IPTU: moradores de Ananindeua podem recorrer de aumento

Written by on 10 de maio de 2024

Os moradores de Ananindeua que se sentirem lesados por cobranças que considerem abusivas no valor do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), que em muitos casos alcançou mais de 300% de reajuste de um ano para o outro, podem questionar a cobrança na Justiça.

O advogado tributarista e professor Luciano Ferreira esclarece que o morador pode seguir por dois caminhos: o primeiro é requerer junto à Secretaria de Finanças de Ananindeua os dados de lançamento do seu IPTU, isto é, as informações que a prefeitura está considerando para o cálculo do imposto.

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“Entre essas informações está o tamanho do imóvel, o valor do metro quadrado (acompanhado da lei que estabelece a planta genérica de valores dos metros quadrados), o tipo de uso (residencial, não-residencial), e todas as demais informações usadas para cálculo”, esclarece.

A segunda alternativa é que, se houver prazo, apresentar uma impugnação à cobrança do IPTU fazendo os mesmos questionamentos citados na primeira alternativa e requerendo o cálculo correto do imposto. O advogado esclarece que nada impede do valor do IPTU aumentar, porém é necessário que haja comprovação do motivo.

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“É necessário a comprovação de que houve revisão do cadastro do imóvel e se a prefeitura descobriu que ele é maior do que se tem cadastrado; ou que o morador mudou o tipo de uso de residencial para não-residencial, por exemplo. Pode-se ainda aumentar o valor do metro quadrado da cobrança, mas é preciso de autorização por meio de lei aprovada na Câmara de Vereadores”, alerta.

Luciano deixa claro que a prefeitura, de qualquer modo, tem a obrigação de comprovar o porquê do aumento do valor do imposto. É direito à informação do contribuinte. É dever de transparência. “Se as informações que forem fornecidas pela prefeitura não baterem com a realidade, o contribuinte pode requerer que seja feita a alteração no cadastro, comprovando os dados reais, e requerendo também a anulação de qualquer cobrança que seja feita com base nos dados equivocados”.

Se administrativamente a prefeitura se negar a realizar estes ajustes, inclusive sem motivação, o advogado ressalta que não restará outra saída a não ser recorrer à Justiça por meio de uma ação. “Normalmente o nome desse tipo de ação é ‘anulatória, mas se o morador ainda for pedir de volta tudo que pagou nos anos anteriores de forma errada, a ação é de ‘repetição de indébito’. Normalmente não são procedimentos rápidos de se resolver judicialmente”, esclarece o advogado tributarista.

Reportagem publicada pelo DIÁRIO recentemente mostra a realidade cruel de moradores – muitos deles aposentados – que receberam carnês de pagamento com valores considerados por eles abusivos e impossíveis de se quitar. Revoltados, muitos moradores foram até a sede da Secretaria de Finanças de Ananindeua para cobrar explicações e saíram de lá com a informação de que o reajuste no imposto seria motivado por uma “taxa de coletor de resíduos sólidos”, que é coletado semanalmente.

Taxa do lixo

Uma lei assinada pelo prefeito Daniel Santos, em 2021, cria a taxa de manejo de resíduos sólidos, a nada popular “taxa do lixo”, que vem sendo aplicada anualmente no carnê. Segundo a lei, a taxa tem como fato gerador a utilização efetiva ou potencial do serviço público municipal de manejo de resíduos sólidos, constituído pelas atividades operacionais de coleta, transbordo, transporte, triagem para fins de reciclagem, tratamento, inclusive por compostagem, e destinação final dos resíduos relativos ao imóvel, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.

Se o contribuinte não pagar a taxa ou atrasá-la pode pagar multas e encargos aplicáveis aos demais tributos ou, quando cobrada nas faturas de tarifas de outros serviços.

E ao que tudo indica a gestão de Daniel Santos não vem aplicando a taxa na melhoria no serviço no município, já que a população precisa conviver com montanhas de lixo espalhados pelas ruas, que obstruem as calçadas, além de buracos nas vias que expõem motociclistas e condutores em geral ao risco e prejuízos financeiros, como vem sendo mostrado pelo DIÁRIO nas últimas semanas.


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