Carnaval de Belém: passado e presente da folia paraense

Publicado em 10 de fevereiro de 2024

Rancho Não Posso me Amofiná, Quem São Eles, Bole-Bole,
Império Pedreirense, Piratas da Batucada… Estes são nomes familiares para quem
conhece o mínimo sobre o Carnaval de Belém.

As escolas de samba, na secular história carnavalesca da
capital paraense, não são bem uma novidade, mas moldaram a trajetória da folia
na Cidade das Mangueiras ao ponto de hoje serem símbolo de resistência e
representatividade do Carnaval de Belém.

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E o começo da história do Carnaval na capital do Pará se
mistura ao próprio desenvolvimento da cidade de Belém. De acordo com o
historiador e escritor Alfredo Oliveira, a festa carnavalesca em terras
belenenses remonta ao fim do século 19, com a transição entre as manifestações
culturais tipicamente portuguesas para as comemorações mais refinadas e
modernas em clubes sociais e nas ruas, como bailes e blocos.

“Práticas culturais arcaicas ou primitivas foram substituídas
por outras consideradas mais elegantes e modernas. As novas práticas
carnavalescas substituíram as antigas formas do entrudo português (festa
popular realizada nos três dias antes do início da Quaresma, em que os
brincantes lançavam uns nos outros farinha, baldes de água, limões de cheiro e luvas cheias de areia). Essas novas práticas misturavam influências
culturais vindas do sudeste e nordeste do país, como os clubes carnavalescos,
os bailes populares, os blocos de sujos e mascarados, com manifestações locais,
como os cordões de roceiros, pretinhos e marujos”, explica.

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Foi a partir da influência do expoente Carnaval carioca, além
do próprio papel da imprensa da época — a qual enalteceu os novíssimos bailes
sociais carnavalescos e blocos famosos — que ocorreu a chegada das escolas de
samba na capital paraense.

A ORIGEM DAS ESCOLAS DE SAMBA DE BELÉM

Apenas uma década separa a invenção das escolas de samba no
Rio de Janeiro e em Belém. Em 1934, surge a primeira delas — e mais longeva até
então — na Cidade das Mangueiras, mais precisamente no bairro do Jurunas: o
Rancho Não Posso me Amofiná.

Nos anos que sucederam a fundação do Rancho, muitas outras
escolas de samba foram criadas em Belém: Tá Feio (Umarizal, 1935-1942), Escola
Mixta de Carnaval (Umarizal, 1936-1948) e Escola de Samba Uzinense (Cremação,
1937-1949). Quando estas agremiações encerraram suas atividades, foram
substituídas por outras quase que imediatamente, dando origem à Quem São Eles
(Umarizal, 1946), à Maracatu do Subúrbio (Pedreira, 1951 — hoje conhecida como
Império Pedreirense) e à Boêmios da Campina (Campina, 1952).

  

Os anos seguintes foram considerados a “era de ouro” do
Carnaval de Belém, em especial entre as décadas de 70 e 80. Com a criação de
mais agremiações, apoio de escolas de samba cariocas e nível elevado de
prestígio, a folia belenense chegou a ser reconhecida como o 3º maior Carnaval
do Brasil, perdendo apenas para o Rio de Janeiro (RJ) e Salvador (BA).

O CARNAVAL DE BELÉM HOJE EM DIA

O presente do Carnaval de Belém tem a difícil missão de
manter o nível dos anos de glória e prestígio de outrora. Muitas das escolas de
samba que viveram o passado permanecem e se tornaram símbolos de resistência e
representatividade do próprio Carnaval, visto que o imaginário da folia
belenense —
apesar dos muitos blocos que levam seus arrastões às ruas da capital desde os primeiros dias de dezembro — ficou bastante atrelado aos
desfiles que ocorrem na Aldeia Cabana Davi Miguel, na avenida Pedro Miranda.

Para João Sérgio Rodrigues, apresentador e grande entusiasta
do Carnaval de Belém, a festa carnavalesca na cidade passou a ser marginalizada
por boa parte da sociedade belenense, fazendo os investimentos nas escolas de
samba se tornarem mais limitados e o interesse pelos desfiles diminuir.


 

“Hoje fazer Carnaval em Belém é resistir. As escolas passam
por uma marginalização social. O olhar de uma determinada parte da sociedade é
de marginalização, então a gente precisa ter um apoio maior da iniciativa
privada, no sentido de um olhar de que o Carnaval é um produto para além do
cultural: ele é um produto social, um produto que gera economia local, que tem
grande potencial turístico, que movimenta a economia para além dos bairros e
dos seus desfiles”, pontua.

“O Carnaval gera emprego e renda e também tira jovens, adolescentes
e adultos da margem da criminalidade e insere em convívio social. Então, de
fato, o carnaval precisa de um olhar mais comercial, como produto, para que a
gente tenha um engrandecimento dessa festa, porque, por trás desse produto, tem
toda uma cadeia social movimentada”, conclui o apresentador e também assessor
de comunicação da ESA, liga que reúne as escolas de samba associadas de Belém.

Repórter: Adams Mercês

“Paraense com o sangue da cor do açaí. Repórter do DOL e assessor de comunicação do Ministério das Cidades do Governo Federal. Formando em Comunicação Social – Jornalismo pela UFPA e um grande admirador de games, carros e da história das pessoas boas.”


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