Como a produção de cosméticos pode impactar o meio ambiente?
Written by on 1 de dezembro de 2022
O Brasil
segue ocupando a posição de 4º maior mercado do mundo em consumo de produtos de
higiene pessoal, perfumaria e cosméticos e o 2º mercado no ranking global de
países que mais lançam produtos anualmente. Os números são os mais recentes,
divulgados em novembro deste ano pela Associação Brasileira da Indústria de
Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), e apontam o grande volume
de produtos que, se não fabricados, transportados e descartados com o devido
cuidado, podem impactar significativamente o meio ambiente.
O plástico
oriundo da produção e consumo dos mais variados produtos, incluindo os de
higiene e cosméticos, é uma preocupação antiga para todo o mundo. Ainda em
2016, um estudo divulgado durante o Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça,
já alertava que o aumento da utilização de plásticos no mundo era tão
significativo que, em 2025, a proporção entre as toneladas de plástico e as
toneladas de peixe registradas nos oceanos alcançará a marca de 1 para 3 e, em
2050, já serão registrados mais plásticos do que peixes nos oceanos.
Para além do
plástico de embalagens de diversos produtos, que podem ser vistos a olho nu
entre a vida marinha, outro tipo de resíduo plástico, que está muito
relacionado aos produtos cosméticos, preocupa pesquisadores e ambientalistas
pelos impactos negativos gerados aos ecossistemas, os microplásticos.
Esses
pequenos pedacinhos de plástico que medem menos de 5 mm de diâmetro podem estar
presentes, por exemplo, nos esfoliantes utilizados para limpar a pele do rosto
ou do corpo. Após o uso, esse produto que escorre pelo ralo carrega consigo não
apenas as células mortas de quem o utilizou, mas também as microesferas
plásticas que fazem parte da composição, os microplásticos. Depois de entrarem
na rede de esgoto, tais resíduos podem acabar parando em rios e oceanos, sendo
ingeridos por animais aquáticos e, posteriormente, ingeridos pelos próprios
seres humanos a partir do consumo de peixes contaminados.
Não é à toa
que um artigo publicado na revista Pesquisa Fapesp destaque que, apesar de
terem a presença identificada nos oceanos nos oceanos desde os 1970, os
microplásticos, hoje, também já estão no ambiente terrestre, no ar que se
respira, nas reservas de água doce, nos peixes e frutos do mar e até mesmo na
água que chega às torneiras e a que é engarrafada para o consumo.
EMBALAGENS
O impacto
causado pelos resíduos de embalagens de produtos de higiene e cosméticos tem
sido outra preocupação da indústria da beleza que, segundo aponta a Associação
Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC),
têm investido fortemente em programas de logística reversa.
De acordo
com a ABIHPEC, que com 400 associados representa cerca de 90% da indústria
brasileira de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, desde 2006 o programa
‘Dê a Mão para o Futuro’ desenvolve atividades voltadas à destinação adequada
de embalagens pós-consumo. De acordo com o panorama do setor publicado em novembro
deste ano, de 2013 a 2021 o programa recuperou e encaminhou para a reciclagem
802.500 mil toneladas de embalagens pós-consumo, estando presente nos 26
estados brasileiros e no Distrito Federal.