Os clássicos de Natal que criam o clima de festa e emocionam

“Jingle bell, jingle bell, jingle bell rock/Jingle bells swing and jingle bells ring/ Snowin’ and blowin’ up bushels of fun/ Now the jingle hop has begun”. Quem não conhece a canção de Bobby Helms que é a cara do Natal? Assim como ela, outros sons clássicos natalinos dão o clima dessa época festiva e mexem com a memória afetiva.

No Brasil, “Então é Natal”, a versão de Cláudio Rabello para a pacifista e também superconhecida “Happy Xmas (War is over)”, de John Lennon, se tornou não só grande tema para a festividade, como o hit de todos os natais, na voz da cantora Simone.

Nessa época, muitos artistas da música se envolvem com o clima natalino e levam um pouco dessa magia para seus trabalhos, ajudando a dar o tom da festa.

“A minha relação com o Natal vem desde a infância. Como toda criança, de magia, de encantamento, dos presentes e tudo mais. Como a minha forma de cantar tem muito a ver com a paixão de cantar o que eu amo, de falar das coisas que gosto, então não podia deixar de me dedicar assim ao Natal”, explica a cantora Dayse Addario, que já gravou cinco EPs temáticos: “Meu presente de Natal”, “Merry Christmas, Baby”, “Christmas Song” , “Christmas Samba” e o “Natal está em nós”, este último autoral.

“Lembro principalmente depois que o Léo, meu filho caçula, nasceu. Eu e o Ziza [Padilha, multi-instrumentista, arranjador e produtor musical, marido de Dayse] já estávamos investindo em CD e tudo mais juntos. Aí tive a ideia da gente dedicar um trabalho todo ano para o Natal. O Leozinho tem 25 anos, então mais ou menos esse é o tempo que a gente vem se dedicando [ao Natal]. Todo ano a gente lança alguma coisa nova. A gente já gravou um monte de trabalhos, EPs de Natal, com clássicos. Foi por causa desse trabalho de Natal que a gente começou a desejar ter um estúdio de gravação, porque a gente começou gravando no nosso quarto. Hoje a gente tem [o estúdio]. Todo ano era uma felicidade a gente gravar”, conta.

Dayse lembra que primeiro registrou os clássicos que embalaram a sua infância, a maioria em inglês, “mesmo que seja um pouquinho distante da nossa realidade amazônica, calor e tudo mais, mas isso está no nosso imaginário”. Depois. passou para músicas brasileiras de Natal, até as músicas autorais com o tema.

Parte desse disco, a canção “Solidariedade”, composição de Ziza e Sérgio Souto, ganhou clipe este mês. Dayse e Ziza ainda lançaram clipe para “Have Yourself a Merry Litlle Christmas”, clássico americano de 1943. Ambos distribuídos no canal do YouTube da Zarabatana Produções e nas redes sociais da cantora.

Cada um desses trabalhos é como um resgate de doces memórias que acompanham a cantora. Dayse cresceu num lar onde o Natal era uma celebração tradicional., com todos em torno da mesa. “Com uma iluminação bem tênue, velas, e a gente cantava músicas de Natal, fazíamos as orações e aí ia para a ceia. Íamos dormir e de manhã a gente acordava surpreendido com os presentes. Eu acreditei em Papai Noel”, lembra ela, que sonha em fazer um espetáculo natalino com a Zarabatana Jazz Band (a big band liderada por ela e Ziza) no Theatro da Paz.

A vivência, desde jovem, na igreja, onde participava de peças e cantatas, também contribuiu para essa paixão natalina de Dayse Addario, que já levou as canções para escolas, hospitais, teatros e lojas.

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Jazz natalino

Com o grupo Tripa, os músicos Jacinto Kahwage (piano), Luiz Pardal (violino e harmônica) e Paulinho Assunção (percussão) integram algumas músicas natalinas ao repertório nesse período. Coisas como as clássicas “White Christmas”, “Anoiteceu”, “Bate o Sino”, “Feliz Navidad” e “Silent Night”, tudo em ritmo de jazz.

“Esse período de Natal e Ano-Novo sempre nos remete, de certa forma, à infância, festas, presentes, amigo invisível e, principalmente, confraternizações. Essas músicas não podem faltar no repertório. Seja em teatros ou eventos, mesmo institucionais, esse repertório é mais que bem-vindo. Por outro lado, em nosso estúdio costumamos produzir jingles ou vinhetas da época. Inclusive algumas que ficaram famosas, como a que tinha o refrão ‘Olha lá no céu, é Papai Noel…’, um clássico da propaganda paraense composto pela amiga Yanna”,lembra Jacinto, que antes de ser músico ouvia as canções pelo lado afetivo.

“Como a maioria é do cancioneiro americano, sempre vi mais pelo lado musical, os arranjos, a instrumentação usada, coisas de músico. Antes era diferente, pois havia mais esse lado emocional. Não sei se acontece com outros músicos ou é só comigo. Mas no fundo, mesmo, sempre essas canções vão remeter à infância”, conta.

Já Elielson Gomes, professor de trompete na Escola de Música da Universidade Federal do Pará e coordenador do projeto de extensão “Emufpa Jazz Band”, realizou, junto com seus alunos, quatro concertos este mês, dois com temática natalina.

“Minha relação com essas músicas começou na minha casa. Como venho de uma família tradicionalmente cristã, meus pais sempre nesse período, na véspera de Natal, liam textos bíblicos dos evangelhos. Como éramos crianças, sempre esse período era fascinante, e mais a ideia dos presentes, a chegada do Noel… e meus pais sempre colocavam LPs com canções natalinas para ouvirmos. Paralelo a isso, fazíamos pequenas apresentações na igreja com essas temática e cantávamos essas canções”, lembra um saudoso Elielson.

Clássicos natalinos para ouvir neste fim de semana ??

We Wish You a Merry Christmas: A canção é um símbolo do Natal inglês. No Reino Unido, os chamados “carolings” passam de casa em casa apresentando a música e animando os dias e as noites das família britânicas com o simples desejo de feliz Natal a todos.

All I Want for Christmas is You: A música original foi gravada em 1994 e desde então ganhou inúmeras interpretações de diversos artistas, entre eles, Mariah Carey, que “reviveu” a canção mais de 15 anos após o lançamento. Há quem considere, inclusive, que essa é a melhor versão da música, por conta da voz potente de Mariah.

Jingle Bell Rock: A música, lançada em 1957, tornou-se ainda mais popular após uma apresentação do quarteto Mean Girls (Meninas Malvadas, título do filme adaptado em português) em um show natalino do ensino médio. O que era famoso, virou inesquecível.

Feliz Navidad: Em 1970, o mundo conhecia uma das mais emblemáticas músicas natalinas produzidas na América Latina. A canção foi gravada pelo cantor porto-riquenho José Feliciano. O som, inclusive, já foi regravado por Zeca Pagodinho em parceria com Xuxa em um dos inúmeros DVDs lançados pela cantora.

Noite Feliz: Muito utilizada em celebrações cristãs, “Noite Feliz” conta a história do nascimento de Jesus Cristo. A música é elegante e costuma emocionar.

Sino de Belém: Muito reconhecida pelos versos “bate o sino pequenino, sino de Belém”, a canção é celebrada principalmente entre as crianças pelo tom divertido e animado.

Boas Festas: Gravada em 1933 pelo compositor brasileiro Assis Valente, a música ficou conhecida pelo trecho “eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel”. Caetano Veloso foi um dos que regravou a canção.

Natal Todo Dia: Uma das músicas natalinas mais emocionantes, a canção foi gravada pela banda Roupa Nova em 2007, em um álbum marcado pelo espírito natalino.

Santa Claus Is Coming To Town: Nos Estados Unidos, a canção é muito utilizada para fazer as crianças se comportarem bem durante o ano com a garantia de ganharem presentes do bom velhinho. A versão de Michael Bublé e Ariana Grande é uma das mais fofas já gravadas.

Happy Xmas (War Is Over): Por fim, uma música que se tornou natalina sem querer. Na época, John Lennon protestava contra a Guerra do Vietnã, pois milhares de famílias sofriam no período de festas enquanto a guerra seguia seu curso.