Pará tem aumento em casos de violência doméstica
Written by on 19 de novembro de 2023
Apesar da recorrência, os casos de feminicídio tiveram redução no Estado do Pará na ordem de 8%. Nos 10 primeiros meses de 2022 (janeiro a outubro) houve o registro de 48 casos, que caíram para 44 casos no mesmo período deste ano. Por outro lado, os casos de violência doméstica (lesão corporal), onde ocorrem boa parte dos feminicídios, aumentaram no período: foram 8.294 casos de janeiro a outubro de 2022, contra 9.135 ocorrências registradas neste ano até o mês passado, o que representa um aumento de cerca de 9% nas ocorrências. Em todo o ano de 2022. foram computados 12.194 casos de violência doméstica. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup).
A violência contra a mulher, que ainda é muito subnotificada e acaba não entrando oficialmente para as estatísticas, ocorre tanto dentro como fora do lar, de diversas formas, passando pela ameaça verbal até chegar à morte violenta da vítima. Ainda segundo a secretaria, 30 mulheres, em média, procuraram a polícia diariamente para fazer uma denúncia de violência por lesão corporal nos 10 primeiros meses deste ano. A denúncia é fundamental para interromper esse ciclo de violência.
Levantamento do Tribunal de Justiça do Estado aponta que de janeiro a outubro de 2022 o poder judiciário estadual já havia concedido 12.982 medidas protetivas para mulheres em todo o Estado, número que subiu para 18.995 nos 10 primeiros meses deste ano, o que representa um aumento de 46,30%.
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A agressão contra mulheres entrou novamente em debate quando a apresentadora Ana Hickmann foi agredida pelo marido, o empresário Alexandre Correa, na tarde do sábado (11), na casa do casal em Itu, no interior de São Paulo. O Boletim de Ocorrência feito pela apresentadora informa que ela conversava com o filho na cozinha quando o marido ouviu e não gostou do conteúdo. A discussão assustou o menino, que deixou o local. Alexandre teria empurrado Ana contra a parede e ameaçado dar cabeçadas.
Na tentativa de se desvencilhar do marido, a apresentadora buscou pegar o celular em cima da mesa para pedir a ajuda. O empresário fechou a porta da cozinha, atingindo o braço de Ana, que acabou trancando o marido para fora do cômodo e chamou a polícia.
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Quando a Polícia Militar chegou, o empresário não estava mais em casa. A apresentadora negou medidas protetivas previstas na Lei Maria da Penha. Ana Hickmann procurou por conta própria o hospital e foi atendida por um ortopedista. O braço esquerdo foi imobilizado por uma contusão no cotovelo.
Em Belém, ainda no final de semana passado, outro caso gerou repercussão: o jogador de futebol Douglas Santos do Amazonas Futebol Clube foi acusado de tentativa de feminicídio contra a cametaense Lígia Silva, que estava em capital para um treinamento profissional. A agressão teria ocorrido durante um encontro na residência de uma amiga de Lígia, onde o jogador, acompanhado de amigos, teria tentado paquerá-la. Ao recusar, a jovem foi agredida.
Douglas teria arrombado a porta do banheiro onde a vítima havia se trancado, e desferido golpes que resultaram na perda de parte do cabelo e uma unha da mão de Lígia, além de causar lesões graves na boca decorrente de socos. O jogador também a teria ameaçado de morte. A vítima registrou um boletim de ocorrência, passou por exames de corpo de delito e recebeu atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Cametá.
Outro caso de violência extrema contra a mulher foi registrado no município de Mãe do Rio, quando câmeras flagraram um homem desferindo vários chutes, socos e puxões de cabelo contra sua esposa, que estava sentada numa calçada, com um bebê no colo na noite do dia 10 de novembro. Sem reação, a vítima tenta apenas proteger a criança, que seria seu filho. O agressor ainda usa uma garrafa de vidro e um pedaço de pau para ameaçar a vítima. Ele foi preso em flagrante pelos crimes de lesão corporal dolosa e ameaça em contexto doméstico e familiar.
Em Ananindeua outro caso chocante: um homem tacou fogo no corpo da própria esposa, com quem vivia há 8 anos, atingindo com gravidade seu colo e braços. O caso está sendo investigado pela Delegacia Especializada Atendimento à Mulher do município.
A Segup informa que o Estado criou o sistema “Alerta Pará Mulher”, o aplicativo SOS Maria da Penha e o Programa Pró-Mulher Pará, aumentando as medidas de combate à violência contra a mulher. Houve ainda a entrega da Delegacia Especializada em Feminicídio e Outras Mortes Violentas contra Gênero (Defem) e a ampliação do atendimento para 24 horas de algumas unidades policiais no estado.