Por onde anda Regina Restelli, a “Madonna brasileira”?
Written by on 30 de abril de 2024
A vinda de Madonna ao Brasil para uma apresentação pública na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, reacendeu a memória dos brasileiros para uma atriz que ficou conhecida por seu parecida com a cantora internacional, então com a carreira ainda em ascensão.
Era início dos anos 1990 e, na tela da Globo, a novela “Barriga de Aluguel” estava no ar. Na produção, uma personagem encantava os espectadores, inspirada na cantora internacional: Rosa Aimée, uma dançarina de cabaré bonita e sensual, vivida por Regina Restelli, 63.
A ideia da personagem ser inspirada em Madonna partiu da própria Regina, que já tinha recebido comentários sobre ser parecida com ela. O cabelo loiro, curto e ondulado e o delineador preto bem marcado logo remetiam à americana. A semelhança era tanta que a atriz ficou conhecida como “Madonna brasileira” e, nos anos seguintes, sua vida deu uma guinada inesperada.
Enquanto a artista internacional rodava o mundo com a turnê “Blond Ambition”, Regina estampou capas de revista, participou de programas de auditório, foi contratada para shows e era tietada por fãs na rua. “A Warner Music me chamava para fazer todos os lançamentos dela”, conta.
“Eu fazia festas de músicas, álbuns, filmes, era uma coisa doida”, lembra. “Era uma troca legal de propaganda porque ela precisava um pouco de mim para fazer mais buchicho na mídia, e isso me dava mais público para a minha peça.”
Depois do fim da novela, ela capitalizou o sucesso e rodou o Brasil por três anos com a peça teatral “Perfume de Madonna”. “O [autor] Flávio Marinho, com direção da Cininha de Paula, escreveu a peça para mim. Como eu tenho formação em dança e canto, performava e cantava músicas dela e outras.”
Segundo Regina, Madonna sabia que tinha uma sósia no país por meio do diretor da gravadora, que passava para ela algumas coisas que a atriz fazia. O trabalho, no entanto, nunca a fez se comparar com a rainha do pop.
“As pessoas me perguntavam se não rolava uma confusão em mim, já que eu vivia ela de maneira tão intensa. Não, isso nunca aconteceu. Sempre tive muito claro quem eu sou”, afirma. “Apesar de tudo, eu tinha uma vida normal. Levava minha filha na escola, ia ao supermercado…”
Hoje, Regina se aposentou dos palcos e das telas. Há 20 anos, se dedica à terapia holística. O chamado para a transição ocorreu no auge da carreira, no meio de uma apresentação.
“Eu estava fazendo ‘Cole Porter & Outros Amores’ e, de repente, escutei: ‘O que que você tá fazendo aí?’. Eu olhei para a plateia e nada mais fez sentido. Hoje eu entendo que nasci terapeuta”, diz. “A minha carreira foi muito bonita, eu amava, foi muito rápida e consistente. Não tenho nada a reclamar.”
Foi a formação em psicologia, graduação que cursou antes de estourar nas artes, que a ajudou a dar os primeiros passos na nova profissão. Mesmo admitindo que não sai muito do condomínio onde mora, na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio de Janeiro), Regina conta que considera ir à apresentação em maio se conseguir um lugar na área VIP.
“Vai ser histórico e maravilhoso”, comenta. “Estou animada, maio vai ser um mês importante. Completo 20 anos de carreira e faço aniversário. O planeta está mudando, o período é de desafios, a cidade está perigosa, mas torço para que tudo corra bem.”
É esperado que mais de 1 milhão de pessoas assistam à apresentação na praia, o que faria a cantora ultrapassar seu recorde anterior, de 126 mil pessoas, em 1990, no estádio de Wembley, no Reino Unido, com a “Blond Ambition Tour”. O show também vai ser transmitido pela Globo em seu canal aberto, no Globoplay e no Multishow.