Múltiplas e criativas Amazônias

Written by on 19 de junho de 2023

As muitas Amazônias que compõem o bioma tão conhecido em todo o mundo se traduzem também na multiplicidade de expressões artísticas que nascem nesse território. E é justamente essa multiplicidade que deverá nortear a atuação na nova instituição de arte que ganha vida neste mês e conta com o patrocínio do Instituto Cultural Vale, a Bienal das Amazônias. Garantindo protagonismo à região, a instituição visa reunir, como nunca feito antes, obras de artistas contemporâneos de todos os territórios amazônicos.

Idealizadora do projeto, a produtora cultural paraense Lívia Condurú aponta que a Bienal das Amazônias surgiu no começo dos anos 2000, do seu desejo de mobilizar várias linguagens culturais do território amazônico em um evento de grande porte e com periodicidade bianual. Depois de um período em gestação, a ideia se institucionaliza agora. “Ao longo dos anos de profissão fui focando a minha atuação, enquanto produtora cultural, nas artes visuais, me levando a desenhar, junto a uma amiga curadora, a Yasmina Reggad, nos anos de 2011/2012, projeto similar ao que será executado, um evento voltado para a produção contemporânea, em artes visuais, de todos os territórios amazônicos”, conta, ao atentar para a ideia defendida pelo nome pensado para a instituição. “O nome parte da provocação de que, por trás do bioma Amazônia, que nos nomeia, existem múltiplas Amazônias, com idiomas, culturas e colonizações absolutamente diferentes, ainda que com muitas similaridades”.

 











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Lívia considera que, para além das múltiplas realidades apresentadas pela região, falta um olhar do mercado de arte que contemple os nove territórios da Amazônia Internacional e os nove estados da Amazônia Brasileira. “Muitos acabam por nos definir como meros produtores de artesanato e similares. Por isso o nosso foco principal é demonstrar a força do que produzimos e constituir elos e redes entre nós, para que nos fortaleçamos enquanto região, tendo em vista que são muitos os que legislam, falam por nós, mas desconhecem a nossa realidade sociocultural e econômica”.

LANÇAMENTO

Para dar vazão à ideia que originou o projeto, uma programação realizada no Museu da Universidade Federal do Pará (UFPA) marcará o lançamento, no próximo dia 29 de junho, da Instituição Bienal das Amazônias. “[A programação] traz consigo o mote da Instituição Bienal das Amazônias, que é ser uma plataforma de debate sobre a região, a partir da produção contemporânea das Amazônias, amplificando as diversas vozes que nos compõem, desmistificando e desinstitucionalizando, por assim dizer, espaços em muito ‘engessados’ de arte”, considera. “Por isso convidamos as Themônias, um movimento de rua, para organizar, fazer a curadoria de um evento de arte, num espaço altamente institucionalizado de arte, repensando seus usos e fruições por parte do público, possibilitando mobilidade e trocas de experiências dentro deste espaço de arte”.

O lançamento é o ponto de partida para a programação que seguirá a partir do dia 30 de junho até 13 de agosto, com debates, workshops, sessões de cinema, música e exposição. Totalmente gratuita e inclusiva, a programação também conta com ações voltadas ao público infantojuvenil.

“O nome parte da provocação de que, por trás do bioma Amazônia, que nos nomeia, existem múltiplas Amazônias, com idiomas, culturas e colonizações absolutamente diferentes, ainda que com muitas similaridades”, Lívia Condurú, produtora cultural

Primeira edição será em agosto

Ainda no mês de agosto, a população paraense e amazônida poderá conferir a primeira edição da Bienal das Amazônias, a ser realizada no período de 4 de agosto a 5 de novembro. Com um recorte expositivo com mais de 115 artistas de várias linguagens, e de todos os territórios que compõem a Amazônia Legal e Internacional, a exposição tem como tema “Bubuia – Águas como fonte de imaginações e desejos”. “A Bienal ocupará antigo prédio de loja de departamentos no comércio, com mais de 7 mil metros quadrados, para além de 20 obras públicas que estarão instaladas em diversos pontos da cidade de Belém”, explica Lívia Condurú. “Estamos desejosos de receber um público que não é afeito ao universo das artes visuais, mas que possa viver experiências transformadoras junto a todos que produzem e participam da Bienal das Amazônias, fortalecendo as nossas identidades amazônidas e, sobretudo, resgatando o protagonismo da nossa região a partir de todos que a compõem”.

 











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Destacando a valorização da atuação coletiva, a primeira edição da Bienal das Amazônias conta com o corpo curatorial Sapukai, palavra derivada da língua Tupi que é traduzida em português para canto, clamor, grito. A Sapukai é formada pela curadora Vânia Leal, mestre em Comunicação, Linguagem e Cultura; pela curadora Sandra Benites, pertencente ao povo Guarani Nhandewa e a primeira indígena a ocupar curadoria adjunta do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp); e pela curadora Keyna Eleison, herdeira Griot e xamânica. A Instituição Bienal das Amazônias conta com patrocínio Master do Instituto Cultural Vale.

Para o diretor presidente do Instituto, Hugo Barreto, a Bienal das Amazônias é uma oportunidade de mostrar a potência criativa da região e democratizar o acesso à cultura. “Ao reunir uma produção artística contemporânea que valoriza diversas identidades, a Bienal se conecta a diferentes públicos e nos convida à reflexão sobre o poder transformador da arte”, diz.

AGENDE-SE!

Lançamento Instituição Bienal das Amazônias

Quando: 29 de junho a 13 de agosto de 2023

Onde: Museu da UFPA – Av. Gov. José Malcher, 1192 – Nazaré, Belém – PA

Quanto: Entrada Gratuita

1ª Edição Bienal das Amazônias

Quando: 04 de agosto a 05 de novembro de 2023

Onde: Rua Manoel Barata, 400. Comércio. Belém, Pará.

Terças às sextas, das 9h30 às 19h; Sábado, domingo e feriados, das 11h às 19h.

Quanto: Entrada Gratuita

 











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