Presidente da X9 faz discurso racista e Liga repudia fala

Publicado em 22 de fevereiro de 2023

A X9 Paulistana tentou voltar ao grupo Especial do Carnaval de São Paulo neste ano. A escola de samba, desfilou no último domingo (19), no sambódromo do Anhembi. No entanto, sua apresentação foi ofuscada por uma declaração racista do presidente da escola, Mestre Adamastor. 

Antes da escola entrar na avenida, Mestre Adamastor fez o tradicional discurso de motivação para os integrantes do grupo. Mas, Adamastor acabou proferindo uma fala de cunho racista ao dizer que o braço erguido com punho fechado – símbolo de luta do movimento negro – não significava “por*a nenhuma”. 

“X9 Paulistana, levanta a mão e fecha o punho aí, levanta a mão e fecha o punho, levanta a mão e fecha o punho! Sabe o que significa isso? Por*a nenhuma. Porque, se a gente não cantar, a gente está morto com farofa. Essa é a real”, disse o presidente.

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Como resposta a declaração de Mestre Adamastor, a Liga de Carnaval de São Paulo publicou, no Instagram, uma nota de repúdio às falas do presidente. 

“Como organizadora de uma festa cuja identidade é essencialmente negra e enquanto representante do samba em São Paulo, a Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo vem a público para se opor às falas de cunho racista, manifestadas por falta de conhecimento durante o início do desfile da X-9 Paulistana, no último domingo (19)”, começou a nota. 

O texto lembrou que o punho cerrado é “símbolo da luta antirracista, que expressa a unidade, a força e o orgulho do povo preto”. “A Liga-SP não compactua com a fala equivocada de um presidente, manifestada durante o Carnaval SP 2023, e vai tomar as medidas cabíveis internamente”, conclui. 

Pronunciamento 

Mestre Adamastor publicou um vídeo na madrugada da última terça-feira (21) retratando sobre a sua fala. O presidente da X9 disse que foi orientado por amigos e reconheceu a sua “ignorância”. 

“A minha intenção é para que a minha comunidade levantasse os braços e mostrar que realmente as pessoas precisam ter atitude, não somente levantar os braços, e ter que ter atitude e cantar o samba”, disse ele. “Eu tive a infelicidade de usar um termo que hoje eu aprendi que faz parte, justamente, do princípio da resistência negra. Jamais passaria pela minha cabeça eu ter uma fala de ofensa, provocação, entendeu? Essa infelicidade”, continuou Adamastor.

O presidente da X9 ainda pediu que as pessoas usem seu “erro para que estudem sobre o tema”. “Eu vi a seriedade que se trata disso, relacionada à diversidade, à questão da defesa dos direitos dos negros”, finalizou o sambista. 

A X9 Paulistana terminou o Carnaval de 2023 rebaixada para o grupo de Acesso II de São Paulo.  


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