Domínio da tecnologia, diz sócia sobre fim da livraria Fox

A Livraria Fox se prepara para fechar as portas no final do mês de janeiro, na capital paraense. A notícia entristece os ávidos leitores e frequentadores da unidade que, por muito tempo, adotaram rituais antigos para suas rotinas em meio aos tempos modernos.

Tempos esses que forçaram a adaptação de grandes empreendimentos, como as discotecas e as livrarias, para sobreviver frente aos largos passos da tecnologia. Afinal, bastava ter um celular em mãos para se garantir facilmente a leitura de um livro, o download de um aplicativo ou de uma música.

E foi em meio a esse cenário de transformações de hábitos que uma das mais tradicionais livrarias da cidade concedeu um pequeno prazo para que seus frequentadores assíduos pudessem se despedir: até o dia 31 de janeiro, a Fox Belém, localizada na travessa Doutor Moraes, no bairro da Batista Campos, seguirá em funcionamento.

Domínio da tecnologia

A Fox possui 36 anos de existência, porém, nem mesmo o longo tempo presente na vida de diversos belenenses pôde resistir aos dias atuais. Competir com multinacionais passou a se tornar realidade, algo cada vez mais inviável.

A triste decisão foi tomada após uma longa reflexão, seguida de uma intensa conversa com as proprietárias no início do ano.

“Eu acho que a gente pode atribuir ao avanço que a tecnologia teve, principalmente durante a pandemia sob duas óticas: a primeira foi que as pessoas passaram a fazer muito mais uso de redes sociais e de celular. A segunda foi que, com isso, descobriram também como comprar pela internet”, conta a sócio-fundadora da livraria, Deborah Miranda.

“Decidimos pelo encerramento na última quarta-feira [11]. Faço parte da Fox há mais de 36 anos, quando a imaginei nos meus sonhos”, desabafa. “O maior comércio do mundo é a Amazon. Ninguém consegue concorrer, nenhuma livraria. Tem a ver, sim, com a mudança de comportamento das pessoas a partir desse domínio da tecnologia na vida de todo mundo. Pode-se dizer que foi uma mudança de hábitos acelerada pela pandemia”, avalia.

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Para Deborah e muitos outros frequentadores assíduos, trata-se de um doloroso adeus. A pouco menos de um mês para fechar as portas, não existe qualquer intenção de manter a livraria, que tem testemunhado nos últimos dias uma movimentação acima do esperado após o triste anúncio.

“A loja encheu de ontem para hoje, foi lembrada quando não tem mais como sobreviver. Estamos vendendo com descontos os livros do nosso acervo próprio. No momento, só estamos pensando em encerrar tudo mesmo. O futuro a Deus pertence”, lamenta.