhados pelas mulheres”, descreve. “Tem também a farinhada, a piracaia à noite (peixe assado na praia)”.
Outro fato interessante, é que todo o receptivo da Turiarte é feito por pessoas das próprias comunidades. “São as pessoas que moram ali, que apresentam a comunidade, a história, a forma que elas vivem. Não é um teatrinho sendo montado. É a realidade, é como elas vivem realmente, as atividades que elas praticam, o que elas comem, como elas dormem”, frisa Elisa, que, por sinal, é da comunidade Yanã. “Na verdade, nós aqui dentro do escritório, da Turiarte, somos mulheres de comunidades ribeirinhas. Então, nós vendemos e apresentamos, na verdade, o nosso cotidiano”.
A guia pontua que os roteiros são programados para grupos pequenos e justifica: “a gente prefere a qualidade do que a quantidade. Não queremos sobrecarregar um espaço e atender de forma grosseira, que vai deixar desconfortável o cliente. A gente trabalha com bastante formação, oficinas, para estarmos cada vez mais capacitadas”.
Os passeios são feitos em barcos de linha ou em lanchas fechadas com os locais. “Tem essa vivência de conhecer o Rio Arapiuns, o Rio Tapajós, vivência de como é que funciona a logística dentro das comunidades”, ilustra.
PARA CONHECER
Turiarte AmazôniaAv. M. Furtado, 3979 – sala C, Santarém, Brasil. CEP: 68040-050Instagram: @turiarte_amazonia
CURIOSIDADES
Santarém é o principal centro urbano financeiro, comercial e cultural do oeste do estado do Pará. A cidade é uma das mais antigas da região amazônica e se constituiu como uma das mais importantes também. Cidade do interior com características de cidade grande, é a sede da Região Metropolitana de Santarém, o segundo maior aglomerado urbano do Pará.
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Por causa das águas cristalinas do Rio Tapajós, conta com mais de 100 quilômetros de praias que mais se parecem com o mar. É o caso de Alter do Chão, conhecida como “Caribe Brasileiro” e escolhida pelo jornal inglês The Guardian como uma das praias mais bonitas do Brasil e a praia de água doce mais bonita do mundo, palco de uma das maiores manifestações folclóricas da região, o Çairé, que atrai turistas do mundo todo.
COMO IR
Santarém pode ser acessada em voos diretos a partir de Belém pelas grandes companhias aéreas ou por via terrestre em uma jornada que vai da BR-316 até a BR-163 e dura pouco mais de 24h – a Viação Ouro e Prata faz o trajeto com passagens a partir de R$ 543. Outra possibilidade é por via fluvial. De Santarém para a capital do Estado, navegando, são 880 quilômetros de distância. As passagens podem ser compradas no Terminal Hidroviário de Belém.