Empreendedorismo social e a transformação da sociedade
Written by on 22 de novembro de 2022
A busca por impactos positivos e que proporcionem a
transformação da realidade de uma comunidade está no centro de um conceito que
já é colocado em prática por muitas iniciativas em todo o Brasil, o
empreendedorismo social. Através do uso de técnicas já conhecidas do
empreendedorismo, neste modelo de atuação, o foco está na adoção de bens e
serviços que possibilitem a construção de soluções para problemas sociais.
Foi diante das demandas observadas na região do Arquipélago
do Marajó, em meio ao cenário crítico da pandemia, que uma rede formada por
organizações privadas de educação decidiu unir esforços para impactar
positivamente a vida de uma comunidade. Envolvendo diversos atores em uma
atuação centrada no caráter colaborativo e participativo, a Rede Mondó,
idealizada pela Associação Nacional das Universidades Particulares (ANUP),
nasceu com a proposta de contribuir com o desenvolvimento local por meio da
educação. “Desde 2018 a ANUP criou um capítulo social e, com a pandemia, veio a
provocação do desenvolvimento de um projeto voltado para a educação”, considera
a diretora executiva da Rede Mondó, Carolina Maciel. “Inicialmente, a ideia era
levar educação de qualidade, conteúdos online, conectividade, infraestrutura
para comunidades tradicionais que são ainda mais vulneráveis pelo seu déficit
histórico. E aí a gente começou um estudo e buscou parceiros dentro da ANUP”.
Diante da percepção das regiões em que a demanda por
melhorias estruturais seria mais urgente, a iniciativa chegou ao Arquipélago do
Marajó, mais especificamente à cidade de Breves, onde o projeto vem sendo
desenvolvido. Com a definição do território de atuação, veio também o
entendimento de que seria necessário compreender de maneira profunda a
realidade da região e, para isso, o projeto buscou fazer um diagnóstico
territorial que envolvesse as várias dimensões que impactam no ensino e
aprendizagem.
O desenho do diagnóstico, assim como toda a ação da rede até
hoje, seguiu o modelo participativo, em que a própria comunidade pode apontar
as principais demandas e, inclusive, contribuir com possíveis soluções. “A
gente não queria chegar lá e ler o Marajó sob os nossos olhos. Então, foi
criada uma rede de voluntárias universitárias, tanto de instituições públicas,
quanto privadas, formada também com marajoaras, para participar desde a escolha
do nome a discussões mais estratégicas”, lembra. “No diagnóstico foram ouvidas
550 famílias e o que ficou muito claro para gente foi que a solução não está
fora do Marajó. Ela, na verdade, já existe, só precisa ser impulsionada e isso
tem que ser feito a muitas mãos”.
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Depois de entender os desafios e de pensar em conjunto
possíveis soluções, um planejamento estratégico de três anos foi desenvolvido,
pensando ações que envolvam desde o ambiente urbano, quanto o rural e o
ribeirinho da cidade de Breves. A proposta é construir algo estruturante e de
desenvolvimento sistêmico por meio do ambiente escolar para que a escola possa
ser vista como uma plataforma de solução para desafios locais. “Nesse
pós-diagnóstico se chegou às frentes prioritárias que ficaram claras que
deveriam ser trabalhadas para que, de fato, aqueles jovens tivessem ascensão
educacional e profissional: educação, saúde, geração de renda e
infraestrutura”, aponta Carolina.
Na busca por transformar o ambiente escolar nesse ambiente
fortalecido e de referência não apenas para melhorias da educação, mas também
em outras áreas, no primeiro ano de atuação o projeto já conseguiu estabelecer
parcerias com o próprio poder público municipal para discutir desde a gestão da
educação. O mesmo vem sendo trabalhado no campo da saúde e nas demais áreas.
Todo o recurso que o projeto usou até hoje é 100% da iniciativa privada. “A
gente acredita que a escola é um ambiente de transformação, não existe outro
caminho”.
A transformação social tão valorizada pelo projeto da Rede
Mondó é justamente o centro do empreendedorismo social, modelo desenvolvido
pela rede e por várias outras iniciativas ao redor do Brasil. A analista de
Políticas Públicas do Sebrae Nacional, Ana Carolina de Souza dos Santos, aponta
que, de acordo com a FIA/USP, o empreendedorismo social é um conceito que
possibilita a construção de negócios cujo maior impacto são melhorias na
sociedade. “O empreendedorismo social tem como objetivo produzir bens e serviços
que beneficiem as comunidades, sejam elas de nível local ou global, com foco
nos problemas sociais”.
Diante desse impacto positivo, as iniciativas de
empreendedorismo social podem encontrar nas próprias políticas públicas
governamentais o suporte que precisam para se fortalecer, a partir do
estabelecimento de parcerias em que, iniciativa privada e poder público, possam
contribuir com a promoção de um ambiente propício para o desenvolvimento de
negócios. “As políticas contribuem de forma decisiva para o empreendedorismo no
território. A transformação de uma ideia, produto ou serviço em valor social
pressupõe a existência de um ambiente de negócios que permita que esse negócio
se estabeleça e se desenvolva de forma sustentável”, considera a analista do
Sebrae. “As políticas públicas visam garantir condições econômicas e sociais
que permitam às empresas acessarem seus direitos e cumprirem suas obrigações de
forma simples”.