Meninas estavam acompanhadas por homem quando desapareceram
Written by on 7 de junho de 2024
O desaparecimento de três adolescentes no último domingo (2) no Complexo Turístico do Ver-o-Rio, em Belém, segue intrigando as autoridades. Ao longo da semana, poucas informações sobre o caso, que gerou comoção nas redes sociais, foram divulgadas pelas autoridades, visto que as investigações ocorrem em sigilo instaurado pela Polícia Civil do Pará.
O DOL apurou, com exclusividade, novas informações sobre o caso do desaparecimento das três meninas que viviam no Espaço de Acolhimento Feminino Dulce Accioli, administrado pela Fundação Papa João XXIII (Funpapa), órgão vinculado à prefeitura de Belém.
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As três adolescentes: Manuely Pina dos Santos, de 13 anos; Evelin Micaely Pereira, também de 13 anos; e Adrielly Camila dos Santos, de 17, desapareceram ao mesmo tempo. Vale lembrar que Adrielly foi encontrada na última quinta-feira (6), conforme informado pela Polícia Civil.
As três viviam no abrigo juntas e, até então, não se tinha muitas informações sobre os motivos pelos quais elas estavam no Complexo Turístico do Ver-o-Rio naquele domingo.
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Em entrevista exclusiva ao DOL, a tia de Manuely, Ingrid Cordeiro, esclareceu mais detalhes sobre a vida da adolescente e acerca do desaparecimento misterioso da sobrinha. A mulher vive dias de angústia diante do sumiço e ela alega não entender os motivos que levam à escassez de informações sobre o paradeiro da menina e sobre o que ocorreu no dia do desaparecimento.
NOVAS REVELAÇÕES
De acordo com a tia de Manuely dos Santos, as três meninas estavam no Complexo do Ver-o-Rio acompanhadas de um homem adulto. Além delas, outras duas adolescentes também estariam no local. Ingrid soube deste fato através de relatos de testemunhas que viram o grupo de adolescentes na área..
A tia confrontou a servidora técnica do abrigo Dulce Accioli identificada apenas como Raquel, que, até então, apenas tinha informado o desaparecimento das meninas aos familiares na segunda-feira (3), no dia seguinte ao sumiço.
Para piorar a situação, a instituição havia dito que Manuely teria “se evadido do espaço” e Ingrid só descobriu que ela desapareceu do Ver-o-Rio — logo, de um ambiente fora do abrigo — por conta da repercussão do caso na imprensa e nas redes sociais.
A técnica Raquel também informou que o homem adulto ao qual Ingrid se referia era um educador do próprio abrigo, que estava acompanhando as meninas em um passeio ao Ver-o-Rio, confirmando que elas estavam sob a supervisão de ao menos um responsável naquele momento.
Apesar de tudo isso, o abrigo não deu mais detalhes aos familiares sobre o que teria acontecido para o profissional não ter percebido de imediato para onde as três meninas foram naquele momento, onde, segundo testemunhas relataram à tia de Manuely, elas brincavam de “jogar bola” com um grupo de meninos que já estaria no Ver-o-Rio quando as adolescentes chegaram.
PROCEDIMENTOS DO ABRIGO
Quando foi informada do desaparecimento da sobrinha, Ingrid Cordeiro também recebeu detalhes sobre as ações tomadas pelo abrigo nesta situação. “Os procedimentos são realizados desta forma: oficializamos ao Juizado, aos Conselhos Tutelares, SILCD/DATA (Delegacia de Atendimento ao Adolescente) e os familiares que temos os contatos”, escreveu Raquel, técnica da instituição de acolhimento.
Questionada pela reportagem do DOL sobre outros procedimentos do abrigo Dulce Accioli, Ingrid Cordeiro revelou que é comum que a instituição forneça até mesmo o transporte das crianças e adolescentes para a escola, o que era o caso de Manuely, que vivia sob supervisão de adultos no espaço. “Até porque se tratam de meninas menores de idade, de 13 anos, que não devem sair sozinhas, ainda mais para o Ver-o-Peso, Ver-o-Rio, etc”, disse a tia.
Além disso, em todas as visitas que a tia fez à sobrinha até então, a menor nunca reclamou do tratamento que recebia no local. No entanto, Ingrid nunca teve oportunidade de ficar a sós com Manuely, pois sempre era acompanhada de uma assistente social durante a visita.
HISTÓRICO FAMILIAR E TRANSTORNOS MENTAIS
A tia de Manuely Pina dos Santos explicou que a menina de 13 anos enfrentou uma infância difícil, com muitos problemas familiares. A mãe da adolescente — que é irmã de Ingrid Cordeiro — é viciada em entorpecentes e, por isso, vive nas ruas de Belém em pontos como as redondezas da Praça do Relógio, do Complexo do Ver-o-Peso e o bairro do Jurunas.
Diante da situação de vulnerabilidade social que a mãe de Manuely vive, a tutela da menor ficou com o pai e a avó paterna. Ingrid se faz presente na vida da adolescente desde que ela nasceu. “No decorrer dos 13 anos, eu sempre acompanhei o crescimento da Manuely, ajudava como eu podia, já que eu também sou mãe de dois meninos”, expôs a tia.
Ingrid contou que Manuely sempre aparentou possuir algum tipo de transtorno mental, possivelmente relacionado à déficit de atenção e dificuldade de aprender, mas, até hoje, não sabe dizer se ela chegou a ser diagnosticada por algum médico psiquiatra. “Na escola anterior em que ela estudava no bairro do Tenoné, em Belém, fui informada que ela não conseguia prestar atenção e tinha dificuldade de aprendizagem”, revelou.
De acordo com a tia de Manuely, nunca ficou clara a razão pela qual a menina foi levada para o abrigo Dulce Accioli, visto que ela morava com o pai e a avó paterna no bairro do Tenoné. Segundo ela, a adolescente foi acolhida no espaço em dezembro de 2023.
EXPECTATIVAS
Ingrid Cordeiro declarou que espera encontrar a sobrinha o mais breve possível, apesar de não ter muito acesso a novas atualizações sobre a investigação do desaparecimento das meninas. Nesta sexta-feira (7), em novo contato com a técnica Raquel, recebeu a seguinte mensagem: “Boa tarde, senhora. Quando a Manuely for localizada avisaremos.”
Tamanha é a falta de informações aos familiares das meninas desaparecidas que, apenas durante a conversa com a reportagem do DOL, é que Ingrid ficou sabendo que uma das adolescentes desaparecidas, Adrielly Camila, de 17 anos, havia sido localizada pela Polícia Civil na quinta-feira (6).
“Única resposta que me deram hoje foi essa. Não entendo o porquê de tanto sigilo. Eles não entram em detalhes, falam apenas o mínimo”, desabafou.
BUSCAS
Por parte das autoridades, o que se sabe é que, até o momento, as buscas e as investigações seguem em curso, apesar do sigilo imposto no caso. Em nota recente, a Polícia Civil do Pará informou que continua realizando buscas intensivas pela região.
Na última quarta-feira (5), imagens do circuito de monitoramento do Complexo do Ver-o-Rio foram analisadas em busca de informações sobre o desaparecimento das três adolescentes. As imagens foram examinadas pelo Sistema Integrado de Videomonitoramento (SIM) da Guarda Municipal de Belém (GMB).
Sobre a localização de Adrielly Camila dos Santos, a Polícia Civil não esclareceu detalhes sobre onde a adolescente de 17 anos foi encontrada e em quais circunstâncias. A tia de Manuely ressaltou que, a partir disso, espera que o paradeiro da sobrinha e da outra menina desaparecida seja finalmente identificado.
Informações que auxiliem nas investigações podem ser repassadas pelo Disque-Denúncia no número 181 ou pelo 190. O sigilo é garantido.